A Festa de Sangue

Prólogo

Um lugar bem bonito. Era o lugar perfeito para o que a garota queria fazer. Adryelle Araujo, tinha viajado por várias horas apenas para ver com seus próprios olhos se a região ia surtir o efeito esperado. Seu plano era ter a festa de debutante que nunca teve, devido aos problemas que passou quando completou essa idade e agora, aos dezessete anos, planejava conseguir realizar o inestimável sonho de criança, que guardou por muitos anos e ansiava para colocar o mesmo em prática.

          Sua família era bem ambientada com capital acumulativo, tinha uma renda inestimável e a empresa — Araujo Construções — era bem reconhecida no ramo de trabalho. Logo, a garota tinha dinheiro o suficiente para fazer a festa que sonhara por toda uma vida. Além dos vestidos, bolos e príncipe queria uma coisa única, um tipo de festa que ninguém fosse capaz de copiar sem muito esforço, o tipo de festa que gastaria tantos recursos que nenhum ser no mundo, seria capaz de pensar em algo igual ou meramente inspirado e adaptado.

          O nome do lugar era Country, os habitantes chamavam de Povoado Country e não eram muitos. Poucas pessoas moravam naquela região apenas para ter um trabalho. Era uma cidade de comerciantes, não existia nada antes da construção de um hotel de luxo chamado Hotel Country — que deu nome ao povoado. Adryelle sabia disso, tinha conhecimento que as pessoas que ali residiam vendiam produtos acerca dos hóspedes do magnífico hotel. Foi uma construção premiada nos anos quarenta e agora — depois de muita luta para ser aberto — era um dos destinos mais pedidos de toda Seattle, fica equiparado em maestria com o Space Needle — outra construção muita visitada na mesma cidade turística.

          Seu plano consistia em dominar o povoado por uma semana inteira, era o tempo que duraria sua festa. Ela já tinha acertado a papelada de um cruzeiro com alguns dos convidados, ia se incluir em um navio com várias pessoas desconhecidas e ia embarcar em Miami. Sua festa planejada durante dois dias já possuia um rumo internacional. Uma grande parcela dos convidados ia sair do Brasil — local no qual a garota nasceu e estudou até seus dezessete anos — pois muitos de seus amigos ainda residiam em tal país. Foi fazer uma vistoria precisa no hotel, para ver se era tão lindo e esbelto quanto nas fotos e stories do instagram de vários famosos que o visitavam todos os anos e saiam fazendo ótimas avaliações do lugar.

          Constatou precisamente que o lugar era tudo que pensava e mais um pouco. Teria uma reunião com Oliver Wood —o gerente e atual herdeiro do hotel — para saber se podiam reservar todos os quartos para seus convidados e pegar alguns de seus funcionários. Estava passeando em um carrinho de camping junto de seu namorado João Victor — que estava apoiando toda a ideia da garota como forma de esquecer as horríveis coisas que aconteceram em seu passado e no dela. O herdeiro os aguardava na porta principal do hotel, sorrindo, seria um negócio muito bem fechado com uma garota de apenas dezessete anos. Emancipada pelos pais conseguiria muito bem fechar o negócio que planejava, pois era claramente uma adulta.

— Olha a cara dele — disse a garota olhando para seu namorado e ignorando o funcionário que os carregava naquele carrinho — deve estar louco por umas férias e a semana que vamos residir no hotel vai ser de uma folga inestimável para ele. O cara é dono de todas essas terras, podemos fazer loucuras por toda a região.

— Não posso desmentir isso — respondeu o rapaz ao seu lado — além disso, vai ser uma experiência muito legal também — passava uma das mãos pelos cachos castanhos de Adryelle, pois reparou que sua companhia não tirava a mão de seus cabelos negros, muito nervosa com a conversa que decidiria o rumo de seu sonho: a enorme festa.

— Vai dar tudo certo, não tenho motivo algum para me preocupar — falou esperançosa querendo que o namorado entregasse palavras de puro conforto, mas ao perceber que ele não tinha entendido quais eram as suas intenções, resolveu entregar conforto a si mesma — sou uma pessoa agradável.