Sabe aquele dia em que você só quer ouvir Marília Mendonça e arrastar o chifre no asfalto? Pois é, eu estava assim.
Havia acabado de ver minha namorada com outra. Bom... acho que ela não é mais namorada. A gente é iludida, mas não trouxa.
O mundo desmoronou na hora, parecia que todo meu mundo estava caindo, sentia tudo a meu redor rodar... talvez fosse o chifre que estivesse pesando e eu fiquei desequilibrada na hora. Eu sei, você está rindo da desgraça alheia.
Continuando, eu encontrei minha EX com outra, poderia ter brigado com a moça que estava se metendo em meu relacionamento, porém eu sei onde é meu lugar. A dita cuja era tão forte que eu não aguentaria 1 minuto no ringue e com certeza iria parar no hospital.
Como não queria correr esse risco, recolhi a minha insignificância e comecei a perambular pela cidade. Queria afogar as mágoas... queria falar para alguém sobre o quanto estava sendo doloroso lidar com o peso que eu carregava em minhas costas (cabeça).
Andei algumas quadras até que avistei um bar que não era conhecido por mim.
Eu não entendia de bares, mas naquele momento, achava que isso iria me aliviar.
Entrei e me sentei em uma mesa perto da porta. Eu não era conhecedora de bares, mas achei aquele incrível.
Alguns quadros com bandas de rock estavam expostos na parede. Havia uma decoração mais anos 80. Fiquei olhando para cada detalhe na parede até que uma mão delicada tocou o meu ombro.
Ao me virar, eu me deparei com uma bela morena e isso fez os meus batimentos se acelerarem. Eu sei... minha vida amorosa é realmente mais rápida que o relâmpago mcqueen.
— Olá, você deseja alguma coisa? – ela indagou com uma voz que invadia meus ouvidos e fazia uma confusão surgir em meu íntimo.
— Você... – respondi sem pensar e ela riu. – Uma bebida... quente... que faz a gente esquecer todos os problemas – falei e ela riu de novo.
— Acho que sua intenção aqui não é só beber – ela disse e já comecei a ficar confusa, pois eu nem sabia mais o que estava querendo. Se era a bebida ou ela.
— É sim. — Ajeitei-me na cadeira. – Eu não tive um dia fácil.
— Imagino que não. Ninguém vem aqui neste horário sozinho quando não tem algum problema – ela disse e se sentou na cadeira em frente. Fiquei surpresa com a atitude dela. – Me chamo Fernanda e você?
— Van
— De Vanessa?
— Não, de Vanilza mesmo – respondi e ela riu. Achei aquele sorriso realmente perfeito.
Depois das apresentações, ficamos um tempo em silêncio. Isso me permitiu reparar em Fernanda. Não sabia quantos anos Fernanda tinha, no entanto ela aparentava ter mais de 25. Ela era morena, tinha algumas tatuagens pelo corpo que combinavam com seu estilo e acredito que personalidade também. Ela não era magra, era realmente fora dos padrões que vemos por aí. Tinha um olhar marcante e usava alargadores nas orelhas.
— Você é a dona? – perguntei.
— Sim, já faz um tempo. Eu gosto, a verdade é que sempre sonhei em ter um bar. – Ela deu uma pausa. – Mas por que você procurou um bar a esta hora do dia?
— Acho que não devo ter cara que frequento esse tipo de ambiente— disse e afundei os meus óculos ainda mais em minha face. Não me descrevi, mas sou morena, tenho 25 anos, costumo usar roupas masculinas e tenho um estilo bem nerd mesmo.
— Bom... acho que para ir a um bar, não precisa ter cara. Mas me diga, o que houve?
— Eu encontrei minha namorada com outra – respondi um pouco sem jeito.
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A Dona do Bar
Short StoryApenas um conto meu. * Todos os direitos reservados. *Plágio é CRIME! * NÃO autorizo ninguém a copiar e publicar qualquer parte de minha história em outro lugar.