[SEM REVISÃO]
- Precisamos conversar – mamãe disse e eu gelei.
Nossos olhares se encontraram por uma fração de segundos e ela logo tratou de desviar. Procurei em minha mente algo que eu poderia ter feito que me colocasse em encrenca e não achei nada. Talvez eles já soubessem sobre a festa, isso seria minha morte.
- Vamos nos sentar na sala – falou meu pai, ansioso.
Minhas pernas eram gelatinas, mas eu consegui movê-las até a sala e me sentar no sofá, jogando a mochila ao meu lado. Meus pais se sentaram no sofá oposto, de frente pra mim, me olhando de maneira penetrante.
- Primeiro de tudo – começou meu pai, com aquela voz calma e paciente de sempre – eu quero que você entenda que nada disso é para o seu mau, pelo contrário. Foi uma decisão que tomamos, mas gostaríamos de saber da sua opinião já que tudo depende de você.
- Certo, estou assustada. – ri nervosa – O que está acontecendo? – franzi as sobrancelhas.
- Filha, você sabe que nós faríamos de tudo pelo bem da nossa família – mamãe falou – e que você e sua irmã são um tudo para nós... Entenda que não planejamos nada disso e que nós a amamos e jamais imaginamos que isso iria acontecer.
- Mamãe, você está me assustando – falei receosa – Nós estamos falidos, é isso? Porque se for, não tem problema. Eu arrumo um emprego de meio período para ajudar nas despesas, até dois. Mas não precisam ficar tão preocupados e de cabeça cheia, muito menos me assustar.
- Não é nada disso, filha... Vou te contar uma história que aconteceu de verdade – meu pai falou como se falasse com uma criança – Havia um moço que tinha um amigo de infância que era muito rico. Quando sua mulher estava grávida, ele saía com esse amigo e bebiam muito e acabaram acumulando algumas dívidas de jogo que foram pagas, é claro. O porém é que a maior parte das dívidas era desse moço e quem pagou foi o amigo rico e esse pediu que o homem assinasse um documento antes, uma espécie de declaração para afirmar que haviam pagado as dívidas. O que o homem não sabia era que tinha uma cláusula que entregava a sua filha, ainda não nascida, para o filho do homem rico como forma de agradecimento. A garota devia se casar com o menino assim que completasse 18 anos de idade, como estava escrito. A garota, hoje em dia, já tem 17 anos e completa 18 no próximo ano e terá que se casar com o filho do homem rico. Mas isso não é uma obrigação dela, já que ela não tem nada a ver, e pode muito bem dizer que não quer – uma pausa – O pai da garota quer que ela entenda que ele não fez isso porque quis ou de propósito. Ele espera muito que ela compreenda e o perdoe.
Eu escutava atentamente e tentava entender onde eu me encaixava ali. O que tinha eu haver com aquela garota além das idades parecidas? De repente, minha cabeça girou.
- Eu realmente espero que você entenda e, um dia, possa me perdoar Rachel. Eu não queria que isso acontecesse, meu bem, eu não queria te decepcionar ou à sua mãe. – as lágrimas desciam de seus olhos.
- Você precisa entender que seu pai está muito arrependido e nunca imaginou que algo assim pudesse acontecer – mamãe falou.
Eu já não ouvia muito bem o que era dito e minha respiração estava pesada e falha. Eu precisava sair daquela sala.
- Eu preciso ir – sussurrei e percebi que eu nem mesmo falei algo, pois mamãe continuou a falar sem me dar atenção.
Levantei pegando minha bolsa e subi as escadas. Ambos seguiam meus movimentos com os olhos, sem se moverem ou falarem. Subi as escadas segurando no corrimão e andei alguns passos pelo corredor.
Nem mesmo consegui chegar a meu quarto. Meus joelhos cederam e todo o ar se esvaiu de meus pulmões, apoiei minhas mãos no chão na tentativa de não cair.
- Rachel, você está bem? – foi a última coisa que ouvi.
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Abri os olhos lentamente. Pisquei algumas vezes para me acostumar com a luz e só então percebi que estava em meu quarto.
- Querida, você está bem? - minha mãe disse de maneira doce.
- Acho que não, mãe. Eu tive um sonho muito esquisito sobre casamento arranjado e dívidas de jogos - Ela deu um sorriso amargurado e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, fungando - Estou brincando, eu sei que não foi um sonho.
- Ray… eu sei que o que o seu pai revelou foi demais para você, também foi para mim. Mas, para ele foi pior ainda, ele não tinha idéia disso antes de alguns dias atrás e isso o deixou completamente devastado. Você não têm a obrigação de se casar com ninguém, mas, por favor, seja compreensiva com seu pai, não o culpe por ser um burro e idiota que entrega a mão da filha pra um desconhecido.
- Calma, mamãe, não se exalte. Eu entendo que eles eram amigos e que nunca se passou pela cabeça do papai que ele poderia fazer algo assim. Eu só fiquei… em choque. Quem faz uma coisa dessas hoje em dia?
- Pois é, só um louco… e um burro - ri, negando com a cabeça.
Depois de conversarmos e rirmos muito, mamãe se retirou do quarto. Nunca na vida houve um momento desses entre nós duas, a vida toda nós sempre arranjamos um jeito de pegar no pé uma da outra.
Muitas vezes parecia que não nos amávamos, mas esse era o nosso jeito de demonstrar amor entre nós. Jamais imaginei que podíamos demonstrar apoio de outra forma se não insultando e brigando.
O mais louco disso tudo é que eu estava me sentindo leve, como se essa revelação e aproximação fossem algo que eu havia esperado sempre, desde o ventre. E eu não estava brava com meu pai nem nada do tipo. De alguma maneira, eu compreendia aquilo como algo natural, confusões e idiotices comuns da juventude.
Mais tarde, desci para o jantar sorridente e alegre, como se nada e tudo tivesse acontecido. Misaki estranhou que eu estivesse tão animada e ainda sussurrou para mim que, mais estranho ainda, papai estava cabisbaixo e preocupado, e mamãe amável e gentil.
Sorri tranquilizadora e menti que papai perdeu uma aposta e mamãe queria recompensar sendo gentil. Adicionei que eu estava namorando e, então, a menina me encheu de perguntas e acabou não importunando nossos pais.
Terminamos o jantar e fui direto para meu quarto. Eu queria parecer tranquila para não os preocupar, mas sabia que eles sentiram que eu já estava tomando minha decisão.
Olá, meus doces. O capítulo tá muito curtinho e mal escrito (eu sinto isso), mas eu escrevi com amor nos dedos.
Eu reescrevi trocentas vezes, mas mesmo assim não gostei do resultado, se vocês não gostarem também podem me bater, eu deixo.
Voltem sempre, chu~ <3
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Eu Não Te Amo
Fanfiction🚨ATENÇÃO!🚨 Se estiver lendo está história em qualquer plataforma, que não seja o wattpad, provavelmente, está correndo o risco de sofrer um ataque virtual (vírus, malware)🚨 Lee Rachel, uma garota de 17 anos, cursando o último ano do Ensino Médio...