O relógio eletrônico marcava 20:30h, Jennie deveria estar em casa desde as 17h, mas um pequeno cochilo na aula, e uma pausa mais que dramática para o lanche, somado ao fato de ter sido pega pela chuva fez a garota se abrigar na recepção de um banco e esperar até que o tempo desse uma trégua, o que levou por volta de 3h, mas o pior de tudo foi lidar com as 47 ligações de sua mãe dizendo o quão irresponsável ela era, ainda mais depois que a garota deixou escapar que todo o atraso devia-se ao fato de ter cochilado durante a aula.
Por um instante jennie se amaldiçoou por ter recusado a carona de Seungwoo no início da chuva, esse pavor de carros já estava deixando a garota esgotada, mas afinal, o que ela podia fazer além disso? As maiores tragédias de sua vida estão ligadas de alguma maneira aos veículos de quatro rodas. O longa-metragem transformers também a assustava bastante.
Jennie finalmente pode sair daquele ambiente quente e abafado, ainda caia uma pequena garoa, mas não era o suficiente para mantê-la presa por mais nenhum segundo. "claustrofobia estava quase se tornando mais um dos meus medos" pensou a garota rindo logo em seguida com a brincadeira de humor contraditório.
Jennie apertou seu casaco contra o corpo e seguiu caminho até o ponto de ônibus, se atentando sempre aos sinais, quem não a conhecesse e visse diria ser a cidadã mais exemplar que o mundo já viu, quando na verdade tudo isso não passava de pura neurose e paranoia de sua parte.
Finalmente algo de bom aconteceu em seu dia, pensou Jennie quando viu um ônibus que fazia a sua rota se aproximar, tudo bem que ela iria descer bem antes de sua casa, mas já era melhor do que esperar mais e correr o risco de ser pega novamente pela chuva.
Jennie deu sinal estendendo a mão, e logo adentrou no veículo, não era a coisa mais confortável do mundo, mas pelo menos não a deixava paralisada. A mesma se sentou no banco mais perto da porta traseira do ônibus e como de costume apoiou a cabeça no vidro, dessa vez um pouco mais cansada do que nos outros dias da semana.
Um calafrio subiu de seu pé até sua cabeça, a menina simplesmente agarrou sua bolsa ao corpo enquanto soltava pequenos espirros, resultado do banho de chuva e do cabelo molhado. Tudo que ela mais queria era chegar em casa logo, tomar um banho quente e ir para a cama. Queria pelo menos algumas horas de descanso após um dia tão caótico e turbulento. A menina ia lentamente fechando os olhos e se entregando ao sono, algo extremamente perigoso, visto que ela havia pegado um ônibus diferente dessa vez e não conhecia seu trajeto, um mísero cochilo e ela poderia terminar do outro lado da cidade. Por mais que ela soubesse dos riscos decidiu arriscar e fechar os olhos enquanto se aconchegava no banco, se é que isso era possível. Mas imediatamente foi despertada por seu estômago roncando e que voltara a doer, Jennie já estava consideravelmente fraca, sem contar que a garoa só piorou a situação.
A viagem pareceu ser rápida, quando jennie finalmente avistou o primeiro ponto de seu bairro, ela se levantou calmante do banco tendo a certeza de que nada havia ficado para trás e deu sinal. Quando o ônibus finalmente parou e a garota pisou no chão, ela se sentiu a um passo mais perto do aconchego de sua casa. Mesmo que ela tenha descido 7 pontos antes, pois o ônibus não entrava em seu bairro. A caminhada seria longa, mas ainda assim melhor do que esperar mais três horas na rua.
Jennie morava naquele bairro desde que nasceu, o que na época não era grande coisa, mas surpreendente toda a área foi revitalizada com o passar dos anos tornando-o um bairro de grande prestígio por seus moradores de boa índole e suas casas planejadas por arquitetos, em um dos anos que uma emissora de TV fazia programas de reformas. Jennie ainda se lembra do quão divertido achou se ver na TV aos 10 anos.
Por mais que ela conheça a todos que vivem ali o medo ainda se fazia presente, eram quase 21h da noite, e a única iluminação era a dos postes de luz, jennie assumiria a todos que se não estivesse tão cansada e dopada pelo sono estaria muitíssimo preocupa e em alerta.
