Timothy não aparecera na escola nos últimos dias. Depois de ter a proeza de me defender do bullying à frente de muita gente, a escola inteira estava chocada, inclusive eu.
Por isso, enquanto ia arrastando a minha cadeira de rodas pelo corredor pude ouvir alguns murmúrios, cujo o tema era o episódio de anteontem. Uma outra vez a repulsa entrou sem ser convidada. Revirei os olhos, a última coisa que queria era ser uma espécie de princesa em apuros, pois nunca precisei de ninguém, e não é agora que vai ser diferente.
Levantei o olhar e pude avistar um papel meio amassado afixado na parede. A minha classificação estava outra vez em 1º lugar no ranking dos melhores alunos, por outro lado Timothy estava em último.
-Então rodinhas, como é que tem sido a tua quarta?- Alguns garotos puxaram-me a cadeira para trás com brutalidade.
-Que tal começares por saber primeiro a data antes de importunar os outros!- Falei enquanto ajeitava os meus óculos arredondados. Era quinta-feira, então os outros riram dele por não saber algo tão crucial.
Para se defender o mesmo largou um insulto, o que desencadeou uma contenda entre eles. Aproveitei a deixa para sair despercebida.
À noitinha quando chego em casa recebo a 2º pior notícia, desde que soube que não iria poder mais andar. A família do Timothy viria aqui jantar. Não é a primeira vez que tenho de aturar a companhia tediosa dele, mas só que dessa vez seria diferente. Não queria lhe voltar a ver depois daquele acontecimento.
A campainha toca.
-Querida, podes abrir !?- Gritou a mãe na cozinha.
Então alisei o meu vestido com as mãos meio suadas, ajeitei a flor no meu cabelo e instalei um dos meus melhores sorrisos
-Que sabor agradável! – Elogiou Sr.ª clark depois de dar uma garfada na lasanha, já quando a conversa se desenvolvia naturalmente na sala de jantar. Até agora, o clima até que estava bom, tirando as vezes em que o olhar inexpressivo dele se cruzava com o meu. Ao contrário do filho, os pais de Timothy eram gentis.
-Vim ajudar.- O mesmo que até agora não havia pronunciado nada até o final da refeição, entrou pela cozinha com uma cara até agora desconhecida por mim.
-Não pedi nenhuma ajuda que eu saiba.- Estranhei a sua oferta.
Quando quis chegar a um cantinho em que a cadeira não me permitia, ele foi prestativo e correu até lá.
-O quê que estás a tentar fazer?- Perguntei desconfiada com os olhos semi-serrados.
- Como assim? Já não se pode ajudar?-Encolheu os ombros.
-Ajudar como fizeste naquele dia?- Olhei-o nos olhos.
O mesmo não disse nada, apenas desviou o olhar. Espera, eu o intimidei?
-Não estás à espera que eu te agradeça, pois não?-Ironizei.- Afinal és o que mais faz bullying com as pessoas que são frágeis.
Ele engoliu em seco e não disse mais nada.
Mais tarde, depois de irem embora, a mãe parecia estar triste. Até tentei puxar assunto, mais não descobri nada.
Os dias foram-se passando e Timothy fora demonstrando cada vez mais comportamentos questionáveis. Antes ele andava por aí a torturar os fracos. Pois bastava ter características como, usar óculos ou aparelho nos dentes e tirar notas altas que com certeza já se seria uma das suas vítimas. E os maus tratos variavam desde a agressão verbal à física. Mas agora ele, anda quieto pelos corredores, sem causar confusão, pelo contrário, ele parecia triste ?
Mas eu não tenho nada haver com ele. Tenho apenas de cuidar da minha vida. Isso.
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Se as estrelas falassem
Short StorySe os lindo corpos celestes, com luz própria tivessem a capacidade de falar, quem sabe as coisas entre Timothy e Maia teriam outro desenvolver.