poesia I

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Embora, ainda eu tivesse feito
Dentre tudo o mais perfeito
Todavia não floresceria,
Nem se quer despontaria, 
uma centelha em seu peito,
Uma porção do que eu sentia 

Em vista do imperfeito,
Da passagem que estou sujeito,
De um sentimento que não queria,
Me tragando de um certo jeito
tão somente Deus se apiedaria 

Ainda que deixe-me insatisfeito
Nem mesmo meu braço direito
Nem João, José ou Maria 
Jamais entenderia 
Pois nem mesmo eu afeito,
Com tanto sentimento, fantasia
Que me corrói quando me deito, 
De modo algum compreenderia 

Contudo, minha dor não lhe diz respeito
Isto posto, não te incomodaria,
Mas há de chegar o dia 
Que sem ultraje, irrespeito 
E estiver adequadamente aceito 
findará essa agonia.
 
Enquanto   houver passarinhos verdes,
Repletos de valentia, 
Revelando-me seus conceitos, 
e segredos que ninguém diria,
Enquanto houver lágrimas em meu leito, 
Manifestando da causa o efeito
Há de viver a poesia

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