Uma noite com Noel

  Adoro essa época de Natal.

  As loja ficam movimentadas, as ruas enfeitadas, e as pessoas parecem esquecer um pouco a arrogância. Além de, normalmente, haver uma deliciosa ceia em família. Família essa que, muitas vezes, junta-se apenas nessa época. Eu, por exemplo, só encontro meus irmãos no Natal.

  Gustavo, meu irmão mais velho, mora em Curitiba, e Gabriela, minha irmã do meio, mora em Santa Catarina. Eu sou a única que ainda não resolveu a vida e mora com os pais. Mas isso vai mudar, assim que eu terminar a faculdade.

  Meu sonho é viajar, conhecer vários lugares diferentes, mas para isso é preciso ter dinheiro. E, infelizmente, ainda não tenho condições financeiras para viver uma vida de nômade.

  Faço Administração e pretendo conseguir um emprego em uma grande firma, que me mande para vários estados para resolver assuntos relacionados à empresa. E, pensando nisso, resolvi me matricular no inglês. Termino daqui a dois anos.

  Mas, enquanto nada disso acontece, estou passando meu tempo com a Juju, a filhinha da minha melhor amiga. Ela é um amorzinho, mas espero que a mãe dela volte logo, porque essa menina tem uma bateria que parece não acabar nunca. E a proximidade do Natal a deixou ainda mais elétrica. Socorro!

  — Tia, tia! Olha lá o Papai Noel! Vamos lá! — gritou toda empolgada, me puxando pela mão em direção à uma fila de crianças esperando para falar com o bom velhinho.

  Nem tive como protestar. Apenas a levei até a fila — que estava bem grande por sinal —, e fiquei esperando chegar a vez dela.

  E como esperei!

  Na minha época, as crianças costumavam pedir apenas um presente para o Papai Noel, mas as crianças de agora parecem pedir uma loja inteira.

  — O que você vai pedir pro Papai Noel?  — pergunto.

  Ela dá um sorrisinho maroto. — A nova Barbie que tem um cachorrinho que faz cocô. — responde.

  Será que essas loja não têm mais o que inventar? Um cachorro que faz cocô? Que nojento!

  — E você, tia? Vai pedir o que pra ele? — pergunta olhando para mim.

  Ri da sua inocência.

  — Já sou grande. Não posso mais pedir presente pro Papai Noel. — digo sorrindo.

  — Claro que pode! — afirma — Já tá chegando a nossa vez! Pensa rápido em alguma coisa!

  Tão pequeninha e tão mandona. Vê se pode!

  Até que eu gostaria de pedir um presente e encontra-lo na manhã do dia 25 embaixo da árvore de Natal. Talvez poderia pedir um carro, já que tenho carteira mas não tenho dinheiro para comprar um. Ou talvez pedisse uma boa quantia em dinheiro para fazer minhas viagens pelo mundo. Bom, mas acho que o que mais preciso no momento, Papai Noel nenhum pode me dar. Na verdade, não é um tipo de presente que se pede ao bom velhinho. Mas bem que ele poderia dar uns presentes mais ousados para os adultos, né? Como uma noite maravilhosa de muito sexo. Tem taaanto tempo que não transo com alguém. Quase cinco meses. E mesmo assim, as transas que tive não foram tão boas.

  Gostaria de alguém que soubesse me dar prazer. Claro que eu também daria muito prazer à pessoa, mas gostaria de receber também. Mas a maioria dos homens só pensa em si mesmo e esquece que nós, mulheres, também queremos sentir muito, muito, prazer.

  — Acorda, tia! É a nossa vez! — Juju me tira dos meus devaneios loucos, me puxando em direção ao Papai Noel.

  — Oi, Papai Noel!  — fala toda simpática e sorridente.