O Tempo inteiro era você

Segundo Capítulo

                              JACOB  

Seis meses morando juntos. Ainda não sei o que pensar sobre isso. Não que seja algo ruim, Kiara é minha melhor amiga desde que eu me entendo por gente, crescemos juntos. Vivemos um na casa do outro, mas  nunca moramos juntos.  Ai vocês me perguntam "Mas se ela é sua melhor amiga, qual o problema de vocês morarem juntos?". O problema é que ela não é só a minha melhor amiga, ela é uma mulher linda demais para o minha saúde mental. Kiara sempre foi linda, tem uma beleza que se compara a de um anjo, é assim que a vejo. Mas agora ela já é uma mulher, e bom, eu não sou cego. Me sinto bem perto de Kiara, é como se eu estivesse em paz toda vez que ela está comigo. Não acho que seja um sentimento amoroso, é como família. Afinal ela é parte da minha vida.

Vamos ver o que sairá desses seis meses, não será fácil, somos amigos, mas estamos sempre divergindo em muitos pensamentos. Se morando separados já estamos sempre discutindo, imagine agora que vamos morar sob o mesmo teto. Sorrio com o pensamento, até que não é má idéia. Irritar Kiara é engraçado, ela fica parecendo uma criança emburrada, mas nem sempre é muito legal. Tem dias que ela tá virada.

Depois do almoço em família eu fui para casa, mas agora estou em uma praça perto de casa esperando Kiara voltar com o sorvete que ela foi comprar, a garota é fissurada em sorvete. sério. É de assustar a cara de psicopata que ela faz quando vê um sorvete. Enquanto ela não volta eu aproveito para tirar fotos de tudo que posso. Tirar fotos não é só ter ângulo, prática e apertar um botão. Tirar fotos é ver além do que a lente mostra, é ver além do que nossos olhos enxergam. É sentimento. Eternizar não só o momento, mas o que ele expressa.

Eu sou apaixonado por fotografia desde os meus sete anos de idade, quando tia Karen me levou para ver um ensaio de um casal de idosos que ela iria fotografar, fiquei encantado com as fotos, e desde então eu não tive mais dúvidas que queria fazer disso minha profissão. Estou sempre com uma câmera fotográfica, não importa onde eu esteja, onde eu vá, sempre levo uma comigo. Gosto de eternizar momentos, sejam meus, da minha família ou de desconhecidos que não se importam de ser fotografados.

Estava observando o parque pela câmera, tentando capturar algo que transmitisse algum sentimento quando Kiara volta com o sorvete na mão. Enquanto ela caminha em minha direção um beija-flor passa por ela e ela olha para cima sorrindo. Aperto o click no exato momento em que a luz bate em seu rosto e ela fecha os olhos ainda sorrindo, um sorriso Genuíno e inocente de quem só está aproveitando o momento.

Depois da foto continuo observando a cena. Em um momento está tudo perfeito, quando ela volta a si para caminhar em minha direção acontece um pequeno desastre, um cachorro passa por ela e rouba seu sorvete, fazendo-a dar um pulo e gritar com o susto. Eu caio na gargalhada enquanto ela reclama com o bicho, como se ele a entendesse.

— Ei, seu ladrãozinho de sorvete desalmado, volte aqui! — exclama com as mãos na cintura olhando na direção que o cachorro correu, mas sua expressão é apenas de pesar pelo seu sorvete. Ela não consegue sentir raiva dos animais, sorte deles. Ela bufa e vem em minha direção, dessa vez me olhando brava vendo que eu estou rindo. — Está achando linda está tragédia, não é? Pois saiba que você vai me pagar um sorvete.

— Quê? Por que eu tenho que te pagar um sorvete se foi o cachorro que comeu? — indago olhando para ela em extrema confusão quando paro de rir.

— Porque você está se divertindo com a boba da corte aqui, meus serviços não são de graça. — ela diz me dando língua e depois sorri e faz cara de pidona.

— Tá bom, Kiara. Vamos, daqui a pouco começa a chover, o tempo está fechando. Vamos comprar sorvete e iremos para casa. — passo um braço por seus ombros e caminhamos novamente em direção à sorveteria. Ela me convence a comprar um pote enorme de sorvete, porque, segundo ela, a casquinha poderia causar outro acidente. O que essa garota me pede que eu não faça? Ainda não sei.