Deferlánte: Quem quebra ondas espumantes e falantes.
Os corpos se movimentavam de acordo com os sons, era como se as ondas mecânicas da música se espalhassem através de suas veias, artérias até mesmo os pequenos capilares. Eles só sabiam se balançar, e se olhar, e deixar que o som agisse sobre eles como se fossem pequenas marionetes.
A seda da blusa vermelha de Jimin, mais parecia sangue. Escorregadia, líquida, assim como seus ossos que se esquecem de sua rigidez, quando o garoto começa a dançar. Ele se faz elástico e era como se todas as leis da física e da fisiologia humana passassem a ser fracassadas e falsas. Seus pés se movem com a precisão, que só um profissional tinha, mas era também paixão e eudaimonia.
Por todo salão os rostos que passavam como borrões eram ignorados, eles apenas podiam apreciar a leveza de um e a certeza de outro. Pois, Jungkook, também não ficava muito atrás.
Os sapatos marrons do outro, escondiam a barra da sua calça colada. Mas isso ninguém podia ver, pois tão rápido quanto a luz, suas pernas, se meneavam num ritmo programado. Seus braços, se deslocavam em direções planejadas, e em sua cabeça havia apenas música e os olhos castanhos do outro dançarino.
Era como se um novo mundo tivesse sido criado ali mesmo, e os dois fossem os criadores arteiros de toda a maracutaia. O tempo estava parado, ele mesmo tinha se aquietado, para apreciar a obra sendo feita, executada com maestria pelos dois donos do palco naquela noite, que para aqueles que privados ocularmente de tal fato, consideram insigne.
E assim como todas as coisas no mundo tem um início e um fim, o show que eles começaram deveria terminar. Os passos finais, calculados pelos artistas foram realizados; e como sempre foi seu lugar no mundo, Jimin terminou nos braços de Jungkook.
Respirações desreguladas, era o que caracterizava aquela ultimação. Corações acelerados e peles suadas, que era nada menos que a prova de que a arte é também um trabalho braçal. A arte é tudo. Era o que eles acreditavam. Até mesmo o amor que ambos sentiam um pelo outro era artístico. Poderiam pintar milhares de quadros, com as cores sem fim que os sentimentos deles eram capazes de produzir e inventar. E tudo isso poderia ser flagrado em seus olhares, que nem mesmo, um milésimo de segundo se desviaram um do outro. Era natural.
Ovacionados com fortes aplausos, eles tinham cumprido sua missão juntos. Mostrar para o mundo, mesmo que um micromundo, que o coração também pode ser feito de dança e que as vibrações sonoras também são capazes de pulsar em nossos vasos sanguíneos.
Todos os seus amigos estavam ali. Kim Namjoon e seu esposo Kim Seokjin. Min Yoongi, o vizinho e testemunha diária do amor dos dois dançarinos. Jung Hoseok o irmão de Jungkook e Kim Taehyung o melhor amigo de Jimin. Como o restante da multidão, eles se viam ali, hipnotizados por aquela obra corporal.
Jungkook conversava, animadamente, com todos. Mas, como dois ímãs, em um instante eles já estavam abraçados novamente. Os braços de Jungkook rodeando a cintura de Jimin, não em uma postura de posse, mas sim de embevecimento, como se tocar Jimin, fosse não uma atitude, mas sim, uma benção e essa deveria ser muito bem valorizada. Acabaram por combinar com os amigos de sair dali e se alcoolizarem em outro lugar mais ébrio.
E passaram toda a noite com os outros, sorrindo, ouvindo histórias, e contando as suas também. E era claro para quem os visse de fora, que eram uma família. E era claro também, que assim como o sol pertencia ao dia, e a lua pertencia a noite, Park Jimin pertencia a Jeon Jungkook e vice e versa. Não era preciso ser nenhum perito para constatar isso, bastava observar o modo como ambos, mesmo estando em grupo, pareciam se proteger sobre uma bolha só deles, onde o mundo exterior não tinha vez.
Foi escrito pelo próprio destino em algum lugar nas estrelas, frias e rochosas, que o Park era o encaixe perfeito e certeiro de Jungkook. Foi escrito também que naquela noite, tendo se despedido de seus amigos e chegado em sua casa, eles iniciariam uma nova dança. Mas o espetáculo seria particular dessa vez.
Assim que a porta de madeira foi fechada os lábios sedentos se tocaram, e se movimentavam saudosos como numa valsa simples. As costas de Jimin se encontravam prensadas sobre a superfície fria, enquanto os dedos do moreno percorriam como que mapeando, mais uma vez, aquele outro corpo já tão conhecido, esses passaram pela cintura e adentraram a blusa de seda vermelha, para repousar sobre sua barriga onde ele fazia um carinho singular.
Sem pedir permissão alguma, Jimin mordeu o lábio inferior do outro, tornando toda sensação anterior fagalhos dessa nova. Seus pelos se arrepiaram juntos, era sempre assim. Como se fosse a primeira vez. E era tão gostoso e excitante, mas ao mesmo tempo tão sereno. Uma batalha já havia sido travada dentro de suas bocas. Nenhum do dois tinha intenção de perder.
Os dedos de Jimin se infiltraram nos fios do outro o puxando para mais perto. Cada gesto transbordava os sentimentos deles. O que tornava tudo muito mais especial, mais único. Jungkook querendo dar mais conforto ao outro o pegou em seu colo, sem separar os lábios e o levou em direção ao sofá e deitou com cuidado sua outra metade e em seguida se posicionou em cima do mesmo, tentando de toda forma protegê-lo, como se ele fosse uma peça rara de cristal. E de certo modo, para Jungkook, ele realmente era.
Findaram ali mesmo, naquela superfície de couro, com movimentos lascivos e carinhosos um espetáculo que os tornava um só. Um outro tipo de dança que mesmo não tendo os movimentos precisos e técnicas que deveriam ser seguidas ainda era arte, a arte que reproduzia o amor.
☔☔
Enquanto eu ouvia a música da mídia, comecei a imaginar os Jikook dançando e daí surgiu esse texto, espero que tenham gostado ❤️
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짧은 텍스트 (pequenos contos) ↝jikook←
FanfictionSe o amarelo pudesse se apresentar na forma de uma pessoa, ele com toda certeza viria no corpo de Park Jimin. Ele era perfeito em detalhes tão ínfimos que era quase impossível não se sentir perdido na curvatura de seu sorriso doce. Era mais que sime...