PRÓLOGO

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      O céu noturno era o cenário favorito de Ethal e Niel.

 Eles haviam saído da embarcação pequena a pouco mais de duas horas e com a sorte do caminho tranquilo, já estavam próximos às imediações do castelo de Killenea. Haviam sido chamados pelo próprio Rei para tratar de negócios e seriam bem remunerados, então a demora da viagem não era um fator muito problemático. Pouca cavalgada a mais e foram barrados no portão do grande castelo.

-Identifiquem-se. –Disse um dos seis sentinelas ali. Um Rape. Todos apontavam lanças de metal negro para eles, mas não os assustou. Niel e Ethal saíram dos cavalos-alma, vendo os animais sumirem como fumaça no mesmo instante.

-Somos os Caçadores Eternos. Fomos convidados a entrar, então... Prefiro que nos deixem passar por bem. –Niel começou, se aproximando deles. Os olhos de ambos brilhavam num amarelo vívido. Os sentinelas sabiam o que aquilo significava, pois logo baixaram as lanças e deram passagem. Antes mesmo de eles abrirem o portão, Niel e Ethal a abriram com um simples toque de dedos na mesma.

Claro que os outros não ficaram observando. Era um perigo tremendo para qualquer um irritar um Caçador Eterno.

    Ao estarem dentro das imediações do palácio uma vez, Ethal se comunicou mentalmente com o parceiro.

-"Acha mesmo que era necessário ser rude com os Sentinelas? Nós iriamos entrar de qualquer jeito, Niel."

O ruivo o olhou de canto, deixando visível apenas para ele sua expressão de irritação. Por sorte de Ethal, ele sentia que Niel não estava irritado consigo quando o mesmo também o respondeu mentalmente.

-"As coisas funcionam na marra por aqui, Ethal. Não estamos em Jubrah. E eu não gosto disso."

A pequena conversa fora interrompida quando eles chegaram enfim a sala do trono e o Rei, que já os esperava, os cumprimentou. A Rainha permanecia estranhamente calada, porem parecia um raio de sol pelas suas doces expressões. A barriga denunciava uma gravidez próxima ao fim, mas sua palidez era um tanto preocupante.

-Niel Redguard e Ethal Eclipsy, os novos Caçadores Eternos. É um prazer conhece-los. Eu os convoquei aqui para uma missão.

-Sinceramente, isso você disse na carta de fogo. Vamos logo ao ponto, que tal? –Niel, afiado como sempre, cortou as exageradas formalidades. Era claro que aquela resposta havia desagradado o Rei, mas este como humano sabia que deveria tolerar qualquer coisa que Niel dissesse. –Você precisa de um Jumpy Arlequim, certo?

-Sim. Temo pela saúde do meu filho já que minha esposa não tem estado bem de saúde nessa gravidez. Um Faerys desse tipo tem um sangue útil para remédios e é um bom cuidador.

-Jumpy Arlequim é uma raça rara. Vamos cobrar mais por isso, mas garantimos um eficiente. –Ethal completou o que Niel diria. Era um trabalho sujo, mas útil. Pagava os desejos de ambos e admitiam que os divertia. –Dependemos apenas do tempo. Arlequins não saem no sol pela pele sensível, mas são sim os melhores em cuidados e experimentos...

-Pai! Mãe! A Mietti se machucou! Ela estava... Ah... –Uma pequena garotinha, aparentando seus cinco anos, entrou correndo pelos corredores laterais em direção aos monarcas. Eles sabiam ser a primeira filha daqueles com quem conversavam, logo sua principal herdeira do trono. A menina parou assim que teve os olhos combinados dos Caçadores sobre si. Ela parecia mais impressionada que assustada. –D-desculpe...

-Volte para onde você estava Sarah. Isso não é assunto para você. –O Rei foi seco ao responder, notou Ethal. Parecia desaprovar ter tido, como herdeira primaria, uma mulher, e isso ficava quase estampado na testa dele aos olhos de Niel. Mas a Rainha abriu um sorriso contagiante ao abrir os braços para receber a filha no abraço. A menininha não se demorou muito ali, chegando timidamente próxima a Niel.

O Coração do Mar FrioOnde histórias criam vida. Descubra agora