Capítulo 15: Liberdade

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Adrien refez a mala e partiu da cidade ainda na mesma manhã. Pagou a um cocheiro para que ficasse à sua disposição. A charrete era simples: havia um local reservado para o homem sentar, de onde iria manobrar o cavalo, e um pouco atrás o banco para passageiros, com espaço para duas pessoas e local próximo aos pés para acomodar pequenas bagagens.

Chegaram ao destino no final da tarde; ainda estava claro. O jovem loiro vestia um casaco grosso e comprido a fim de se proteger do frio daquela cidade mais ao norte no interior da França.

Solicitou ao cocheiro que o aguardasse; não estava certo sobre o quanto iria demorar. Pelo montante combinado sobre o pagamento, sabia que o senhor não o abandonaria naquela cidade longínqua.

Adrien caminhou pela vila pequena. Havia inúmeras casas e muros construídos com pedras; a estrada era de terra e as árvores completavam o cenário. Era um local tranquilo, bem diferente de sua cidade natal onde ficava o porto; lá era sempre muito movimentado.

Parou na frente da modesta casa, batendo à porta.

— Senhorita Kubdel? — Chamou.

Um tempo depois, uma moça de cabelos ruivos abriu a porta da moradia. Seus olhos azuis se tornaram maiores quando se depararam com o homem na sua frente.

— Capitão?!

Adrien sorriu singelamente, erguendo sutilmente as sobrancelhas.

— Oi, Alix.

Ela hesitou antes de seguir a conversa, mas calculou que seria algo importante. Fechou a porta atrás de si.

— Não posso te convidar pra entrar.

— Eu entendo, não tem problema. Você está bem?

— Sim, obrigada.

— Podemos dar uma volta?

Ela consentiu e eles seguiram na direção da praça, onde havia um poço. Usava um vestido azul claro, com os cabelos vermelhos presos em coque.

— Imagino que você tenha algo urgente pra falar — ela seguiu.

Eles continuavam passeando sem pressa pela região.

— Eu vim lhe fazer uma proposta.

— Pra navegar...?

— Sim.

Ela olhou amavelmente para ele antes de responder.

— Não importa qual seja a proposta, Capitão. Eu não posso. Agora sou uma adulta responsável.

— Uma adulta responsável, você, Alix? — Implicou.

— Você é tão irritante, Capitão...

Ele sorriu.

— Eu senti sua falta — Adrien voltou a falar. — Você é a melhor navegadora que eu conheço, Alix. Vai ser a última viagem da minha vida, depois também vou me aposentar, seja lá qual for o desfecho da expedição. Desta vez não vamos errar, tenho certeza que estaremos navegando na rota certa, tenho certeza que vamos encontrá-los.

— Você ainda não encontrou eles.

— Não...

— Sinto muito, Capitão. Eu realmente não posso...

Eles pararam de caminhar e viraram de frente um para o outro. Ela tinha o semblante calmo.

— Eu conheci um rapaz. Ele não sabe do meu passado.

Adrien abaixou o queixo, pensativo, mas sorridente.

— Os assuntos do coração são sempre os mais importantes — falou mais para si do que para ela.

Amor e FúriaOnde histórias criam vida. Descubra agora