Do (R)e Mi - Imagine Dabi

Ocean Eyes

Hero’s, Para a comunidade em geral é uma banda modinha que rodava a cidade e estava ganhando fama. Para a U.A eram… “Os populares”. Para Izuku, uma maneira de passar o tempo e uma desculpa para ver o Katsuki quatro vezes por semana. Para mim, uma segunda casa… Não literalmente, eu não morava com eles… Eu vivia com eles!
 
Ao chegar na casa cor amarelo pastel do final da rua da zona média baixa da cidade, encontramos um loiro, MUITO irritado batendo o pé na calçada, enquanto olhava incansavelmente para os dois lados da rua, até parar na nossa dupla
 
Izuku largou a minha mão e segurou-se nos joelhos arfando, mas não mais que eu, apesar de estar feliz por ter finalmente terminado a maratona, estreitei os olhos na dúvida… “Onde estão todos?”. Geralmente os ensaios eram na garagem da casa do loiro, pois era o único sítio em que os vizinhos não tinham coragem de chamar a polícia
 
_ ATRASADOS!!_ E este ser amistoso que nos recebe tão calorosamente, chama-se Bakugou Katsuki, meu primo e Crush eterno do esverdeado, que neste momento olhava apaixonadamente para ele, como se agradecesse pelo mesmo gritar com ele, Masoquista? Talvez...
 
_ Sinto muito Kacchan, perdemos a hora
 
_ Fala baixo loira oxigenada eu ainda não sou surda _ É tudo amor, eu juro...
 
_ Do que é que me chamaste, Frozen?! Não me digas que estás de TPM?_ Eu e o meu amado primo, trocamos faíscas pelos olhos até Midoriya vir para nos impedir de cometer a terceira guerra mundial em plena calçada
 
_ Por falar em Frozen, onde está aquele meio a meio de merda, ele não vive colado em a ti?_ Claro que ele falaria de Shoto
 
_ Nós terminamos ontem... _ A minha voz saiu menos firme do que eu gostava de admitir, mas foi o bastante para mostrar confiança… Está tudo bem… Vai ficar tudo bem...
 
_ … _ Não houve reação por parte do loiro, ele parecia estar a pensar em algo complicado, diferente do que eu previa, Katsuki, não usou o meu término recente para rir da minha cara, talvez ele seja decente, afinal 
 
_ Ne Kacchan, onde está todo o mundo?_ Gentilmente Izuku mudou de assunto, fazendo com que eu suspire agradecida
 
_ No estúdio…
 
_ Desde quando a gente tem um estúdio?_ Deku parecia confuso
 
_ Essa é a razão para eu estar sempre atrás de vocês, PARA QUE SERVE A PORRA DO CHAT DEKU INÚTIL? _ O baixinho em questão não era muito de ficar colado no seu aparelho móvel, ele curtia mais de ler, um completo nerd, digno do Curso de Literatura, por isso perdia sempre as chamadas de grupo, o que resultava num mal entendido…. E um loiro muito…... pistola
 
_ Bem, resumindo, Jirou conheceu um tipo que tem um pequeno estúdio em casa, e como nós temos de gravar o primeiro CD, ele vai emprestar para nós usarmos por enquanto, além de que o Denki torceu o pulso e só volta a tocar para a semana, ou seja ele também vai tocar connosco para substituir aquele idiota… Estou a contar contigo para tirar fotos e gravar no estúdio, Nora _ Acenei em silêncio, pensando já nos planos que ia fazer para a sessão de fotos. 
 
Acontece que, depois de começar o Curso de Fotografia e me tornar responsável pelo site “PLUS ULTRA” da Universidade U.A, (devido a enorme quantidade de pontos extra que a tarefa me dava) também conhecida por ser melhor universidade e centro de cultura adolescente da cidade e dar as melhores festas. Tenho feito todo o trabalho de imagem e divulgação da banda, que também serve como treino, e tese final para o meu curso… Além de passar tempo com os meus amigos e estar sempre ligada à música, que eu tanto amo, resumindo eu fazia todo o trabalho de marketing e divulgação dos Hero’s
 
Depois de caminhar mais 3 quadras, chegamos numa rua estreita ao lado da avenida central. Entramos numa porta com vários adesivos e letreiros de línguas diferente e um grande “Keep out” no centro, que eu achei muito estiloso por sinal. Queria decorar a porta do meu quarto da mesma maneira, mas graças a minha mãe, teria de me contentar com a tinta branca
 
Achei a mensagem bem específica “Fiquem longe” ou “não incomodar”, também tinha escrito “Entrada para empregados”, mas como o Katsuki não era sinônimo de cortesia, ele começou a esmurrar a pobre da porta, já com mau aspeto, até o metal ranger anunciando que alguém estava abrindo, mesmo assim, Kirishima quase levou um murro do loiro
 
_ Calma ai _ O ruivo com caninos salientes, sorriu como se fosse divertido ver o meu primo irritado, o que de facto era _ Estão atrasados!
 
