VENDETTA | Sir AKNOM

Vendetta | Capítulo Único

Por Guilherme Henrique

I

O vento soprava forte, a ponto dos flocos de neve que caíam sobre a pele tornarem-se imperceptíveis. A altitude contribuía para que o clima permanecesse assim, frio e pesado. No alto dessa grande montanha era possível ver uma pequena cidadela, cuja arquitetura peculiar e o tremular do estandarte do leão, indicavam ser possivelmente um dos postos da casa O'Naga. Um clã ancestral, uma linhagem antiga de grandes guerreiros com um passado desonroso de saqueadores, que levou a um presente sinistro de senhores da guerra, era conhecido por não ter conflito com outras famílias reais, até porque, para eles só havia uma linhagem real. Um clã de valor inestimável e orgulhoso de si e seu nome era O'Naga, os Leões do Sol.

Na mesma montanha, de pé havia um ser, cujo a respiração ia contra a brisa do vento, o ar que ele emanava poderia ser considerado vapor de tão feroz. A figura humanoide usava um quimono preto, suas pegadas na neve lembravam um humano, e sua postura parecia ser a de um homem, porém, seu cabelo longo e descontroladamente bagunçado, e barba descuidadamente grande, junto ao seu olhar fixo e vidrado, dava àquele ser um aspecto terrivelmente selvagem e demoníaco, seus punhos serrados transmitiam puro ódio, e em sua cintura uma catana na bainha.

O ronin mirava a pequena cidadela por algumas horas sem emitir som algum, além de sua respiração pesada.

Não se lembrava de estar cansado, ou de estar com fome, nem mesmo recordava seu próprio nome, mas tinha cada momento cravado na sua mente do que aconteceu naquela noite... A noite em que viu sua família morrer na sua frente, a noite em que uma criança teve as chamas em sua casa, onde o significado de caos foi compreendido, parentes gritando ao perderem suas vidas, amigos chorando de medo, seus irmãos ensanguentados e sem expressões, tudo que se via no céu era fumaça, e a bandeira do Leão tremulando. Distante a todo aquele massacre, era possível ver o homem que liderava o ataque, expressão fria, voz imponente, olhava com desdém da situação, enquanto o jovem ronin via sua família morrer, os soldados agiam como bestas, todos aqueles olhares ferozes pareciam ter saído do inferno. Para o rapaz era como se fosse o início do fim dos tempos, enquanto tudo queimava, o som das chamas se mesclava aos gritos de misericórdia. Foi um ataque que alguns diriam perfeito, exceto por deixarem um sobrevivente para de lembrar da história. Anos se passaram, o garoto cresceu e dedicou parte de sua vida para descobrir o nome de seu algoz, o homem que liderou o massacre de sua vila... Nobura.

O guerreiro sem nome cresceu com ódio em seu peito, todos os seus passos daquele dia em diante foram unicamente para servir a um propósito: vingar toda sua família. O homem abriu mão de sua vida normal, abdicou de tudo que poderia viver, casa, mulheres, filhos, tudo em prol de uma causa. Passou a treinar todos os dias, teve diversos mestres que, apesar de treina-lo, muitos deles morreram pelas mãos de seu aluno, o jovem estava sempre com o intuito de testar suas habilidades e se tornar cada vez mais forte.

Suas escolhas o levaram até o dia de hoje, naquele momento nada mais importava, o sem nome conseguiu de fontes seguras que naquela cidadezinha morava Nobura, este que além de coordena ataques, muito se dizia sobre suas habilidades com a espada, alguns o chamavam de A Garra do Leão, tendo subido do posto de capitão, á braço militar mais importante dos O'Naga. Por isso, o ronin buscou aperfeiçoamento em sua lâmina e em seu corpo, havia se tornado um com a espada, o demônio só vivia para saciar sua vingança. Hoje seria o veredito, iria colocar a prova toda sua habilidade, irá de encontro a seu inimigo e, completar seu destino. Nossa luta será lendária!

II

Ao fim daquela tarde cinzenta, o pouco do resquício do sol se desfez para dar palco a lua cheia e esplendorosa como só ela. Hoje, ela assistirá a fúria de um homem que não tem nada a perder, o guerreiro estava disposto a enfrentar o que fosse necessário para encontrar e Nobura.