PONTO DE PARTIDA

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Eu estou com medo, medo de aprender coisas novas, de criar novos hábitos, de conhecer novas pessoas, medo de criar novas raízes. Medo de gostar daqui.

Estava fazendo um lindo dia de sol em Lima, Ohio. Dava pra ouvir os pássaros batendo as asas até o topo das árvores, a brisa fresca, e o cheiro da grama verde na frente da minha nova casa. Minha mãe e eu, estamos nos mudando do Texas, onde tudo era simples. Morávamos em uma pequena fazenda. Tirávamos o leite fresquinho das vacas duas vezes por semana, e depois a minha mãe fazia os queijos que ela vendia pra pequena vizinhança dali. A comida era farta, e acordar com o som dos animais já de manhã cedo, era um privilégio, mas eu sabia que agora eu não teria mais.

Com as caixas ainda espalhadas sobre o meu quarto amarelo, eu me sento no encosto da janela francesa e encosto meus joelhos em meu peito e com a cabeça baixa, começo a chorar, já com saudades da fazenda que eu nunca mais veria.

Com as caixas ainda espalhadas sobre o meu quarto amarelo, eu me sento no encosto da janela francesa e encosto meus joelhos em meu peito e com a cabeça baixa, começo a chorar, já com saudades da fazenda que eu nunca mais veria

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- Querida?
Minha mãe bate na porta.
- Eu trouxe um chocolate quente pra você
- Mas mãe, hoje está quente pra um chocolate quente.
- Eu sei, mas quando você fica assim, nada melhor do que um chocolate pra te animar um pouquinho.
Ela se aproxima e se senta na minha frente
- Eu sei que vai ser difícil agora, mas depois você se acostuma.
- Mas eu não quero.
Eu a olho.
- Eu quero voltar pra fazenda, pro silêncio, onde a gente vivia sempre juntos
Ela põe a  xícara de chocolate no chão e depois segura a minha mão.
- A gente vai continuar grudadas, eu prometo Rachel. Vamos ser muito felizes aqui.
- Éramos felizes, mas na fazenda. Eu até agora não sei porque a gente veio pra cá.
Um silêncio toma conta do quarto.
- Você deve ter percebido que eu e seu pai , estávamos brigando muito, ele já estava cansado da Fazenda e queria um futuro pra você.
- Eu não queria um futuro, eu não queria estar aqui, eu quero meus amigos, quero os animais.
Meus olhos já brilhavam novamente prontos para desabar.
- Eu sei, está sendo difícil também pra mim, mas eu te prometo que vai ser bom. Eu vou estar aqui com você. Vamos continuar sendo uma família feliz, com novos objetivos. Você vai poder trabalhar em uma grande loja, vai conhecer coisas novas, conhecer novos amigos...
- Você pode me deixar sozinha, por favor?
Viro a minha cabeça pra janela, observando a rua deformadas como um  borrão por causa das lágrimas não exugadas. Sinto uma mão sobre o meu cabelo, e recebo um beijo na testa logo em seguida.
- Eu detesto tudo isso. Queria que tudo explodisse
Sussurro pra mim mesma enquanto percebo uma movimentação no gramado do vizinho da frente. A porta da entrada se abre, saindo dois homens  usando macacões escuros andando até uma caminhonete velha, com uma propaganda de uma oficina. O homem mais velho, era careca e meio barrigudo, e perto do outro cara, ele parecia mais um anão. O outro homem, era alto, bem alto. Ele tinha o cabelo castanho bem bagunçado, até parecia que ele tinha acabado de acordar. Ele tinha um sorriso fofo, que quando ele sorriu, sem perceber, eu sorri também. Eles entraram na caminhonete velha, e saíram.

Na mesma hora, eu levantei e comecei a arrumar as minhas coisas. Fiquei até a noite no meu quarto tirando as coisas das caixas.  As minhas estrelas que brilhavam no escuro, já estavam no teto em cima da minha cama. Os meus porta  retratos, estavam ao lado da minha cama, e as minhas roupas já estavam passadas e dobradas no pequeno closet. 

Já estava na hora do jantar, e como de costume, eu vou até a cozinha ajudar a minha mãe a preparar a comida. Meu pai estava na sala assistindo a televisão que ele havia comprado logo que chegamos a Lima. Era uma novidade pra ele. Enquanto ajudava a minha mãe a cortar os legumes, o som da campainha toca, e me ofereço a atender , mas a minha mãe vai até a porta e a abre. Eu fico na cozinha terminado de cortar e temperar a comida, até que eu ouço a minha mãe me chamando. Deixo a cozinha e vou até a porta.

- Querida, esse aqui é o Sr. Burt Hummel, e o seu meio filho, Finn Hudson.

Eles estavam de em pé na sala. Ele eram os dois homens que eu havia visto na janela daquela manhã.

- Então você é a menina prodigio que a sua mãe havia nos contado!

O homem careca e barrigudo diz em empolgação. Eu apenas sorrio.

- Esse aqui é filho da minha mulher, que eu considero como o meu filho de sangue. Acho que você e o Finn, vão  ser grandes amigos.

Ele fala e o menino gigante do lado dele acena e da um sorriso torto pra mim. Ele parecia meio perdido e atrapalhado.

- Obrigada, Sr Hummel.

Sorrio e dou uma olhada mais uma vez pro garoto do seu lado. Ele estava me olhando também e com isso, eu desviei imediatamente o meu olhar pra minha mãe.

- Vocês gostariam de ficar pro jantar ? Hoje é porco assado.
Meu pai diz pro Sr Hummel.

- Adoraríamos, mas temos que ir pra casa. Acabamos de chegar da oficina e estamos todos sujos e fedido. Nós viemos aqui só pra dar as boas vindas pros novos vizinhos

- Tudo bem então, mas gostaríamos que vocês ficassem um dia pra um jantar.
Minha mãe diz com a sua doçura que só ela sabia como ser, mas o meu pai não parecia gostar desse lado, como eu gostava.

Eles comprimentaram os meus pais e depois a min. Quando foi a vez do Finn, ele ficou nervoso e me sussurrou pra mim que a mão dele estava com graxa. Eu disse que tudo bem, e apertei a sua mão, que como o seu corpo, era bem grande.  Olhei pra minha mão e vi a ponta dos meus dedos com graxa, ele me pediu desculpas e eu sorri com a sua cara de perdido, e disse que não precisava se desculpar .Sorrimos um para o outro. Ele se afastou e junto com o seu padrasto, foram pra sua casa bem em frente a nossa.

Talvez Lima não era tão ruim assim. Penso olhando os meus dedos com graxa.

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⏰ Última atualização: Jun 29, 2020 ⏰

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