Bonecos

4 1 0
                                    

-Ele já devia estar aí. -Disse Fernando, já um pouco encolhido de medo.
-E a porta? -Eu perguntei.
-O vento. -Disse meio que perguntando. Mesmo, nós três sabendo que não tinha vento dentro de uma sala sem janela.
         Ouvi a risada de novo, dessa vez mais alta ainda.
-Sério, vocês não estão ouvindo essa risada?
        Os dois balançaram as cabeças negativamente.
-Chega gente, Eu tô indo embora. -Disse Aisha, tentando abrir a porta. Sem sucesso, pediu: -May, abre pra mim por favor?
-Não só para você, eu vou junto. Fernando, se você quiser ficar, fica. A gente vai embora. -Tentei abrir a porta, mas ela não abriu de jeito nenhum. -Que estranho, não abre. Acho que emperrou.
-Que ótimo. Agora estamos presos aqui, em uma sala sinistra, cheia de bonecos com vida, apenas com as lanternas dos nossos celulares, até alguém abrir a porta pelo lado de fora. -Reclamou Aisha.
       Eu comecei a levantar o celular o mais alto que consegui para conseguir sinal.
-E sem sinal para chamar os professores.
-Isso é bom. Pelo menos agora vocês têm que explorar comigo. -Disse Fernando, mesmo eu sabendo que ele só nos queria lá porque estava com medo de ficar sozinho.
        Então, nós três, começamos a andar pelo cômodo. Era até que grande. O teto parecia mais alto que as outras salas. As paredes eram cinza, quase pretas, um rodapé marrom escuro, manchado em vários pontos com a mesma tinta vermelha da escada. O que ainda era estranho. Bem no centro havia uma mesa cheia de brinquedos. Tinham de tudo: bonecas de porcelana, ventríloquos, fantoches, bonecas de pano, palhaços e muitos outros tipos. Às vezes ouvia alguns barulhos, pareciam que estavam se mexendo. Tinha uma que estava em um lugar mais alto que as outras. Era muito bonita, mas com certeza a mais sinistra de todas. Ela era feita de porcelana, tinha cabelos castanhos avermelhados, enfeitados um chapéu com um laço azul, uma maquiagem simples, olhos azuis e um vestido azul, combinando com seus olhos.
        Estávamos os três juntos, apenas olhando a sala. De vez em quando eu olhava a boneca mais acima. Por um momento jurei que tinha a visto piscar. Mas novamente, achei que fosse coisa da minha cabeça. Tínhamos que tomar cuidado até onde pisar, pois o chão era cheio de brinquedos. Haviam triciclos, carrinhos, gangorras, de tudo um pouco. Mas todas, em miniaturas. Como se fossem para as bonecas.

A ExcursãoOnde histórias criam vida. Descubra agora