Trick or Treat

If the pain goes on Im not gonna make it!

Louis olhava distraído para algum ponto qualquer na direção da grande janela do escritório. Já estava há pelo menos quatro horas dentro daquele cubículo de sala, sentado em uma das cadeiras em volta da mesa de reuniões enquanto seu chefe tagarelava sem parar. 
         Do lado de fora o sol ia se despedindo, aos poucos a noite chegava juntamente à lua que se colocaria imponente no alto do céu, enquanto o velho à sua frente gesticulava exageradamente arrancando brevemente risadas discretas do homem. No entanto, estava muito cansado e tudo o que queria era ir para sua casa e ter uma folga daquela empresa durante os três dias seguintes. Veja bem, Louis gostava de seu trabalho. Era muito bem remunerado e dentro daquela empresa era muito bem reconhecido pelo o que fazia, de fato não tinha do que reclamar.

         Era jovem, tinha uma casa bonita em uma rua tranquila e era completamente independente. Mas talvez o fato de estar se dedicando única e exclusivamente ao trabalho há tanto tempo e não ter com quem compartilhar seu sucesso começara a deixa-lo um pouco chateado.Ao fim da reunião seu chefe, com quem tinha uma ótima relação, desejou-o um bom descanso e então rumou pelos corredores compridos e largos do enorme prédio onde trabalha. Já no elevador desceu até o subsolo, onde ficava o estacionamento, procurou por seu carro e quando o achou partiu por fim para seu descanso merecido de três dias.

         O céu se pintara de escuro e estrelado, como se respingassem tinta branca numa superfície negra, quando estacionou seu carro em frente a sua moradia. Desligou o automóvel e desceu do mesmo ativando o alarme e dando uma boa olhada em volta. As casas já tinham as luzes da rua ligadas e, além destas, em alguns pátios ainda havia abóboras iluminadas com luzes em seu interior. Ah, Louis quase havia esquecido que hoje era noite do dia das bruxas.

         Ouviu sua vizinha gritar pelo filho do lado direito e instantaneamente olhou na mesma direção. Harry, o filho mais velho do casal Styles, tinha dezessete anos e nesse momento cavava alguma coisa no jardim de sua casa. Ele gritou de volta para sua mãe e olhou para Louis que acabara de chegar a frente à porta de sua casa. 

         – Boa noite Sr. Tomlinson! – O menino cumprimentou simpático como de costume. Harry era um bom garoto. Vivia em uma pequena vizinhança onde qualquer coisa era motivo de fofoca, mas Harry nunca estava envolvido em nenhuma delas, além de ser bastante solidário para com todos à sua volta. Tomlinson sempre teve uma enorme simpatia pelo garoto. 

         – Boa noite Harry. – Respondeu simples esboçando um repuxar de lábios finos em educação, entrando em casa e trancando a porta atrás de si logo em seguida.

         Largou suas roupas pelo chão, fazendo uma trilha até a porta do banheiro onde se arrastou preguiçosamente até em baixo do chuveiro relaxando aos poucos com a água morna que caía sobre seus ombros doídos. Depois de um longo banho juntou as roupas espalhadas pela casa e rumou até a cozinha na intenção de arrumar os doces que havia comprado no inicio da semana especialmente para aquele dia. Separou as balas, pirulitos e bombons em potes de cores diferentes e os levou para a estreita mesinha ao lado de sua porta. Atirou-se em seu sofá ligando a TV onde, em todos os canais, passava algum filme de terror ou alguma reportagem especial sobre o Halloween. Louis gostava dos dias das bruxas, fazia lembrar-se de sua infância, mesmo que desde aquele tempo as histórias sobre esse dia sempre fossem as mesmas; De que a porta entre o além e o mundo dos mortais era aberta e os demônios caminhavam entre as pessoas. Riu de si mesmo, levemente nostálgico se divertindo com as próprias memórias, lembrava-se de quando tinha medo dessas historinhas bobas. Geralmente, passava alguns dias sem dormir direito e dependendo do impacto da história, corria para a cama da mãe e não saia de lá até que o sol raiasse e desse o ar de sua graça. Ah, a doce inocência de quando se é criança...