_ A culpa é do Deku..._ Ele aponta para o esverdeado, como se fosse uma criança livrando-se da culpa
 
_ A culpa foi da Nora… _ Foi a minha vez de ser apontada pelo pedaço de gente que eu chamava de amigo
 
_ ..._ Tive vontade de dizer “A culpa é do Shoto!”, mas contentei-me por levar com as culpas enquanto dava de ombros _ Sou culpada...
 
_ Venham nós já começamos a preparar tudo
 
_ Vão na frente, eu quero tirar umas fotos aqui fora _ Aquelas paredes tinha muitos grafites estilosos, nada ver com a bagunça que se via pelos muros pichados da rua, aqueles eram quase artísticos
 
O ruivo, o loiro e o esverdeado pareciam não entender a minha nerdice pela fotografia de StreetArt, então apenas entraram deixando a porta aberta para mim, “que cavalheiros”, ironizei na minha mente
 
Depois de um tempo entrei no edifício pela porta dedicada aos funcionário do estabelecimento (a partir daqui podem buscar as imagens da capa) e fiquei encantada com a quantidade de posters de bandas e discos que forravam o espaços da fachada de um bar estilo Americano anos 80, passei direto e no fundo do corredor estava uma cabine telefônica estilo Londres, e do seu lado um lance de escadas onde cada degrau era dedicado a uma banda diferente. 
 
Os meus olhos estavam no paraíso e a minha câmara não parava de disparar, ia fazer um bom trabalho digital com aquele material, talvez ajudasse na capa do CD. 
 
Estava tão feliz com as fotografias, que não notei o moreno no topo das escadas e acabei por encostar nele 
 
_ Ops _ Quase deixei cair a máquina fotográfica, que custava mais que o meu rim, se não fosse o poste de gente no qual esbarrei, talvez eu é que era demasiado pequena… Mas só talvez… Apenas uma hipótese hipotética _ Obrigada...
 
_ És a prima do Bakugou? Eles estão à tua procura _ Curto e grosso. Virou a costas sem nem conseguir identificar quem era… Já peguei ranço
 
Depois do bar e no topo das escada, existia um corredor de portas com números, fiquei um pouco perdida sem saber em qual entrar, já que a criatura mal educada que tinha salvado a minha vida - Talvez esteja a exagerar- tinha desaparecido magicamente, mas então um forte ruído de guitarra soou pela última entrada do corredor que possuía um letreiro neon brilhante escrito “Rock ‘n’ Roll” e punha a mão no fogo como tinha sido o retardado do Denki e guitarrista da banda, que causava aquela poluição sonora. Assim que invadi o espaço, tapei os ouvidos, imitando todos os que ali se encontravam
 
O estúdio era elegante, bem equipado e forrado a esponja anti-acústico e madeira clara, e por ele ressoava um forte chiado agoniante de quem tinha posto o amplificador alto demais depois de tocar um acorde estupidamente agudo. Esse alguém era o estudante de engenharia eletrônica, Denki Kaminari e guitarrista dos Hero’s, ou só “Retardado”, para os amigos chagados
 
_ Nora! chegaste! _ O loiro na guitarra estava com um dos braços engessados, mas pelos vistos isso não o impedia de perturbar a humanidade em geral
 
_ Oi Denki _ Acenei brevemente e foi-me para um canto, o meu humor foi para o ralo, estou depressiva, aceitem
 
O loiro olhou para Izuku, buscando alguma justificação para a minha rara falta de humor, mas o esverdeado só encolheu os ombros como quem diz “Deixa ela”
 
Peguei no meu tripé e comecei a montar o espaço de filmagem da primeira cena a ser gravada, para colocar no PLUS ULTRA. Os Hero’s estavam a fazer sucesso, eu estava muito feliz, além de isso aumentar a minha nota de curso, fazia-me sentir útil para os meus amigos 
 
_ Ok… _ Dei um longo aceno para todos _ Tudo pronto para filmar! O que vão tocar?
 
_ Vamos começar com um cover para aquecer _ Jirou Kyouka, segunda voz feminina, guitarrista e fundadora dos Hero’s. A morena, coloca o Microfone no lugar e olha para a vocalista principal Uraraka Ocacho _ O que achas Ura?
 
_ Talvez alguma coisa estilo… Billie Eilish..._ Enquanto as duas discutiam a música Bakugou voltou de uma sala adjacente juntamente com Izuku e um moreno muito alto que me chamou a atenção
 
_ O que achas, Nora? Bury a Friend ou Bad Guy?
 
Quando por fim encarei os seus olhos, senti o ar vibrar ao contemplar as safiras cor de oceano, que me afundaram num mar de chamas azuis
 
_ Ocean Eyes… _ Foi a primeira coisa que saiu da minha boca, da primeira vez que os nossos olhos se cruzaram…
 
Eu tenho observado você por algum tempo
Não consigo parar de olhar
para esses olhos de oceano
Cidades ardentes e céus de napalm
Quinze chamas dentro daqueles olhos de oceano
Seus olhos de oceano
 
Billie Eilish
Ocean Eyes (tradução)