One

16 1 0
                                    


 Romena P.O.V's

Não deveria ser tão estranho assim eu estar aqui, não após tanto tempo. Entre idas e vindas, sei que já deveria ter me acostumado com o ambiente, mas mesmo assim, ainda é como a primeira vez.

A sensação de estar aqui não é uma das melhores, até porque primeiramente, se estou aqui, sou eu quem não está nas melhores. Aqui encontro vidas e histórias distintas, muitas vezes tristes. Escutar choros, sentir a dor da perda por quem nem mesmo conheço, não é algo que me faça bem, mas ao mesmo tempo, ver alguém saindo consideravelmente saudável, sabendo que talvez nunca mais voltariam para aquela situação, até que era reconfortante. Um lugar que me traz esperanças, e que me traz medo.

- Romena? Ainda está acordada? - Caleb, meu irmão, falou entrando no quarto, segurando dois copos de café. O olhei e sorri, me sentando na cama - Você ainda vai precisar ficar em observação até amanhã de manhã - falou me entregando um dos copos.

- Tudo bem, pode ir para casa, vá descansar - O respondi, me levantando e caminhando até a janela.

- Não vou te deixar sozinha aqui.

- Estou pedindo isso. Amanhã você trabalha, está tudo bem, mesmo - Sorri indo até ele, e o abracei.

- Tem certeza? - falou me olhando, de certa forma, preocupado.

- Sim, tenho. Amanhã estarei em casa, e jantaremos juntos - Beijei sua bochecha e sorri, o apertando em um abraço.

- Eu amo você, ok? - Falou beijando minha testa.

- Eu te amo, Cal - Falei dando um tapa em sua bunda, fazendo-o dar um pulo - Vá logo descansar, e cuide da Atena por mim.

- Pode deixar - Falou piscando pra mim e indo até a porta, assim que a abriu, deu de cara com a senhora que já era parte da família, vulgo Alyssa, a enfermeira que me acompanha desde pequena - Oi Alyssa, tchau Alyssa - ele falou, rindo e fechando a porta.

- Até Caleb - Respondeu rindo e fechando a porta - O que foi dessa vez? Ficou com saudades? - Falou dirigindo a palavra a mim, pegando a prancheta perto da porta do quarto, e se aproximou, empurrando o carrinho com os medicamentos.

- Sabe que não resisto, acabo sempre sentindo essa saudade absurda - Falei irônica a olhando, e ri, me sentando na cama.

- Está tomando os remédios certinho? - Ela falou, pegando uma seringa e uma agulha no carrinho, e em seguida, pegando uma dose do remédio.

- Sim, Lyssa, estou tomando - Falei suspirando, sentindo ela aplicar a injeção em meu braço - Posso dar uma volta hoje? - Falei a olhando, e sorri piscando pra ela. Tomei um pouco do café que Cal havia me trazido, e me levantei da cama, colocando o copo em cima de uma mesinha que havia no quarto.

- Sabe que não deveria - Me respondeu, guardando a seringa e pegando um frasco com remédios, logo me dando um.

- Ah, por favor, estou aqui desde cedo, não aguento mais - Falei pegando uma garrafinha de água que havia perto da cama e tomando o remédio, logo tomando um gole da bebida.

- Vai adiantar algo eu dizer não? - Respondeu, entediada e riu, negando, enquanto tirava suas luvas - Só não volta tarde, por favor. Já são nove da noite.

- Pode deixar - Falei beijando sua bochecha, peguei o copo de café da mesa, e sai rapidamente do quarto, logo começando a andar pelos corredores daquele andar.

Suspirei mordendo os lábios e caminhei pelos corredores, que naquela hora, já não tinha muita gente. Olhei pelas janelas dos quartos, observando as pessoas deitadas sob as camas. Tomei um gole do café, e neguei, abaixando a cabeça. Aquele lugar tinha realmente uma energia horrível, e sei que qualquer um ali conseguia sentir aquilo. Respirei fundo e parei em frente à um dos quartos, observando uma única pessoa lá. Era estranho, não entendi porque parei ali, mas era como uma necessidade. Mordi o lábio e me aproximei do vidro, olhando de longe o homem deitado sob a cama; parecia estar em um sono profundo, talvez por conta dos medicamentos.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora