♡ Próprio Cupido ♡
— Tchau, mãe! — desço correndo a escada e saio de casa. O vento faz com que a porta bata.
— Quebraaa! — minha mãe grita, como de costume.
Combinei com meu pai de ter uma hora livre antes de ir ajudar na barraca.
O lado bom de não ter ninguém pra ficar comigo no Arraiá é que posso ajudar meu pai sem me distrair ou atrapalhar ninguém. O lado ruim é não ter ninguém pra ficar comigo.
Infelizmente, até que eu não revolucione o Brasil e crie uma festa junina lgbtqia+, terei que ficar sozinho ajudando a barraquinha do pai.
— Mentira! — abro um sorrisão quando vejo a maquiagem de Gabriela. Ela faz o mesmo e aponta pra mim. — Não acredito!!
— Você viu no tiktok, né!? — ela pergunta enquanto nós abraçamos, escolhemos a mesma referência de maquiagem!
— Simmm!
— Se fosse combinado, não dava certo! — rimos e eu agarro o braço dela. — A gravata que eu fiz ficou linda, né?
Gabi criou o próprio ateliê aos 17 anos, com ajuda da avó. Ela é minha inspiração pra ser independente financeiramente.
— Ficou! Alias, amei sua saia.
— Você não viu tudo ainda, bebê. Cê acha que eu ia fazer uma coisa tão simples assim? — dou um sorriso e continuamos andando até a entrada da praça. — Vai doar algo esse ano?
O pessoal que arrecada doações sempre aproveitam esses eventos para incentivar as doações.
— Sim, está com meu pai, ele foi mais cedo para montar a barraquinha.
Conforme vamos chegando perto, vemos mais e mais pessoas e indo na mesma direção. Adoro festa junina!
— Cuscuz não tem época, mas hoje eu estrapolo! — digo quando entramos na praça, já caçando uma barraquinha. Vejo de longe o Miguel e já mudo o semblante, a ponto da Gabi perceber.
— Ah, não! Sem essa, hoje não. — ela me puxa pra direção oposta, onde vimos o Cupido.
Começo a observar a praça, a prefeitura se superou esse ano, tá lindo! Tem uns lugares pra tirar foto e as barraquinhas estão bem decoradas, com barreiras pra organizar as filas. De longe já dá pra ver a fogueira decorativa, bem alta MESMO. A área das crianças está meio abarrotada, mas aceitável. Tomara que não chova que nem no ano passado.
— Gabs! — de repente, o Cupido está na nossa frente. — Cê conhece geral, né? Tenho que entregar uma cartinha pra um tal de Elias, disseram que é baixinho, de aparelho e...
— Sei quem é! Vem, eu te ajudo a achar ele. Já volto, amigo, compra um milho pra mim? Com manteiga?
— Compro, sim. — ela se desgruda do meu braço e sai na frente.
— Tchau, Téo. — franzo o cenho, como ele sabe meu nome?
Enfim, vou até a barraquinha do milho e fico na fila que, por sinal, está bem grande já. Um milho com manteiga vai cair bem nesse começo, ein...vou comprar pra mim também!
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Próprio Cupido
RomanceTéo, morador de uma cidade pequena, está pensando em um certo alguém que não quer assumir ele. Tudo que passa pela cabeça dele é que ele queria muito, muito mesmo, que Miguel estivesse ali, naquela festa junina, dançando agarradinho com ele, sem se...