Polaroid Boy

Capítulo Único

Fazem exatos quatro anos exatamente hoje, do dia em que eu estive em seus braços e pertenci a ele durante poucas horas. Pode parecer ridículo marcar este acontecimento da minha vida, mas foi especialmente ele quem me mudou, que influenciou tanto para que a persona que assumi fosse criada.

Você sempre será o garoto nas polaroides
Você sempre será a razão pela qual eu sou nulo
Você sempre será meu primeiro amor
E a razão pela qual mais ninguém parece suficiente

Eu serei para sempre marcado e cauteloso
Eu sempre saberei amar tão duro e assustador
Mas eu nunca serei o que você sente falta

Você me machucou
Quando eu te amei
Tão abnegadamente
Bem, eu te desejo bem
Mas em noites como estas eu gostaria de nunca ter caído
Eu desejo nunca ter caído

Niki – Polaroid Boy.

17 de maio de 2016.

Fitei meu celular na maior dúvida, insegurança e medo de mandar aquele simples 'Oi'. Bloqueei a tela novamente deixando o aparelho em cima do peito assim como minhas mãos entrelaçadas. Meu olhar perdido estava voltado para o teto do quarto pequeno.

Eu sabia que não teria a coragem necessária para mandar mensagem, ainda mais para ele. Jeon Jungkook era como uma celebridade naquela escola, lindo, inteligente, resumido em quase perfeito e tão inalcançável. Inalcançável especialmente para Park Jimin, o garoto esquisito que é obrigado a usar óculos e sentar-se na frente por possuir maior dificuldade de aprendizado. O garoto que é constantemente alvo de bullying dentro daquela sala de garotos e garotas esteticamente perfeitos, todos com seus corpos moldados como os de bonecas marionetes, tão lindos e magros. As lágrimas quentes ameaçavam a escorrer dos meus olhos cheios, mas segurei como inúmeras vezes.

Acordei do transe de pensamentos ruins quando o celular indicou uma nova notificação com seu som consideravelmente alto.

Uma mensagem sua.

Me assustei pela resposta e me amaldiçoei por anos ao ver que a tela não havia sido de fato bloqueada quando joguei o celular e sem a menor pretensão a tecla de enviar fora pressionada. Me assustei principalmente pelo seu 'Oi Park', este que nunca deveria ter recebido uma abertura para continuarmos aquela conversa.

31 de maio de 2016.

Se passaram duas semanas desde que eu e Jungkook começamos a trocar mensagens. Ainda era surreal para alguém como eu receber aquelas notificações tão esperadas, o coração parecia querer saltar do peito, as mãos ficavam geladas e a boca do estômago se contorcia e revirava em um milhão de voltas, até a respiração tinha aquela sensação pesada, a ansiedade.

Confesso que ocultei coisas sobre minha personalidade e até fingi ser um tanto diferente para agradar o outro e por Deus como me arrependo.

Ingênuo.

Me iludi dentro de uma história que eu mesmo acabei criando dentro de minha cabeça e cometi o maior erro de todos, desenvolvi sentimentos por uma pessoa que não tinha o perfil para conseguir retribuir, mesmo que desejasse mais que tudo. Eu me apaixonei.

14 de junho de 2016.

Num lapso de coragem lembro-me de cumprimentar Jungkook na sala de aula, isso porque poucas pessoas estavam dentro da classe. Porém o melhor foi sentir seus dedos tocando meus fios de cabelo, bagunçando-os de leve.

Não consegui sequer prestar atenção no que ele dissera, apenas fiquei parado sentindo todo o sangue do meu corpo correr para as bochechas e as pontas das orelhas. Em seguida ele sorriu, provavelmente achando graça da minha paralisia momentânea, eu já conseguia ouvir no fundo alguns alunos falando para ele se afastar de mim, mas seus dentes brancos e levemente maiores do padrão tiraram totalmente o meu foco.