Capítulo 43 - Casa de praia

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Apagou, ela simplesmente tinha apagado de sua mente tudo o que tinha feito antes de começar toda a história com Matt. Mas ali estava uma lembrança muito clara do início de tudo, a prova cabal de que, embora ela tivesse superado seu desejo de vingança, ele não tinha a superado e estava prestes a cobrar as consequências do que ela tinha feito.

Estava sentada no sofá, sem conseguir parar de encarar o papel, embora as vistas nubladas pelas lágrimas não lhe permitissem ler mais nada. Não que precisasse, ela já tinha decorado as palavras. Foi então que se lembrou que, assim como decidiu sozinha que iria se lançar em uma vingança contra todos que lhe humilharam enquanto era gorda, também decidiu sozinha que iria deixar isso de lado para se dedicar a Matt.

Acontece, que Sam não tinha considerado um detalhe bem importante. Ela não tinha considerado o fato de que, a partir do momento que tirou seus planos do mundo da imaginação e transformou-os em ações da vida real, deixou de ter o poder total sobre suas decisões. Ela envolveu pessoas. Caçou seu laptop no fundo do armário, aquele que usava para hackear seus alvos e onde guardava todas as informações e registros do que tinha feito. Não um, mas pelo menos uma dúzia de homens tinham sido alvo de sua vingança, enganados e humilhados. Qualquer um deles podia ser o autor daquele bilhete, talvez mais de um, talvez todos eles.

Sam se amontoou no sofá, agarrou os joelhos e chorou como uma criança abandonada. Estava apavorada e decepcionada consigo mesma. Justo ela que sempre se achara tão esperta e inteligente, tinha cometido erros tão ridículos em todo esse processo. Claro, ela escondeu seus rastros, ela usou nomes falsos, mas havia um rosto em comum para todas essas mulheres que ela foi.

Depois de algumas horas e de ter chorado provavelmente todas as lágrimas que tinha no corpo, Sam olhou para o celular com várias ligações e mensagens perdidas de Matt. Prometi levar um jantar gostoso para nós, mas talvez tenha alguém me esperando do lado de fora para me matar. Pensou.

Deixa de ser louca, tá bom, provavelmente algum daqueles idiotas descobriu quem você é e resolveu dar um pitizinho, mas isso não significa que vai acontecer alguma coisa. Disse aquela voz em sua cabeça. Além do mais, você está praticamente vivendo naquela torre de cristal agora, não vai acontecer nada, só relaxe. Consolou a si mesma.

Levantou-se de supetão, foi até o banheiro lavar o rosto, alinhou-se, respondeu a última mensagem de Matt, pegou o precisava e saiu. Não, nada iria acontecer, ela estava segura.

As semanas se passaram e as coisas, aos poucos foram entrando nos eixos

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As semanas se passaram e as coisas, aos poucos foram entrando nos eixos. Como Sean previra, a receita federal foi influenciada pela opinião pública e tirou todas as acusações da Hunter House, passando a acusar apenas a empresa terceirizada, cujo processo também seguia o caminho que Sean tinha previsto. O que significava que, até aquele momento, tudo ia como planejado pela visão otimista.

Matt ainda sentia como se andasse por aí carregando uma bola de ferro presa ao pé, mas a sensação ruim foi, aos poucos se tornando menos perceptível, não que ela estivesse passando, talvez ele só estivesse se acostumando a conviver com aquele fantasma sempre rondando ao seu redor.

O estresse de antes tinha esfriado sua relação com Sam, tanto que desde sua noite no hotel, no dia da comemoração, os dois não transaram mais. Matt continuava com a cabeça presa em seu caso e pensou que talvez estivesse deixando-a tensa também, mas não sabia que ela estava sem conseguir pensar em outra coisa além do bilhete que recebera.

