Paris

Capítulo 2

Foram 2 horas de entrevista, hora ou outra eu não sabia o que falar, me perdia no azul dos olhos daquele homem, ao fim da entrevista, ele levantou e veio até mim

- Senhorita Dubois, aguarde nossa ligação em até 3 dias para lhe dá respostas sobre a vaga -- A voz rouca dele tão perto me tirava todo o foco de qualquer outra coisa, olhando diretamente nos meus olhos.

Sai do prédio e o céu estava lindo, se não fosse o chão molhado, nem dava pra saber que estava chovendo poucas horas atrás, pensei em pegar um taxi, mas a falta de dinheiro me impediu, peguei um ônibus mesmo, coloquei meu fone e me sentei no final do mesmo, olhei pela janela e fiquei lembrando dos olhos de Marcos, eles me intrigavam, eu não sabia decifrar aquele homem, tentei tirar ele dos meus pensamentos e focar na vaga de emprego, eu precisava daquele emprego, a situação em casa só piorava depois que meu pai foi embora, minha mãe tentava arcar com os custos da casa, mas ela não estava conseguindo, pagar a faculdade e a escola dos meus irmãos estava pesado demais pra ela, e ainda tinham as outras milhares de contas, o trabalho dela como garçonete não estava dando para pagar tudo, estávamos cheias de dividas, decidi arrumar um emprego para ajudar com as despesas e manter meus irmãos no colégio que desde sempre estudaram. Viajei tanto em meus pensamentos que quase perdi o ponto de ônibus, desci correndo, já estava quase escurecendo, a chuva começou novamente, porém mais fina, e mais uma vez eu estava correndo igual uma louca pela rua, cheguei no portão de casa e minha mãe ainda não havia chegado, passei na vizinha da rua de baixo e peguei os gêmeos lá, Judy sempre ficava com meus irmãos até minha mãe chegar do trabalho

- Conseguiu o emprego, Lau? -- Nicollas me olhava atento com seus lindos olhos verdes herdados de nosso pai

- Não sei ainda, meu bem, vão me falar só outro dia, mas então, me conta como foi na escola hoje? -- Os olhinhos de Nick brilharam, ele me contava animado sobre tudo que aconteceu, sobre como ele fez um desenho lindo na aula de artes, Nicolle era a gêmea calada, ela e Nicollas eram extremamente diferentes. Tinham 6 anos, eram idênticos somente na aparência, pois eram o oposto um do outro, Nick era animado, amava conversar e era extremamente carinhoso, já Nicolle era calada, gostava de ficar sozinha e não demonstrava muito carinho, piorou depois que nosso pai foi embora. Quando me dei conta já estávamos na frente de casa, Nick ainda me contava sobre seu dia, enquanto Nicolle abria o portão e corria para dentro, pois os pingos de chuva estavam piorando, as luzes ainda estavam apagadas, o que sinalizava que minha mãe ainda não havia chegado, entramos em casa e fui direto pro banheiro, eu precisava tomar um banho e vestir uma roupa quente, tive um dia bem cheio. Tirei minhas roupas e entrei no chuveiro, a água quente caia sobre mim me causando alívio, fechei meus olhos e fiquei tendo meu momento de lazer daquele dia, peguei a toalha que estava pendurada no banheiro e sai do banheiro segui para o meu quarto para vestir uma roupa e ouvi a porta principal sendo aberta e logo depois ouvi os gritos de Nick, mamãe havia chegado, coloquei meu pijama e desci, mamãe estava sentada no sofá com Nick no colo, enquanto Nicolle assistia tv ao lado deles

- Lau, minha filha, me conte como foi a entrevista -- A voz serena de minha mãe preencheu o vazio sala enquanto ela se virava para mim, me sentei ao lado deles e contei tudo para minha mãe, ocultando a parte do meu chefe ser gato e minha perna ficar bamba perto dele e não da forma que eu gostaria - Você irá conseguir filha, vamos ter fé -- Mamãe apertou minha bochecha e tirou Nick de seu colo para ir até a cozinha, fiquei na sala com meus irmãos vendo um programa de tv qualquer, Nicolle e Nick riam bastante do cara no programa enquanto eu nem entendia ao certo sobre o que se tratava o mesmo, mamãe voltou pra sala avisando que o jantar estava pronto, seguimos todos para a cozinha e tivemos um jantar como todos os dias, minha mãe sempre fazia todos jantarmos juntos, pois dizia que era nosso momento sagrado do dia, de ficarmos juntos e conversar sobre tudo que havia acontecido.