Capítulo 01

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— Shouyou, o que acha de darmos uma volta? — Perguntou ao seu filho, enquanto se encostava no batente da porta, que estava distraído com a sua bola de vôlei, a jogando para cima. — Precisa se distrair com outra coisa que não seja essa bola, vamos lá.

Shouyou se levantou da cama e seguiu seu pai para fora do quarto, passando pela sala, onde sua mãe e irmã caçula estavam brincando com algumas panelinhas e xícaras, que pertenciam a menor.

— Vamos sair para caminhar, voltamos antes do jantar. — Disse o mais velho, pegando seu casaco e as chaves de casa, enquanto ainda era seguido pelo filho.

Saindo de sua residência, Shouyou ficou ao lado do pai enquanto caminhavam até o parque, lugar que não era muito longe dali, sempre que podiam saiam para ir até lá, apenas com a companhia um do outro.

O parque era cheio de árvores, tendo nelas vários passarinhos que cantavam a vontade, durante o fim de tarde.

— Já pensou para qual faculdade vai? — Perguntou o alfa, quebrando o silêncio que não era comum entre os dois.

— Vou para a Karasuno, lá não tem tantos alfas e sim é cheio de betas e ômegas, como eu. — Aquele não era bem um assunto que gostava de falar, afinal, sempre odiou ter que se proteger de alfas, pois acreditava que não deveria viver com o medo constante que assolava todos, não somente ele. — Não vou precisar me preocupar lá, e a mamãe se sentira mais aliviada.

Shouyou sabia que era tudo pro seu bem, mas também se sentia injustiçado, tendo que optar pela mais segura ao invés da que lhe desse o melhor, pois era mais frequentada por alfas, mas não podia contestar tanto.

O tempo passou em instantes. Eles conversaram sobre várias coisas, enquanto caminhavam e comiam pipocas, coisa que faziam toda vez que iam ao parque, sendo como uma "tradição" para os dois.

— Já está escurecendo, vamos voltar pra casa antes que sua mãe tenha algum ataque. — Falou em meio a um sorriso, fazendo o ômega soltar uma risadinha.

Estavam rindo junto em meio a suas conversas, quando foram atravessar a rua, cuidando para que o sinal estivesse aberto para eles. Shouyou ia na frente, andando de costas, enquanto fazia suas graças.

Em algum momento, surgiu um carro em uma velocidade exagerada, quando peecebeu, Shouyou havia sido empurrado com força, enquanto seu pai foi atingido pelo veículo e voou com a força da colisão, caindo ainda consciente no chão.

Shouyou correu ao encontro do pai, sem perceber ou ligar para o fato de já estar com os olhos marejados, quase transbordando as lágrimas.

— P-pai...Não...— Disse em meio a soluços. — P-por favor, l-levanta... — Já não controlava nenhuma de suas emoções, apenas gritava desesperado por ajuda.

Aos poucos sentia a presença de seu pai sumir, quando se deu conta, lembrou de sua mãe e da marca compartilhada entre eles.

— A-a m-mamãe...— Disse ainda olhando para seu pai, que apenas sorriu como sempre enquanto o olhava, logo o sorriso foi desmanchado, quando cuspiu mais sangue.

— Cuide...da...Natsu...— Essas foram suas últimas palavras, antes de fechar os olhos.

Já estavam quase em casa, então apenas se levantou e correu, como se não ouvesse amanhã.

Tentava conter as lágrimas, uma coisa que com certeza não conseguiria.

Chegou abrindo a porta, vendo sua mãe inconsciente, enquanto sua irmã tentava acorda-la a sacudindo, em meio a lágrimas e soluços.

— M-mamãe...A-a-acorda!...

O ômega correu ao encontro da mais nova, a abraçando, se encontrando não muito diferente da pequena. Ela se debatia para se livrar do abraço e voltar a sacudir a mãe.

— N-não, Shouyou! A mamãe tem que acordar. — Disse desesperada.

