CAPÍTULO 17

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Krystian

Eu estava com Noah no estúdio de gravação quando recebi mensagens de Diarra. Eu sabia que ela tinha ido a um evento com Sina, então, deduzi que fosse algum babado espetacular. Esperei que Noah acabasse de gravar para sair da pequena cabine acústica e poder analisar melhor as mensagens recebidas. Diarra havia me mandado as melhores fotos: Sina e um outro homem. Um jovem alto, magro e de cabelos loiros, ele aparentava ser bem bonito e pelas fotos, eles pareciam ser/estar bem próximos. Isso era tudo que o pai aqui precisava.

Fiquei analisando a feição de Noah por alguns segundos enquanto ele finalizava uma música e fiquei pensando se eu realmente deveria mostrar as fotos a ele, porque eu sabia bem que quando ele as visse seria como um soco no estômago. Noah estava apaixonado por ela, eu sabia disso, porque de 10 palavras ditas por ele, 11 eram "Sina" e foi assim com Shivani também.

— Noah, podemos jantar hoje no seu apartamento? Quero terminar de arrumar com você os últimos detalhes do lançamento.

— E desde quando você pede para aparecer no meu apartamento? — Ele parou em minha frente cruzando um dos braços e levanto a outra mão ao queixo.

— Eu estou tentando ser profissional ué. Podemos ou não?

— Tanto faz. Inclusive, pode deixar que eu faço o convite a Sina, quero ter a certeza de chegará até ela.

— Tá insinuando o que?

— Nada. — Ele agora estava jogado no sofá encarando a tela de seu celular.

— Você é ridículo, Noah. Te encontro às oito. — Sai da pequena sala e fui em direção ao meu carro. Eu precisava pensar em uma forma de não deixar que Sina viesse para LA. 

✨✨✨

Flashback

Eu costumava ter uma vida de príncipe quando morava na China. Meus pais tinham uma condição financeira maravilhosa e eu, como único filho, tinha tudo do bom e do melhor. Melhor escola da cidade, roupas de marca, celular da época... mas nada disso se comparava ao vazio que eu sentia. Eu andava com os caras mais descolados da escola, tinha as garotas que eu quisesse, mas eu sentia atração por elas, mas não as queria. Vez ou outra que me pegava olhando para um cara e o desejando. Eu não sabia assimilar muito bem o que aquilo significava e eu tinha medo de conversar sobre isso e ser julgado.

Quando eu fiz 15 anos, meu pai colocou na cabeça que eu precisava aprender inglês. Ele me colocou em uma dos melhores redes de cursos de inglês na China e eu aprendi o básico, o suficiente para me virar. Seis meses depois eu estava dentro de um avião indo sentido a Los Angeles, lugar onde seria minha casa pelo próximo ano.  Foi difícil deixar minha vida de garoto mimado para trás, mas eu encarei como um novo desafio.

— Pode ser que em um ano eu e sua mãe nos mudemos para a América. O que você acha? — Meu pai era um militar aposentado e vivia a essa vida apenas bebendo café e lendo jornal. Seus olhos rígidos me encaravam enquanto ele dava um longo gole em seu café amargo.

— O senhor não tem cara de quem sairia disso aqui, mas se for da sua vontade, quem sou eu para dizer o contrário. — Me levantei abruptamente da cadeira atraindo a atenção de meu pai — Vou subir e terminar de arrumar minha mala.

Quando estava chegando próximo a porta ouço a voz grave de meu pai dizendo:

— Krystian, saiba que tudo isso é para o seu bem. Eu e sua mãe acreditamos que você possa ter um futuro lindo pela frente.

✨✨✨

Fazia muito calor em Orange e tudo que eu desejava era um banho bem gelado. Meu pai havia contratado um motorista particular para me acompanhar por pelo menos três meses em LA, até que eu me adaptasse. Joseph me aguardava com um sorriso largo e uma plaquinha de "welcome" no aeroporto. Eu achava isso tão brega que revirei os olhos para o gesto.

CAMINHOS CRUZADOSOnde histórias criam vida. Descubra agora