Aeroporto.

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- Tá, eu só não acho que seja necessário você ficar assim só porque sua mãe morreu - disse Billie com desgosto no olhar enquanto se sentava ao lado de Luke na poltrona do avião da American Airlines.

- porque minha mãe morreu? Vem cá, você ouviu o que disse? - Luke perguntou indignado, tirando seu fone esquerdo do ouvido para ouvir com clareza a resposta da melhor amiga.

- Luke, já fazem seis meses!

Luke suspirou, desejando que ela ao menos se esforçasse para entender o lado dele.

- Por favor, se for pra dizer esse tipo de coisa e me cobrar sobre eu estar triste, cala a boca - disse ele.

- Você não aguenta que alguém discorde de você, não é? Egocêntrico!

- Você só sabe abrir a boca pra me deixar mal. E eu tô cansado disso.

E Luke realmente estava cansado, mas ele não tinha escolha. Sua mãe morrera há 6 meses e a solução que seu pai encontrara para melhorar a saúde mental do filho, ou pelo menos tentar, foi enviá-lo a um intercâmbio no Japão junto com Billie.

Era isso que Kevin Andrews fazia quando seu filho precisava de apoio: o mandava para longe para lidar com seus próprios problemas. Em geral, não gostava muito do menino porque o nascimento do mesmo fora um acidente, e Luke sabia disso.

Billie e Luke eram melhores amigos desde a 4ª série e, apesar de brigarem como crianças até os dias de hoje, a amizade estava durando até seus respectivos 17 anos.

- E você acha que é o único que tem problemas, isso também me deixa cansada! - Explicou ela.

Luke revirou os olhos, ele não queria continuar a conversa porque sabia que o tom de voz dos dois só aumentaria. Convenhamos, um avião não é o melhor lugar para se discutir em voz alta.

Depois de 9 horas de voo de Los Angeles, CA, nos Estados Unidos para Kyoto, no Japão, Billie e Luke desembarcaram do avião da American Airlines que estava lotado de pessoas. O aeroporto também estava, e isso incomodava bastante Luke que odiava aglomerações. Até mesmo no velório de sua própria mãe, Luke preferiu ficar do lado de fora da igreja porque não suportava todas aquelas pessoas juntas em um mesmo ambiente.

Não houve problema com nenhum dos vistos de Luke e Billie e então estavam, agora, na área de táxis aguardando a chegada da pessoa que tomaria conta deles durante a estadia no país.

- Sabe pelo menos o nome da babá? - Perguntou Luke.

- Não é babá, é Host Mom. E sim, eu sei. O nome dela é Georgina - disse Billie, mexendo no celular. Provavelmente trocando mensagens com a tal Georgina, pensou Luke.

- Georgina. - Repetiu Luke em um tom ignorante. - Não me parece um nome japonês.

- É porque ela é americana, como nós dois - Billie intercalou seu olhar entre seu celular e a rua, procurando algo com os olhos.

- Qual o sentido de vir para o Japão se vamos viver na casa de pessoas como nós?

Luke realmente não entendeu aquilo. Talvez a moça que vendeu o pacote de intercâmbio tivesse falado que a família que os acolheria no Japão seria americana justamente para evitar problemas com o idioma e a cultura, já que nenhum dos dois sabia como dizer um simples "Olá" em japonês. Mas Luke com certeza não prestou atenção, ao contrário de Billie.

- Acho que você não entendeu que seu pai só quis se livrar de você por um tempo, talvez devesse encarar isso como uma viagem a longo prazo e não como um intercâmbio. Não viemos aqui para aprender alguma coisa, viemos para fugir da merda que é Los Angeles.

Luke ficou quieto porque, no fundo, concordava com Billie. Seu pai o odiava e a ideia do intercâmbio era um uma escapatória para ficar sem o filho por perto por pelo menos uns meses.

A Mulher DesconhecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora