Jiang Paciência Cheng

662 143 125
                                    

Ele suspirou frustrado, agarrou o volante firmemente, fitou a caixa de balinhas próximo ao câmbio, e depois desviou o olhar violeta impaciente para o celular preso no apoio do painel do carro. Jiang Cheng não acreditava no que estava acontecendo agora, no que estava prestes a fazer: ser motorista de Uber.

O que o desemprego não faz, né? Apenas queria seu próprio dinheiro, para não depender de ninguém. Wei WuXian sugeriu e Jiang Cheng tinha um carro, um Renault Sandero semi-novo, então... por que não? Agora, ele se questionava se deveria ter mesmo dado ouvidos ao irmão. Cheng nem de gente gostava! Imagina ter que lidar com elas.

E lá estava a notificação na tela do aplicativo, perguntando se ele aceitaria a viagem. Rapidamente aceitou de uma vez e apareceu a localização no GPS. Até que o local era perto. Colocou o cinto e deu partida no carro, mas no meio do caminho infelizmente havia um congestionamento. Dia de chuva era assim, os motoristas desaprendiam a andar de carro. Que droga!

"Bom dia!"

"Por que está demorando?"

"Trânsito"

"Acelera aí, tô com pressa"

Jiang Cheng leu a mensagem que seu passageiro havia mandado. Conteve a vontade de revirar os olhos, pois se o fizesse, com certeza prejudicaria seus globos oculares.

A primeira viagem estava indo tudo bem, tudo tranquilo. Jiang Cheng nem estava com vontade de matá-lo antes mesmo que entrasse no carro.

"Problema não é meu. O carro não voa."

"Credo, que grosso."

Ao chegar no local, Jiang Cheng ainda teve que esperá-lo descer do edifício, trancar o apartamento e pegar um elevador. Bom senso passou longe. Felizmente só trocou um "bom dia" com a criatura desprezível e encerrou a corrida.

É, não foi um desastre.

Aceitou outras corridas, trabalhou o dia todo e continuou a rotina durante toda a semana. Ficou surpreso por não ter desistido e feliz porque não matou ninguém ainda. Mas só naquele curto período de trabalho ele já se irritou com algumas coisas bobas, pessoas sem noção e outras folgadas demais.

"Boa tarde amigo"

A primeira coisa que passou pela cabeça dele foi: Não, eu não sou seu amigo. E: lá vem.

"Pode levar 5 pessoas? Dá essa força!"

"Claro que pode!"

Ele respirou fundo, em uma tentativa falha de conseguir um autocontrole inexistente.

"Pode, pode IR PRA CASA DO CARALHO, SEU FDP"

Por que as pessoas continuavam insistindo com aquilo?! Caralho, não era ele que não deixava, é contra a lei! Jiang Cheng não estava a fim de pagar uma multa por causa de passageiro folgado. Ele que lute.

"Eu não quero carro velho"

Outro passageiro mandou mensagem assim que Jiang Cheng aceitou a corrida.

"Compra um pra tu então, arrombado"

Contudo, nem só de estresse e ódio se resume a vida de Jiang Cheng trabalhando com a Uber. Às vezes, em suas avaliações, além das pessoas recomendarem um calmante e terapia, aparecia mensagens do tipo:

"Motorista muito gato, tá de parabéns. Oh lá em casa, com essa cara de quem quer me matar, já quero"

Ele não sabia se ficava feliz com o "elogio" ou irritado, se achava bom ou ruim. Só era estranho pra caralho! Era Uber e não Tinder, aplicativo errado. Mas tudo bem, esse não era o pior lado de trabalhar de motorista.

Jiang Cheng em: Como ser um motorista da UberOnde histórias criam vida. Descubra agora