Capítulo 04

21 2 7
                                    

Leonardo chegou ao cemitério junto com seus pais, e logo foram prestar solidariedade à família toda de Fernando.

- Obrigado por virem. - Agradeceu a Leonardo e seus pais.

Durante todo o velório e enterro Léo não disse nada, apenas ficou ao lado de Nando. O abraçando e confortando quando necessário, e no fim das contas, realmente não havia nada o que dizer.
Malu também se manteve calada, pois nada que dissesse ia ajudar muito. Nando sabia, que ela estaria lá. Mesmo sem saber o que dizer, ela era boa oradora no geral. Mas essa era uma das situações que ela sabia que palavras não eram necessárias.

No momento em que o adeus foi definitivo, foi sem dúvidas o ápice da dor de Fernando. Ele nunca mais veria o pai...

Após se despedirem de todos e estarem com os documentos necessários em mãos, Léo os levou para casa.

Dona Joana sempre foi uma mulher forte, mas diante da situação, mesmo que estivesse tentando fingir que estava bem, seu mundo estava desabando.
Pedro e Marta sempre foram tão amigos dos vizinhos, e num momento como aquele de tamanha necessidade, não mediram esforços em prestar seu auxílio a agora então viúva de Valter.

- Malu, vai você mais Léo na padaria buscar umas coisinhas pro Nando e pra Joana comer. - pediu Marta, tirando seu cartão da bolsa e entregando discretamente.
- Pode deixar, eles estão sem comer desde cedo. Mesmo que uma besteirinha eles tem que comer. - concordou Malu, já se dirigindo a Léo. - Léo, minha mãe pediu pra gente ir na padaria. Eles vão ficar aqui com eles.
- Claro, vou só pegar a chave. - concordou ele de imediato, quando foi em direção da mesa onde tinha deixado as chaves viu que Nando o olhava, com um olhar de dúvida. - Nando, vou ir na padaria com a Malu e já volto. - o olhar de Nando se tranquilizou no mesmo instante.

Ele entendia a reação dele, afinal eles estavam acostumados a que ele partisse.

- Então, não tive coragem de perguntar antes. Mas o que foi? - perguntou Léo a Malu, ambos já dentro do carro.
- Infarto fulminante. Eles socorreram rápido, mas nesses casos nem tem o que fazer.
- Sim, já ouvi alguns relatos. É foda.
- Sim, é foda. - ela concordou e apontou a direção da padaria - Não acredito que você não se lembra dessa padaria.
- Faz um tempo. - e então percebeu quanto tempo tinha ficado afastado. - Desculpe. Por não aparecer por tanto tempo.
- Não podemos ter essa conversa agora. - Malu respondeu de forma ríspida.
- Certo. Vamos comprar as "besteirinhas" - ele fez as aspas com a mão, rindo do jeito que Malu falava. Ela riu também.

Após pegarem alguns pães, salgados e refrigerantes, eles se dirigiram ao caixa para pagar. Malu tirou o cartão do bolso para pagar, mas Léo o fez antes.

- Não precisa não, eu pago.
- Larga de ser besta, deixa que eu pago. - disse Léo já entregando o cartão para o atendente.
- Besta é tu. - Retrucou Malu exaltada. Léo riu, Malu sempre retrucava tudo.

- Olha, eu sei que eu disse que não teríamos a conversa agora. - começou Malu ao entrarem no carro. - Mas, dada as circunstâncias, acho que devia falar sobre.
- Prossiga. - encorajou Léo.
- Olha Léo, eu e o Nando já acostumamos sabe, com suas idas e vindas. Não quero falar sobre isso agora, - ela respirou fundo - não exatamente. Só precise que você fique por um tempo. Ele vai precisar da gente. Pelo menos por enquanto, fica por perto.
- Claro, a situação é diferente. Ele precisa de apoio. Prometo que vou ficar dessa vez. - respondeu de prontidão.
- Não prometa nada, não se não tiver 100% de certeza que vai cumprir. Não prometa, só esteja por aqui. Por enquanto pelo menos.
- Claro.

Ele não deveria se ressentir do que ela disse, não era nenhuma mentira, ele já havia sumido nos momentos que eles precisavam de apoio antes. Não esteve presente em momentos importantes para ambos.
A culpa da desconfiança que estava recebendo era dele, e por mais difícil que fosse admitir isso, ele sabia que merecia aquilo.

-Gostaria de mudar muitas coisas que passaram. - Léo disse após estacionar em frente a casa. - Mas eu não posso, o melhor que posso fazer por ora, é ficar e oferecer meu apoio incondicional a ele.
- Obrigada. Apesar de tudo fico... - ela interrompeu sua fala, pra checar seu telefone que havia começado a tocar. - Oi Ro, chegamos agorinha pouco. Posso te ligar depois? Tá bom, nos falamos pelo whats. Beijo, tchau.
- Quem era? - Léo indagou, curioso.
- Meu namorado. Vem, vamos entrar.

Léo engoliu em seco e a acompanhou para dentro da casa.

That Time Of YearOnde histórias criam vida. Descubra agora