— A mamãe não vai acordar, Natsu... — Shouyou tentava acalma-la com seus feromônios, mesmo eles estando desestabilizados.

— Ela precisa acordar! — Gritou, logo aceitando o abraço de seu irmão e ficando um pouco mais calma, escondendo seu rosto no peitoral do mais velho.

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Ali estava Shouyou, abraçado a irmã, enquanto olhavam para dois quadros rodiados de flores coloridas. Dentro de si só havia angústia. O que faria a partir dali? Como prosseguiria com os estudos e uma irmã de 10 anos? Seus pais haviam deixado uma quantia considerável, em sua conta também tinha pelo menos uma pequena parte para pagar a faculdade, mas teria que arranjar um emprego o quanto antes, pois não viveriam só daquilo.

— Shouyou...— Chamou Natsu, com os olhos vermelhos, por conta de seu choro constante, tirando o irmão do seu pequeno transe, que demorou para olha-la. — Eu vou sentir falta deles... — Disse manhosa, enquanto seus olhos voltavam a se encher.

Shouyou sorriu olhando a pequena, também sentia vontade de chorar, mas não o faria.

— Eu também vou, Natsu...Também vou. — Após pronunciar aquelas palavras, sentiu a garganta doer novamente, já desgastada, com a boca seca. — O que acha de irmos ao parque, como faziamos com o papai? — Limpou as lágrimas da mais nova, ainda sorrindo ternamente para acalma-la. Ela apenas assentiu, tentando sorrrir.

Levantaram daquele chão frio e gelado, apenas dando as mãos e saíram do funeral de seus pai, afinal, amigos da família e até mesmo alguns de Shouyou já haviam ido embora a horas, e não tinham parentes, dado que seus avós maternos já haviam morrido e os paternos não conseguiriam vir, e seus pais eram ambos filhos únicos.

Só havia os dois agora. Estavam sozinhos.

Eles passeavam pelo parque, lembrando de todos os momentos que viveram ali, principalmente Shouyou, que só sentia cada vez seu coração pesar mais.

Quando Shouyou se deu conta, estavam em frente a quadra de vôlei, onde tantas vezes havia jogado com seu pai. Alguns meninos aparentando ter a mesma idade que si, jogavam ali.

— Podemos sentar e assistir o jogo, um pouco. — Disse Natsu, olhando para o irmão que estava concentrado demais com algo na mente.

Shouyou assentiu levemente, com um sorriso de canto em seus lábios. Apesar da pouca idade, Natsu é muito inteligente e perceptiva. Provavelmente se descobriria Alfa, alguns anos mais tarde, pensava o ômega.

Eles se sentaram em um dos bancos que ficavam ali, olhando para as jogadas.

Shouyou desejava jogar. Mas não apenas jogar com qualquer um, e sim com seu pai, assim como faziam desde que se entendia por gente. Mas sabia que isso nunca mais aconteceria. Quando percebeu, Natsu estava de pé em sua frente, com um leve sorriso de canto, parecido com o seu, afinal, o puxaram de sua mãe, a pequena estava limpando as lágrimas que escorriam dos olhos de seu irmão, que nem havia percebido, o que o fez soltar uma pequena risada com as bochechas levementes em um tom coral, sentindo-se envergonhado, afinal, era o mais velho ali.

Ele abraçou a pequena, dando-lhe um beijo no topo de sua cabeça. Voltou a olhar Natsu, desmanchando o abraço.

— Vamos voltar pra casa. — Falou pegando a mão de sua irmã, já se levantando para irem embora.

A partir dali, sua jornada ficaria cada vez mais difícil, com muitos obstáculos a sua frente, mas os encararia com tudo.

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como havia dito, o capítulo de hoje não seria algo muito comprido. Ao contrário dos outros que vem por ai.
aceito qualquer crítica, desde que seja construtiva, sem ofensas.
até a próxima <3

𝚃𝚑𝚎 𝙲𝚛𝚘𝚠𝚜Onde histórias criam vida. Descubra agora