Indigesto

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A luz alaranjada do por do sol batia na janela da garota, enquanto ela estava sentada na cadeira de sua escrivaninha escrevendo uma carta para Mione. Depois da morte de Cedrico, Cho havia se afastado dela, como se de alguma forma ela culpasse Lola pelo ocorrido. Os tempos estavam mais sombrios do que nunca, os ataques aos irmãos Potter escritos pelo Profeta Diário não ajudavam na saúde mental dos irmãos. Lola afundava a pena no pergaminho enquanto relatava como se sentia a Hermione, elas estavam muito próximas, além de Harry, Snape e Dumbledore ela era a única que acreditava totalmente nela.

Depois de terminar a carta ela a entregou a coruja de Snape, uma ave negra e arisca que as vezes bicava. A ave apanhou a carta no bico e voou pela janela. Daqui dois dias era seu aniversário e na próxima semana começava. Se fosse ano passado ela estaria completamente animada, mas agora se sentia assustada e insegura, sabia que muitos acreditavam no Profeta Diário.

Uma batida suave na porta que abriu, era Snape, seu padrinho:

- Lola hoje receberemos visita, é um jantar formal, por favor, esteja arrumada até as oito da noite.

- Quem vem?

- A família Malfoy.

- O quê? Você sabe que eles são comensais da morte! Lúcio estava lá na noite em que Voldemort voltou! Você não pode permitir isso!

- Não é algo que você possa provar por enquanto. Eu acredito em você. Além disso, é bom que Lúcio pense que eu sou seu aliado, assim consigo mais informações sobre Voldemort, como um infiltrado.

- Eu posso ficar no meu quarto?

- Eu preciso que se esforce, sei que não é fácil, mas preciso que você esteja lá.

Lola bufa e segue em direção ao banheiro completamente contrariada. Decide tomar um longo banho de banheira, precisava se acalmar, sentia que todos os seus músculos estavam rígidos, a ideia de rever Lúcio, a ideia de rever Draco... pensar no rosto dele fazia seu coração se retorcer. A história deles acabou da forma mais repulsiva do mundo, mas naquele momento de pura dor foi o melhor que ela pode fazer.

Após um longo banho ela foi se vestir, colocou um vestido roxo de mangas curtas, simples mais elegantes, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo meio solto. Passou maquiagem para esconder as olheiras e realçar a cor dos olhos. Há muito tempo ela não sabia o que era uma boa noite de sono. Não chorava mais, simplesmente não conseguia, se sentia triste, mas as lágrimas não vinham, como se tivessem secado.

Por fim terminou de se arrumar. Ouviu a campainha tocar e algumas vozes não muito animadas adentraram a casa. Ela precisava descer, se sentia enjoada e tonta, mas precisava ser forte. Respirou fundo e desceu as escadas, imediatamente seus olhos e os de Draco se encontraram. Draco estava com uma expressão de surpresa e sofrimento ao mesmo tempo, enquanto Lola se esforçava para manter uma expressão firme.

Ela cumprimentou a família automaticamente, segurando todo o ódio que ela sentia por Lúcio, se ela pudesse o assassinava ali mesmo. O jantar foi tomado por tediosa conversa entre Snape e Lúcio com poucas intervenções de Narcisa, a mãe de Draco. Lola e o Malfoy mais novo permaneciam em silêncio, a garota interceptou vários olhares dele vindos em sua direção, ela apenas se concentrava em fingir que não via. Até que de repente seu nome fora citado na conversa:

- Então Srta. Potter o que espera desse ano em Hogwarts? Passar nas NOMS? Entrar em algum clube? Dizem que o quinto ano é o dos mais difíceis.

- Eu sinceramente prefiro não criar expectativas e apenas me adaptar ao que acontece. Depois de tudo que eu enfrentei ano passado não é como se eu sentisse medo de alguma coisa.

- Ah é verdade, o Torneio Tribruxo e todos os seus...incidentes.

Depois disso não houve mais participações da garota na conversa e tudo seguiu tediosamente. Até que Severo pediu a garota que subisse com Draco pois precisava tratar de um assunto em particular com o casal. A contra gosto ela obedeceu e seguiu para seu quarto. Malfoy entrou e observou a decoração: era um quarto relativamente grande, todo decorado de azul, roxo e preto. Havia uma escrivaninha com alguns livros e ela havia esquecido a pena no tinteiro. Havia decorações de constelações e alguns pôsteres de bandas, havia uma grande almofada roxa em que Artêmis, a gata de Lola, dormia profundamente.

- Pode se sentar se quiser. – Lola indicou a cadeira da escrivaninha.

- Eu preciso te entregar algo primeiro. – Ele tirou um embrulho pequeno do bolso do casaco e a entregou.

Lola observou e desembrulhou o presente. Era uma caixinha de música. Quando abriu ela viu dois bonecos iguais a eles com a mesma roupa do baile de inverno e inclusive tocava a mesma música que eles valsaram.

- Sei que seu aniversário é somente daqui a dois dias, mas achei que não conseguiria me aproximar de você em Hogwarts.

- Por que isso? – Ela fechou a caixa e a colocou sobre a escrivaninha.

- Não quero que você esqueça de nós.

- É a única opção que eu tenho.

- Não é e você sabe disso, eu não tenho nada a ver com as escolhas do meu pai.

- É mesmo? E quando a hora chegar? Vai recusar? Vai ficar contra a sua família por mim? Vai ficar contra Voldemort por mim? Pois você sabe que seu destino e se tornar um comensal da morte e isso te torna meu inimigo.

- Você me disse uma vez que nós fazemos nosso destino.

- É, mas isso foi antes, quando eu achava que as coisas eram mais simples, não são, são bem mais complexas do que eu podia imaginar. Eu mudei muito durante o ano passado, você não tem ideia.

- Eu sei disso, eu também mudei, inclusive por influência sua.

- Não adianta muito na situação que estamos. Nós ainda iremos nos enfrentar, esteja seguro disso, e eu não vou hesitar.

Após essas palavras Lúcio chamou o filho para que pudessem ir embora, antes de Draco sair do quarto ele disse:

- Essa conversa ainda não acabou.

Depois de uma despedida automática, Lola logo tratou de interrogar Snape.

- E então? O que descobriu.

- Esse ano vai ser particularmente difícil para você e seu irmão. Voldemort está organizando um exército, já tem infiltrados no ministério da magia, Profeta Diário e possivelmente em Hogwarts. Fudge está cada dia mais paranoico, pretende diminuir os poderes de Dumbledore e intervir em Hogwarts também. Vocês precisaram ter cuidado e aprender o máximo em Defesa contra as artes das trevas.

- Isso é um absurdo, duvidar de mim e de Harry é até compreensível, mas duvidar de Dumbledore, depois de tudo que ele fez pelo mundo mágico? Isso é ridículo.

- Eu sei, mas essa é a realidade que você terá de lidar. Que teremos de lidar.

Lola subiu e escreveu outra carta para o irmão contando sobre as novas informações que obtivera. Depois de tudo que haviam passado eles estavam muito mais unidos, como um time. Esperaria a coruja voltar para lhe entregar a nova carta ou lhe diria tudo pessoalmente. Por fim dormiu atormentada por seus pesadelos.

As metades do raio e a Ordem da FênixOnde histórias criam vida. Descubra agora