Os raios de luz adentravam a janela e, nos momentos em que a defesa das cortinas branco neve eram abaladas pela ventania, alcançavam o rosto de Jung Wooyoung. A insistência da luminosidade, paulatinamente, retirava o jovem de seu sem-sonho e profundo sono. O vento desejava insistentemente que ele acordasse, então acariciava sua pele e madeixas. Não havia pássaros cantarolando como modo de receber sua consciência de volta, contudo, tinha algo melhor que aquilo: a respiração do homem que estava ao seu lado.
Wooyoung, que ocupava a lateral direita da cama, virou o rosto para o outro lado e se deparou com a oitava maravilha do mundo — que na sua opinião deveria estar em primeiro lugar ou em uma categoria isolada por pertencer a um nível mais elevado —, isto é, Song Mingi. Este, na sua opinião, ficava incrivelmente perfeito de qualquer forma, porém, no momento, vê-lo naquele estado trazia a Jung uma felicidade indescritível.
O outro dormia tranquilamente, com a respiração ritmada e o rosto voltado para o teto. Daquele modo, Wooyoung era capaz de observar perfeitamente todos os mínimos detalhes de Mingi. A curvatura do seu pomo de adão mais destacado que a média em decorrência de sua altura. O ângulo raso na pontinha de seu nariz, perfeitamente reto. O olho, que no presente momento assemelhava-se a uma linha, era para Wooyoung uma das coisas mais bonitas e charmosas no homem; obviamente, o par junto e não apenas um. Além de outras características como o queixo lisinho, a orelha que tinha o tamanho ideal para a proporção de seu rosto, ele não conseguia desafixar o foco da boca alheia.
Os lábios carnudos entreabertos cuja textura e sabor Jung inúmeras vezes tentou adivinhar e que há pouco tempo estavam colados nos seus, outrora em seu torso... Os lábios doces de Mingi haviam explorado cada detalhe de Wooyoung. Ainda que figurativamente, era possível afirmar que o mais velho fez uma grande averiguação nele. Dominou-o espiritual e psicologicamente por quase um ano e agora o conhecia fisicamente melhor que qualquer um. Porém, talvez ele não soubesse que ao pensar assim estava exagerando um pouco e ignorando como Mingi deixava explícito que sentia algo deveras parecido.
Se há dez meses explicassem ao Song que na sua viagem de férias do ensino médio a Ilsan, ele encontraria um homem que derrubaria seus muros e se tornaria o maior amor de sua vida, ele jamais acreditaria. E com razão, pois era verdadeiramente difícil de cogitar que naquele verão, dois estranhos se apaixonariam (mesmo cada um morando em um extremo do país) e teriam forças para permanecerem unidos à distância até sair o resultado da aprovação do mais novo na Universidade Nacional de Incheon. Quem diria que, depois de tanto habitar no coração e na mente de Mingi, Wooyoung estaria acordando na mesma cama que o seu amado?
Com um Mingi muito dorminhoco, de fato. Todavia, após a noite que partilharam de enlaces, mordidas, afagos, gemidos, de tudo que prometeram um ao outro e muito mais... Wooyoung não queria nem pensar na situação atual de seu cabelo. Sua vaidade era algo não tão relevante no momento.
Os minutos seguiram passando e a brisa fresca do amanhecer foi sumindo para dar lugar às últimas semanas da primavera. O Jung não conseguia evitar tamanha nostalgia naquele instante à medida que se recordava daquele vinte oito de agosto em que se conheceram. Quando recebeu a notícia de que seu avô não sobreviveu à infecção urinária que teve, sua primeira atitude foi montar na bicicleta e pedalar até à praia. O ancião passou muitos anos trabalhando como pescador, logo, amava levar o neto ao mar e contar-lhe todos os seus segredos. Naquela quinta-feira, Wooyoung indagou aos céus (onde sabia que seu avô estava) o porquê dele não haver dito para si que o deixaria. Apesar de não receber uma resposta, ele esperava encontrar nas ondas ao seu redor o abraço do mais velho, visto que a composição destas era quase a mesma das gotas salgadas que traçavam caminho por sua face. Seu velho camarada havia embarcado em uma aventura, em um barco muito bonito, imaginava, cuja direção era determinada pelo vento, este selvagem, infinito e poderoso.
Semelhante corrente de ar agora investia contra ele, ao passo que seu único objetivo era tentar normalizar a respiração, mas foi atrapalhado por uma bola de vôlei ao lado de sua perna. Ele manteve-se cabisbaixo e logo o dono do objeto apareceu. Este último encarava o desconhecido afundado na areia com curiosidade.
Sentia que algo ruim acontecera. O modo como o pescoço do outro estava inclinado, os braços esquecidos ao lado do corpo o lembravam de momentos de fraqueza que tinha vivenciado ele próprio. Portanto, arremessou a bola de volta para seus colegas e sentou-se ao lado do jovem que não sabia nem se estava vivo, mas obteve a confirmação ao ouvi-lo fungar decorridos alguns minutos. Assim que julgou estar um pouquinho menos triste, Wooyoung ergueu o rosto para mirar sua companhia e recebeu o sorriso mais bonito que já havia visto.
— Em quê está pensando? — havia sido a vez de Mingi de velar o sonho alheio.
Recordava-se das madrugadas em que dormiam com os dispositivos eletrônicos em videoconferência e o Jung sempre era o primeiro a cair no sono, deixando um Mingi pensativo e suspirando de amores a fitar-lhe. Ele era seu melhor amigo, companheiro, amante, tinha tudo que o mais velho precisava e nem sabia.
Wooyoung não segurou um sorriso ao concluir que seu namorado era extraordinariamente belo dormindo, mas acordado, com o olhar cravado no seu, era a mesma coisa mil vezes mais.
— Em como numa manhã, o vento levou uma pessoa que eu amava bastante, mas trouxe outra para que minha vida não ficasse sem a reciprocidade do amor e também, em como é inacreditável que chegamos até aqui.
Mingi não segurou um sorriso, exibindo todos os seus dentinhos. Ele amava Wooyoung e tudo que este o proporcionava, como tais sorrisos, gargalhadas, consolos e, às vezes, até mesmo as brigas eram importantes para o mais velho reconhecer seus erros.
Ele ergueu o tronco e depositou um beijo casto nos lábios do outro. Precisava se alimentar, no entanto, a prioridade de Mingi era saciar um pouco o desejo pelo amor e toques de Jung Wooyoung.
Grande obrigada àqueles que leram até aqui! Deixem-me saber se gostaram e críticas construtivas são sempre bem-vindas. Um agradecimento especial a arsonist (Spirit Fanfics), que publicou um desafio super interessante onde pude encaixar essa woogi inspirada na música em anexo, e a yvespicy pela capa lindíssima. ♡
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Unbelievable
Fanfiction[ONESHOT] Mingi preparou-se apenas para a viagem de formatura do colegial. Todavia, levou das praias de Ilsan muito mais que boas memórias. Uma pequena corrente de verão foi a responsável por juntar dois corações que logo muito almejaram reduzir a z...