Haviam se passado mais 15 dias, e Anne não sabia mais como reagir. Seu filho estava ali a quase três meses, entregue a um sigilo de si mesmo, não se permitia acordar, não permitia que sentisse a presença de sua querida mãe ao seu lado. Por mais que lutasse para conseguir forças, quase não as tinha.
A mulher suspirou beijando a testa de seu filho, deixando escapar de seus olhos marejados, uma lágrima que percorreu suas bochechas e molhou o nariz do filho. Sorriu fraco, passando o dedo na região, e observou o semblante sereno do mais novo.
Olhou o relógio em seu pulso, e sabia que já estava na hora de ir. Não podia passar a noite ali, com sua filha de 4 anos aos cuidados de uma babá, mas ela estava com ele em todos os horários em que eram permitidas as visitas. Doía deixá-lo ali sozinho, mas não tinha opções.
Caminhou até a porta e deixou o quarto, fechando a porta devagar. Assim que olhou para o lado, observou uma moça, de cabelos morenos e pele pálida olhando para dentro do quarto do filho, estava imóvel, parecia em transe, enquanto olhava o rapaz. Ela já havia a visto ali, sempre naquele horário, estava por perto do quarto do filho, mas não entendia o motivo, já que não se lembrava de ele já ter lhe apresentado ela nem como uma amiga. Se aproximou dela devagar e colocou a mão em seu ombro, fazendo-a dar um pulo assustada, e se virar olhando-a com a mão no peito. Assim pôde ver que era provavelmente uma paciente do hospital, sua aparência à entregava, além de sua pulseira de identificação.
- O que quer aqui? - Anne perguntou em tom baixo e calmo, observando a garota.
- Eu só... Estava passando por aqui - A outra respondeu baixo, e desviou o olhar para o chão.
- Desculpa... Como se chama?
- Romena.
- Romena, passa por aqui todos os dias? - A mais velha perguntou, estava interessada em saber o que de fato queria ali.
- Eu... Meu quarto, é aqui perto, e estou aqui à alguns dias, então saio para andar um pouco pelos arredores... - A garota respondeu, tomando coragem para erguer o olhar para a mulher à sua frente - Eu sinto muito por ele - Falou e olhou novamente para dentro do quarto de Harry.
- Senhorita Twist, podemos conversar? - Assim que Anne ia responder a moça, foi interrompida pela voz do médico atrás de si - Olá, Rom - O mesmo continuou, e a garota acenou pra ele, sorrindo fraco.
- Claro - Anne suspirou e se despediu da mais nova com um aceno com a cabeça, seguiu o homem até uma sala próxima ao quarto do filho, parecia ser seu consultório,
- Eu queria ter notícias boas para você, Anne, mas precisamos ser realistas - O médico falou se sentando em sua cadeira, apontando para que a mulher se sentasse à sua frente, e ela assim fez, mordendo o lábio, já angustiada com o que ainda não havia sido dito - Seu filho não apresentou nenhuma melhora desde que chegou aqui. Nenhuma reação aos medicamentos, nem mesmo algum espasmo que foi notado por algum enfermeiro - Anne respirou fundo, segurando as lágrimas novamente - O trauma foi violento. Você deve se preparar para o que pode vir.
- Está me dizendo que meu filho vai morrer? - A mulher perguntou incrédula, segurando o choro.
- Ele pode sofrer uma morte cerebral, ou permanecer em estado vegetativo por muito tempo, até que desliguem os aparelhos - O médico suspirou, e segurou a mão de Anne - Você precisa ser forte.
- Ele tem chances? - A mulher perguntou com um fio de voz, apertando a mão do homem a sua frente.
- Ainda é cedo para afirmar ou não. Mas ele pode salvar uma vida. Na realidade, várias, mas uma em específico aqui - O médico falou, e Anne o olhou confusa, travando o maxilar - Romena Stevens, aquela garota que estava conversando, ela...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inércia
FanfictionINÉRCIA: 3. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE falta de reação, de iniciativa; imobilismo, estagnação. "a i. administrativa pode parar um país" 4. FIGURADO (SENTIDO)•FIGURADAMENTE estado de abatimento caracterizado pela ausência de reação, pela falta...