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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ  ㅤ ㅤ JIMIN

"Por que concordei ir?". Essa frase rondava a minha cabeça desde a hora que acordei.

Ontem, depois que vi a mensagem de Seonghwa, o respondi e ficamos muito tempo conversando. Devia ser meia noite quando comecei a estudar química e biologia, já que são as matérias que menos gosto e tenho um pouco de dificuldade.

Mas, nesse período "de estudo" sempre acontece coisas que me fazem demorar. Barulhos no meio da madrugada, perda de foco, coisas caírem por ser um tanto desastrado, perda de foco, parar até achar uma música específica que combine com aquele assunto, quase chorar por frustração quando não consigo entender e mais perdas de foco. Por esses motivos terminei quase três da manhã.

Três da manhã!

Não costumo ficar acordado até esse horário, nem nas férias. Quando isso acontece eu preciso de, pelo menos, um dia deitado em minha cama procrastinando, mas hoje teria que ir a uma festa. Só vou porquê prometi para meus melhores amigos e sei que queriam muito que os acompanhasse.

Agora, são onze da manhã e estou lavando a pouca louça que tem na pia. Estava sem nada para fazer, então dar um jeito na cozinha já é algo.

— Bom dia, filho. — Diz meu pai, sonolento. Usando um pijama amarelo que o deixava extremamente fofo.

— Bom dia, papai. — Olho em sua direção com um sorriso, enquanto sacudo minhas mãos e, logo depois, passo o paninho pelas bordas (?) da pia que sempre ficavam cheias de espuma.

— Que horas são? — Boceja se sentando em uma das cadeiras.

— Já é quase meio dia, pai. — Aponto para o relógio.

— Meu Deus! — exclama se levantando rapidamente. — Filho, não deveria ter me deixado dormir até esse horário. — Dizia ele, cruzando os braços.

— Papai, ontem eu fui dormir tarde porquê estava estudando e devia ser quase duas da manhã quando ouvi passos subindo as escadas. — Levanto uma sobrancelha. — E você mesmo me dizia que não existem espíritos, não é? — Ele concorda. — Eu sei que ficou acordado até tarde. O senhor, — Aponto. — Precisa descansar também.

Passa as mãos pelo seu rosto. — Eu sei, meu filho, mas eu tinha que fazer as anotações da lanchonete. Você sabe. — Se aproxima e segura minha mão. — Agora você vai almoçar tarde, deve estar faminto...Eu sou péssimo pai.

— Pai! — Rio de seu drama. — Para com isso, você sabe que eu não ligo para comer ou não. — Aperto sua mão.

— Mas deveria ligar, hm? — Observa e sei do que está falando.

Desde que comecei a sofrer bullying pela minha aparência, passei a ficar muito mal. Quando era uma criança eu apenas chorava no banheiro da escola depois da aula de educação física por usar roupas que marcavam...muito tudo que tinha e todos os meninos da minha sala ficarem fazendo piadinhas, ou durante o recreio que batiam na minha nuca e apertavam minha barriga e bochechas.

Porém, quando comecei o fundamental dois, tudo piorou.

Começaram a me xingar e chamar por "apelidos" tóxicos. Foi nessa época que voltei a fazer minhas aulas de dança, especificamente o ballet e danças modernas. Eu comecei a emagrecer, mas também foi a época que comecei a desconfiar sobre minha sexualidade.

De alguma forma, descobriram que fazia ballet e começaram a me chamar de nomes feios e homofóbicos. Nunca chegaram a me bater por isso, mas me diziam coisas tão ruins que às vezes acho que um soco doeria menos.

Strawberries & Cigarettes - jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora