Flores

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Aos poucos, Stiles despertava, sua cabeça já zumbia lhe fazendo grunhir antes abrir os olhos e voltá-los a fechar rapidamente devido a luz que lhe cegou repentinamente. Sentia um gosto amargo em sua boca, e ao tentar se mover, gemeu.

— Stiles... — Não conseguiu identificar a voz, seu corpo inteiro estava dolorido, até que aos poucos ela passou a diminuir, o suficiente para que pudesse abrir os olhos e focar no bando; os lobisomens sugando a sua dor. Olhou brevemente pelo local, reconhecendo que estava na clínica veterinária. Meio atordoado não conseguindo se lembrar do que aconteceu, aos poucos sua mente lhe trazia flashes; sala de aula, Lydia, desmaio.

— Ah — murmurou, suspirando. Passou a mão sobre seu rosto e coçou seu olho. — ...Obrigado — disse, após eles se afastarem, levantou-se e se apoiou na mesa devido a vertigem que o atingiu. Quando Scott tentou lhe acudir o Stilinski apenas ergueu a mão, impedindo-o. — Tá tudo bem. — Mas não estava. E todos sabiam disso.

— Stiles, por que não nos contou que estava sentindo dor? — indagou Erica, seu olhar era de pura angústia. Depois de tudo o que aconteceu no México, Derek foi embora, deixando o loft para seus antigos betas. Stiles sofreu com aquela ida, todos sabiam disso, mas nunca comentavam. Quando não estava em casa cuidando do Xerife em um período de folga, estava no loft cuidando dos betas, que acabaram criando um laço ainda maior com o Stilinski, como se ele fosse a mãe deles; então vê-lo neste estado, sabendo o quanto Stiles tentou mantê-los no escuro, partiu o seu coração.

Desviando o olhar, estando ciente de suas atitudes, suspirou ao passar a mão sobre o rosto, estava exausto e sentia todo o seu corpo queimar por dentro. Vendo que Stiles não iria falar nada para se defender do pack que esperava por sua resposta, Deaton resolveu intervir.

— Stiles, — chamou, tendo a atenção de todos para si — eu preciso saber o que você sentiu e sente desde que isso começou, pois você chegou com febre e dores que mesmo com o Scott e os outros sugassem era como se não fizesse diferença. — Arregalou os olhos, surpreso. Não imaginava, ou até mesmo esperava, que tivesse febre, mas era óbvio que isso acontecesse, era apenas uma questão de tempo até que o seu corpo começasse a protestar. Até mesmo Deaton estava impressionado, saber que Stiles está aguentando tanta dor sem estar gritando. Na verdade o próprio Stilinski estava perplexo com a sua resistência. Crispando os lábios, respondeu:

— Tinha iniciado apenas como uma leve canceira. — Suspirou ao olhar para a parede da clínica — Então leves dores surgiram; na cabeça, no ombro... No início pensei que fosse devido às noites mal dormidas, mas então elas começaram a ficar intensas e meus pés começaram a queimar. Quando eu olhei não tinha nada, mas a dor e a queimação persistiam, a cada semana eu sentia e ainda sinto a queimação subindo, lentamente, enquanto que a dor piorava. — E ao ver os olhares, tanto questionadores quanto acusadores, desviou o olhar para o chão. — Eu não contei nada porque recém tínhamos enfrentado a bruxa, e não queria estragar esse breve momento de paz com novos problemas, voltados em minha pessoa.

Mas antes que alguém pudesse dizer algo, Deaton foi mais rápido, o que o Stilinski agradeceu internamente, pois não estava bem, fisicamente e mentalmente, para ser interrogado.

— E isso tudo começou depois que mataram a bruxa?

— Sim... Você acha que foi algo que ela fez? — indagou, ao notar que ele tinha ficado em silêncio.

— Scott me disse que a mataram no momento em que ela estava proferindo a maldição, mas vocês têm certeza de que ela morreu antes de concluir? — E olhou para todos, esperando uma resposta que não estava vindo de uma maneira rápida. Ninguém sabia.

— Pelo o que está acontecendo com o Stiles, acho que matamos após — pronunciou Lydia. Deaton olhou para ela, receoso.

— E o que ela proferiu? — indagou.

— Alguma coisa de não proferido — disse Isaac que olhou para Erica em busca de mais.

— E algo sobre flores vermelhas. — Foi o que ela murmurou, sem ter muita certeza.

Sem que ninguém tivesse notado ou esperado, Peter entrou na sala, alarmado. Direcionou seu olhar para Stiles e suspirou.

— O que houve? — perguntou.

— Ainda não sabemos, mas ao que tudo indica a bruxa jogou a maldição em Stiles, mas preciso saber o que ela exatamente disse antes de morrer. — Deaton cruzou os braços, olhando para o Hale.

— Ela disse algo sobre que aquele que habita o coração da pessoa que foi amaldiçoada, não proferir seu amor por ela, o amaldiçoado teria as rosas vermelhas traçando pelo corpo, causando dor até a morte. — E com a resposta de Peter, Deaton se silenciou, pensando. Olhou para Stiles profundamente.

— Sr. Stilinski, poderia fazer o favor de ficar apenas de roupas íntimas. — Não foi uma pergunta, e mesmo que contragosto em ficar quase nu na frente de todos, tirou as suas roupas. E como o esperado, não tinha nada no corpo do humano. Mesmo que Stiles estivesse com frio, Deaton não se importou e pediu: — Olhem para o corpo do Stilinski com os seus outros olhos.

E todos os lobisomens brilharam seus olhos, Scott foi o primeiro arfar ao olhar para o seu irmão e ver traços de rosas iniciando-se pelos pés dele até próximos de seus joelhos. Aproximou-se querendo tocar, mas Stiles foi mais rápido, imaginando que tinha algo consigo.

— São flores... — balbuciou Erica.

E ao olhar para Deaton, Stiles tinha certeza que aquilo não era um bom sinal.

As rosas que traçam seu corpo - SterekOnde histórias criam vida. Descubra agora