The Beggining

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- Nana, neném, que a cuca vai pegar, mamãe foi pra feira, papai foi trabalhar... - canto tão suave que só faltava as notas saírem da minha boca, junto com a pauta. Cubro o bebê Adam e dou um beijinho na sua testa.

- Mas...se papai foi a feira e mamãe foi trabalhar, quem está cantando...? - Roger aparece na porta, tomando um toddynho com um canudo que mal cabia na boca dele e olhando para a gente.

- BUÁÁÁ! A CUCA VAI ME PEGAR!!! - Adam chora desesperado e eu sento na cama, o abraçando.- Roger, era só uma canção!

Bem, essa é a minha família. Temos Roger, meu amor todinho e pai dos quatro nenêns.

- Três palavras que me definem? - faz uma pergunta retórica, com a perna cruzada e cigarro na mão - Hm...Inteligente, chato e arrogante...por mais que eu não admita o último.

Conheci o Roger em 1963 através do irmão da minha melhor amiga, Nick Dylan. Eles se conheceram no Politécnico de Londres, enquanto estudavam arquitetura. Ele me convidou para assistir um show da banda deles, que na época era o Sigma 6. Topei e no final, me apresentou a todos os outros. Devo confessar que ele me chamou a atenção no show, sua presença (e altura) é realmente cativante...

Desde do começo, sempre me dei muito bem com o Roger, apesar que Nick tinha receio de que ele fosse grosso ou algo do tipo comigo, como ele mesmo dizia, Roger era um "bad lot" (devo concordar, mas pelo menos comigo ele foi bomzinho).

Um fato engraçado entre eu e Nick, é que seu pai, Bob, sempre quis que eu namorasse seu filho, mas nunca rolou. E na minha vida amorosa, não tive muitas paixões, Roger foi meu primeiro namorado. Mas isso não quer dizer que eu nunca tinha beijado e transado.Enfim, assim como entre ele e Nick, nossa amizade surgiu por conta de gostos parecidos. Um garoto sensato, me tratando bem e conversando comigo sobre jazz e movimentos políticos, perfeito!

Depois daquele show, marcamos outros encontros, alguns com os meninos da banda, outros com ele, Magiu e seu irmão...Até que tivemos nosso primeiro encontro, que contarei depois.Éramos aqueles amigos que as pessoas acham que namoram. Sempre desmentíamos, negando com a cabeça, com os rostos corados e dando risadas. Até que, um ano depois, admitimos um pro outro o óbvio...foi engraçado.

- Bea... - Roger me chama pra um canto na festa - Eu preciso aproveitar esse momento pra contar...

- Ah, oi, Roger. Estava procurando você pra falar algo, mas pode contar primeiro...

- Tá, eu...gosto de você. - ele diz, com um copo na mão e se apoiando na parede, perto de mim.- ... - não respondo, apenas dou uma risada. - Gosta...gosta?

- Sim...É... - ele começa a ficar nervoso e bater o pé, deve estar pensando que não levei a sério. - O-o que você ia dizer mesmo?

- Eu também gosto gosto de você...

- É mesmo? - ele me olha surpreso, com as sobrancelhas levantadas.

- Sim, seu bobo. - risada - Não vê que estou caidinha por você? Fico ansiosa pra ouvir meu telefone tocar e ser você, penso em você todo momento e sorrio como se estivesse vendo um Elvis no palco!

- Oh... - ele sorri e acaba rindo no final - Eu me sinto do mesmo jeito, Nick me atura o dia todo falando sobre suas palhaçadas...e o quanto você é...fofinha. - ri envergonhado.

- Sou? - sorrio. - Sim, muito... - ele toca em um dos meus cachinhos e acaricia minha bochecha com o polegar - A senhorita... - diz enquanto ri - permite que eu a beije?- Claro que sim! - e ele se aproxima, se encurvando um pouco e me beija. Meus amigos, eu não senti borboletas no estômago, eu senti todo o ecossistema! Depois de um tempinho, nos afastamos e começamos a rir. Vejo Magiu olhando e cochichando pra Nick. Roger estava todo vermelho e eu imagino que eu estava também.

 - E o que você ia dizer...?

- Me esqueci... - risada - O beijo me distraiu!

Waters - A História DefinitivaOnde histórias criam vida. Descubra agora