ENTARDECER

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Estávamos dando voltas e mais voltas pelo centro da cidade, eram quase 17:30, em poucos minutos o sol ia começar a se pôr. Além disso, já fazia um tempinho que o assunto tinha sumido, mas logo ele cortou o silêncio:
— Que horas você precisa voltar para casa?
Senti um aperto no peito, não estava conseguindo decifrar aquele garoto, não entendia se o nosso encontro ia bem ou se novamente eu ia sofrer por um amor platônico, mas, ignorando todos esses pensamentos, respondi:
— Acho que umas 19h e você?
— Quando você for eu vou. — Ele respondeu.
Demos uma risadinha um para o outro e caminhamos alguns passos, quando ele pegou o celular, parou, se virou e andou alguns passos para a direção contrária a que estávamos indo, eu apenas fiquei imóvel, olhando aquilo sem entender nada do que estava acontecendo, quando ele disse sorrindo:
— Continua parada aí que eu vou tirar uma foto sua.
Eu comecei a rir por causa do pedido inusitado dele, enquanto ele me fotografava de vários ângulos e falava para eu mudar as poses. Depois de vários cliques, eu disse, cobrindo o rosto com as duas mãos:
— Poxa, que vergonha, posso ver as fotos agora?
O que ele respondeu, me entregando o celular:
— O pôr do sol ficou lindo, mas não chega nem aos pés da modelo.
Eu, que já ia dizer que tinha amado a primeira foto, tirei meus olhos do celular e olhei para ele, aquele entardecer tinha deixado o momento tão lindo, poderia ser totalmente clichê de filme adolescente, mas, se eu dissesse que não estava lindo, estaria mentindo. Acho que foi todo esse clima que se formou que me fez abraça-lo, e ele a mim.
Ficamos desse jeito, abraçados, por, mais ou menos, uns dois minutos, quando eu disse que queria ver o resto das fotos. Fui passando uma por uma, nós riamos de algumas e elogiávamos outras, quando eu, sem querer, saí das fotos que ele tinha acabado de tirar de mim e cliquei em umas antigas.
— Espera, é você aqui? — Eu disse começando a rir.
Ele, no mesmo momento, vermelho de vergonha, tentou tirar o celular de mim, já eu, escondia o celular enquanto ria.
— Para, você tava tão engraçadinho, essa fantasia era para alguma apresentação?
O garoto estava vestido com uma fantasia de flor, eu tentei não rir, mas foi impossível, ao mesmo tempo que eu achava bonitinho eu achava engraçado.
Ele, percebendo que eu não ia devolver o celular, disse:
— Era uma apresentação que eu participei há uns dois anos atrás no colégio, para um trabalho de artes, pode devolver o celular agora?
— Vem pegar. — Respondi, rindo, enquanto escondia celular atrás de mim.
Ele então deu um passo pra frente e, ao invés de tentar pegar o celular, me puxou pela cintura e disse:
— Muito engraçadinha você hein.
Eu sorri, olhando o rosto dele tão perto do meu. Então ele se aproximou mais e eu deixei para sorrir só depois que o nosso beijo acabasse.
Já eram quase 19h e estávamos caminhando, de mãos dadas, em direção a minha casa, pois ele se recusou a me deixar voltar sozinha, quando eu disse:
— Já que me chamou de engraçadinha, preciso falar uma coisa.
O que ele respondeu:
— Diga, engraçadinha.
— Se você é a flor, eu sou a "beija-flor", certo?
Ele riu e disse:
— Na verdade, você é o meu amor.

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