Agora, com a rotina na agência voltando ao normal, Matt sentiu que era hora de retomar sua vida, não queria estragar as coisas com ela, então decidiu convidá-la para uma viagem de final de semana. Era verão e Matt tinha uma casa em Hamptons, então achou que seria bom ir para lá relaxar um pouco. Sam concordou, também achou que já era hora de deixar para lá toda a história do bilhete, afinal, depois de quase um mês nada mais tinha acontecido, provavelmente tinha sido só aquilo mesmo, uma ameaça vazia.

Claro que ela não tinha compartilhado a história com Matt, além de ele já ter os próprios problemas com que se preocupar, não fazia ideia do que Sam fizera antes de reencontrá-lo e ela se sentia envergonhada só de pensar em compartilhar com ele tudo aquilo, então, achou melhor guardar para si. Fosse o que fosse, de qualquer maneira, ela teria de enfrentar sozinha.

A casa de Hamptons era tão clichê quanto todas as outras coisas na vida de Matt, mas Sam não podia negar que era linda, enorme, com grandes pilastras no estilo grego, toda aberta, bem do tipo casa de praia dos sonhos onde você adoraria passar a ve...

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A casa de Hamptons era tão clichê quanto todas as outras coisas na vida de Matt, mas Sam não podia negar que era linda, enorme, com grandes pilastras no estilo grego, toda aberta, bem do tipo casa de praia dos sonhos onde você adoraria passar a velhice tomando margaritas com os pés afofando a areia branquinha da praia.

- Gostou? - Matt perguntou enquanto Sam olhava admirada para o hall de entrada.

- É linda! - Admitiu.

- É engraçado.

- O que?

- Eu comprei essa casa há três anos e essa é a primeira vez que venho para passar um final de semana aqui.

- É mesmo? Por quê?

- Acho que nunca tive tempo, as poucas horas que tinha acabava ficando por Manhattan ou em casa.

- Ah qual é, você nunca trouxe ninguém aqui?

- Sim, é verdade, assim que comprei a casa eu passei um feriado aqui com minha mãe e meu irmão.

- Hm... - Sam hesitou. - Você não costuma falar muito deles. - Na verdade Matt nunca falava deles, depois que soube da história de sua família, ele nunca mais os mencionou a Sam.

- Não, não costumo. - Ela desviou o olhar, parecendo um pouco desapontada, mas sem dar indícios de que continuaria o assunto. - Na verdade, eu acho que é só minha forma de protegê-los. - Ele se justificou. - Quanto mais mantenho os dois longe de todas as minhas merdas, mais sinto que, independente do que acontecer comigo, minha mãe e meu irmão nunca mais vão precisar sair do conforto deles. Eu não suportaria tirar o Jamie da casa que ele adora em Jersey, do ateliê que ele tem para fazer sua arte e nem a minha mãe... Quer dizer, eu sei que ela também sofreu por ter sido tachada a vida toda como uma atriz pornô, ela foi reduzida a isso sabe, todo o resto que ela fez para cuidar de mim e do meu irmão se apagou por causa daquele maldito filme. - Sam o abraçou. Meu pobre Matt, você também carrega tantas feridas. Pensou.

- Eu não estava cobrando nada, entendo se não quiser falar sobre eles, também não sou o livro mais aberto do mundo em relação à minha família não é? - Ela riu, sem graça.

- É verdade, eu não sei a sua história, Sam. - Ela deu de ombros, concordando. - Já sei... que tal se esse final de semana a gente desligar de tudo, a gente não assiste TV, não passa nem perto da internet e aí vamos nos sentar na praia e realmente tirar os nossos demônios de dentro do armário. Claro que vamos ter um monte de bebidas e comidas gostosas por perto caso a gente fique muito depressivo. - Ela sorriu, sem muita certeza sobre aquilo, mas sentiu que ele realmente precisava conversar, então aceitou.

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*Palmas para a constância das minhas atualizações que estou voltando aqui com menos de uma semana hein...rs. Me arrisco a dizer que agora engrenamos e as atualizações serão mais constantes, então, please, deixem seus votos e comentários para dar uma força para a titia.

Beijão!

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