O lago

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Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Não consegui identificar a figura próxima ao meu lugar favorito, o lago. Você pode se questionar, afinal o que um lago teria de tão especial? E eu te respondo: a visão noturna é incrível. O céu estava estrelado e o barulho das folhas ao vento tem o poder de acalmar qualquer alma triste, mas o que eu mais adorava naquele lugar era que o lago dividia a cidade em duas extremidades.
De um lado é possível ver torres com luzes brilhantes, o barulho alegre das risadas ao compartilhar histórias felizes e o som das canções de ninar. Do outro lado se encontra a escuridão e almas cansadas, o tilintar de chaves, barulhos de garrafas sendo quebradas e vozes bravejando ao longe. Porém, não se engane. Também é possível encontrar felicidade no lado escuro.
No lago há uma ponte metálica e eu a visualizava como responsável pelo encontro entre tudo e nada. Não havia diferenças entre todos que ali, visitavam. No lago somos apenas humanos em busca de distração e conforto para nossos corações.
Quando enfim cheguei ao meu destino, sentei-me na grama apoiando minhas costas em uma árvore. Notei que a figura que vi ao longe era, na verdade, um garoto, que parecia ter em média a mesma idade que eu, por volta dos vinte. Ele usava um capuz, mas ainda era possível notar seu cabelo azul caindo em sua testa. Seu olhar era firme, mas sua expressão não demonstrava nada, ele apenas fitava o lago parecendo pensativo. Em comparação a mim o garoto era mais baixo, pude notar isso mesmo que estejamos sentados com uma boa distância entre nós. Em contraste ao seu cabelo colorido, os meus fios são negros assim como o céu da noite.
Após longos minutos, me deitei sobre o gramado e aquela noite estava muito bonita. O vento que soprava as folhas e o meu cabelo era gelado, mas ainda assim estava agradável. O céu estava estrelado e a lua iluminava o lago, dando um ar melancólico ao local e isso não me incomodava.
Ao fundo eu estava ouvindo o som das folhas e um fungar baixo, apoiei meus cotovelos no chão e ao olhar a figura do garoto notei que o mesmo, agora, estava chorando contido, tentando controlar as lágrimas. A minha mente começou uma batalha interna pra saber se eu devia ir falar com o mesmo, porém ele parecia querer espaço e privacidade.
Ao ouvir um som metálico muito alto sai do meu devaneio. Assustei-me e notei que o garoto também, em seguida uma voz rouca e fala enrolada esbravejava ao fundo:
- Onde você está? Você não vai manchar o nome da nossa família assim, você vai ficar curado nem que seja na força!
Notei que a fala vinha de um homem que tinha por volta de cinquenta anos, ele estava usando uma roupa social que se encontrava toda amassada e manchada. Ele cambaleava na ponte, tentando atravessar a mesma. Percebi que ele estava carregando algum objeto na mão e provavelmente o choque deste objeto com as grades da ponte foi o responsável pelo som metálico de antes. Ao perceber que era só um bêbado cambaleando por ai não dei tanta importância, afinal, estava acostumado a ver muitos pelos becos e isso não me assustava mais.
Antes de me encostar novamente na árvore, notei que o garoto de cabelos azuis me encarava e ao olhá-lo notei a sua expressão. Ele estava em pânico e parecia me pedir ajuda de forma silenciosa.

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Olá a todos espero que gostem desse primeiro capítulo! Já estou com a fanfic pronta e só irei postando os capítulos diariamente!

Os dois lados do lago [yeonbin/terminada]Onde histórias criam vida. Descubra agora