Capítulo 1: Vizinhança Às Claras

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É dia 3 de julho, a cidade de Serena amanheceu calma e luminosa, trazendo a brisa fria da manhã com um nascer do sol acompanhado de nuvens espessas.

Aos poucos as ruas vão se iluminando, revelando calçadas e asfaltos acinzentados, cobertos da areia trazida pela brisa.
A cidade que era pequena, agora era tomada por manifestações distintas de moradores que abriam seus estabelecimentos e caminhavam para seus compromissos compassadamente. Na rua 217, o sr. e a sra. Monteiro haviam se despedido de suas duas filhas e então rumavam o trabalho no banco, que ficava no centro da cidade.

Em casa, Dara passa pela sala e encontra sua irmã assistindo um programa de auditório qualquer, no qual ela não deu atenção, e logo após seguiu pela casa e subiu as escadas. Elas levavam ao segundo piso, onde ficavam três quartos e um banheiro, e em um desses quartos, no de hóspedes para ser mais preciso, um hóspede despertou pelo ruído de porta abrindo quando Dara entrou.

Dara: Sabia que eu consegui te escutar roncando lá do quarto?

Froy esfrega os olhos e boceja enquanto Dara se aproxima e se senta na cama com ele.

Dara: Você tá bem, dormiu direito?

Froy: É. Eu tive menos pesadelos dessa vez.

Dara: Bom.. que bom então. Froy, bem..

Froy: Eu já sei Dara, seu pai mandou eu ir embora.

Dara: É, e já foi muito ele deixar você passar a noite aqui. Ele deixou a Corali vigiando caso ele ligasse e eu mentisse dizendo que você já foi embora.

Froy: Tá tudo bem, eu não quero te causar problemas. Ainda mais do que eu já causo.

Dara: Froy para com isso. Você sabe que eu escolhi estar com você, independente de como as coisas funcionam.

Froy: Eu sei, e é por isso que eu sou grato à você demais.

Apesar dos olhos inchados, Dara pôde ver um certo nível de melancolia neles.

Dara: Então pra mostrar sua gratidão, você vai levantar, ir pra casa e tentar não quebrar nada até mais tarde.

Froy: Você sempre tem que tirar a graça de tudo né.

Os dois se levantam, Froy colocando os braços em volta da cintura de Dara.

Dara: Meu pai já deve estar chegando no trabalho, você tem que ir.

Froy: e meu cumprimento de bom dia não tem não?

Dara: O banheiro fica à esquerda, tem escova e pasta de dente..

Froy: ah Dara, não complica..

Dara: Dá um trato nessa cara primeiro que a gente conversa depois. Vou fazer alguma coisa pra você comer.

Ela sai do quarto e fecha a porta,
deixando um Froy ainda meio sonolento lá dentro.

Há algumas ruas depois, uma casa no final da rua 202 chama a atenção de curiosos da região que costumavam trafegar por ali perto. Talvez pelo fato de ser uma casa robusta, com uma área extensa e uma cerca que circula todo o território, ou talvez por conta do seu dono, o Diretor e produtor Fabrini Pimenta, um homem renomado e respeitado pela maioria dos habitantes.
Seu filho mais novo Andria, mora com ele na casa, enquanto o filho maior de idade foi morar fora, e sua ex-esposa acompanhou o filho na viagem.

Andria nunca teve uma relação muito íntima com o pai. Apesar do fato de morarem juntos, Fabrini sempre foi um homem muito ocupado que sempre priorizou seu trabalho em todas as situações. Andria acredita que o mesmo motivo foi o responsável pela separação de seus pais quando ainda era novo.
Já era tarde quando ele desceu para o café da manhã. Seu pai estava sentado à mesa, tomando café puro e lendo o jornal quando ele se juntou à ele e pegou a cafeteira.

Andria: Bom dia pai.

Fabrini: Isso não são horas de levantar.

Andria: Você também tá tomando café agora qual o problema?

Fabrini: Eu estou tomando o café agora porque desde cedo estou trabalhando e resolvendo questões do meu projeto novo, ao contrário de você, que fica acordado até tarde fazendo sabe lá o que e depois não consegue acordar na hora.

Andria: Na hora do que pai? Do que você tá falando? Caramba, eu tô de férias..

Fabrini: Na sua idade eu não tirava férias Andria! Desde menino eu sabia o que eu queria e corria atrás a todo custo, por isso eu cheguei onde estou hoje..

Andria: Pai chega, eu já entendi. Não tem que ficar fazendo o mesmo discurso toda hora eu...

TRIMMM! ... TRIMMM!

O telefone de Andria toca, e quase que instantaneamente seu humor muda de irritação para animação quando ele atende a chamada.

Andria: Alô?! ... Faala Froy, tudo certo?

O sr. Pimenta encara o filho com um
tom de desaprovação.

Fabrini: Eu já disse que nada de atender na mesa, eu estou lendo!

Andria se afasta sem nem dar muita importância ao que o pai havia dito e continuava a falar no telefone.

Andria: Cara você tem certeza? Froy, isso tá me cheirando a encrenca..
...
Mas Froy eu..

Andria agora sussurrava para que seu pai não pudesse ouví-lo.

Andria: Cara eu sou de menor, você também. Se meu pai descobre isso ou se a gente for pego eu não quero nem pensar no que pode acontecer..
...
Tá! ... Tá bom você venceu, eu te encontro mais tarde.

Andria desliga o telefone e retoma o caminha da cozinha.

Andria: Pai, eu vou sair agora tá, só volto mais tarde.

Fabrini: Sair?

Andria: É pai, vou fotografar um pouco, depois sair com meus amigos, essas coisas que eu faço e você não dá a mínima importância.

Andria sai da cozinha novamente e deixa o Sr. Pimenta lendo as notícias da semana em seu jornal.

A maldição do DVD proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora