Prólogo

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Pelas vielas deste pálido ponto azul
Vago sozinha
Apertando as sobras do meu
decrépito órgão bombante
Arrancando tantas vezes da minha
castigada caixa torácica
E recolado inúmeras vezes sem dó
Ouço o farfalhar das folhas
Encolhida
Apresso o passo
A luz do meu órgão bombante começa aos poucos a se apagar
Olho em volta desesperada
As sombras começam a se projetar em minha volta
Elas começar a ganhar formato
Se tornando imensas formas
Sussurram meu nome
Meu subconsciente vasculha
meu cérebro através
de pensamentos felizes
São poucos
Mas os que eu tenho
Deverão servir por enquanto
Meus olhos enxergam um claridade
Ela está distante
Esperança brota em meu interior
Corro o mais rápido que minhas cansadas pernas me permitem
As sombras me seguem
Chego ao meu destino
Não consigo domar meus
ductos lacrimais
Gordas lágrimas começar a
escorrer por minha face
Eu observo minha própria humilhação em um espelho
Meu órgão bombante está praticamente necrosado
Assim como a falsa claridade
Meu reflexo me mostra
O ser deplorável que me tornei
As formas sombristicas
se tornam maiores
A distância incabida entre elas e eu está se tornando cada vez menor
Suas vozes começam a
machucar meus ouvidos
Coloco a minha mão em um deles
Sinto o sangue quente escorrer em abundância
Olho para o meu decrépito órgão
Ele está completamente
tomado pela escuridão
Com um suspiro o aperto até que
ele se transforme em cinzas
Nada mais impede as sombras
Rapidamente elas me engolem
Como fui tola em achar que eu
tinha uma mísera chance
de vencer esta batalha
Ganhar nunca foi meu ponto forte.

Destino AmaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora