O sininho pendurado na porta tocou estridentemente, indicando um novo cliente. Asahi levantou a cabeça e encarou de maneira perplexa a figura nanica que adentrava sua floricultura, exalando uma presença e intensidade anormais apesar da pouca altura. Sentiu-se corar, porque ali, bem na sua frente, estava seu maior crush desde o ensino fundamental: Yuu Nishinoya, o jogador de vôlei mais lindo e gostoso da Karasuno.
Via-o de vez em quando nas quadras ou andando pela cidade, e sempre se perdia na beleza do garoto, se perguntando como alguém podia ser tão lindo e tão maneiro ao mesmo tempo. Era realmente muito injusto que algumas pessoas nascessem tão perfeitas assim! Apesar de ter todas essas ideias a respeito de Nishinoya, nunca conseguira reunir coragem para chegar nele. Sua covardia o irritava bastante, mas não era como se pudesse se livrar dela tão facilmente.
— Ei — chamou ele do outro lado do balcão, conseguindo ultrapassá-lo apenas por alguns centímetros. Ignorando esse detalhe, o cliente jogou quatrocentos ienes no balcão e encarou o floricultor com olhos afiados. — Como é que eu mando alguém ir se foder na linguagem das flores?
Asahi arregalou os olhos, abriu e fechou a boca procurando uma resposta, e por fim engasgou com a própria saliva, tendo um acesso de tosse tão forte que Nishinoya achou necessário pular o balcão para ir lá estapear as costas do moço, distribuindo golpes fortes e impiedosos enquanto gritava para que ele não morresse antes de lhe dar uma resposta.
— Eu estou bem, obrigado — respondeu Azumane, rouco, erguendo a mão para sinalizar que não ia morrer. — Me desculpe, é que isso foi bem inesperado.
— Oh, certo, eu devia ter sido mais sutil — reconheceu Yuu, sorrindo brevemente. — Mas é que… ah, ele me tira do sério, aquele vagabundo nojento!
— Quem? — arriscou Asahi, curioso.
— Ushijima, é claro! — respondeu em tom de obviedade. — Quem ele pensa que é pra dizer que Oikawa é fraco? Aquele merdinha, vai se arrepender de subestimar Aoba Jousai e o Karasuno!
— Entendo… rivalidade de times, não é? Já tive minha época — sorriu Azumane, parecendo subitamente nostálgico.
— Você também joga? — Nishinoya pareceu genuinamente curioso, medindo o floricultor de cima abaixo.
— Jogava, mas hoje em dia estou meio fora de forma — respondeu sem graça, coçando a nuca.
— Deveria voltar! Nosso time bem precisava de uma presença forte, acho que vou falar com Daichi… mas enfim, como eu posso mandar alguém ir se foder na linguagem das flores? — tornou a indagar, novamente com aquele ar determinado.
— Eu não sei, acho que não há como fazer isso — ponderou Asahi, sério.
— Tem que ter! Você é floricultor, tem que saber! — teimou Yuu, inconformado.
— Eu posso pesquisar… — mentiu Azumane, apenas para tranquilizar aquele mini furacão agitado.
— Certo, então. Volto amanhã pra obter minha resposta — decidiu Nishinoya, sorrindo satisfeito. Pegou seus ienes, pulou o balcão novamente e saiu da floricultura de forma repentina, tal como havia entrado.
Asahi apenas ficou ali, parado, encarando a porta com uma cara de paisagem. Gostaria de ter tido uma chance de conversar normalmente com seu crush, aquela tinha sido uma ótima oportunidade que ele perdera mais uma vez graças a sua covardia. Irritado, balançou a cabeça, imaginando que nunca mais algo assim aconteceria.
Não poderia estar mais enganado.
***
Asahi tentou não deixar o queixo cair, mas foi bem difícil ao ver ele ali na tarde seguinte, suado e com o rosto corado. Ao que parecia, tinha acabado de sair de um treino.
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A linguagem das flores
FanfictionAsahi entendia o básico da linguagem das flores, mas não tinha a menor ideia de como poderia mandar uma mensagem mal educada para alguém por meio delas. E Nishinoya não pareceu muito satisfeito com essa resposta.