Capítulo 10.

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Deixo o auditório satisfeita, passando por duas garotas que circulam pelos corredores. Retiro o celular da bolsa prestes a mandar mensagem para Hazel no momento que, avisto Kate e o professor Foster conversando no final do corredor. Antes mesmo que os dois pudessem me notar recuo, quando a conversa se exalta.

— Não preciso que esteja aqui.

— Mas, esse é o meu trabalho, Kate.
— Diz calmamente, tentando amenizar a situação.

— Poderia estar em outro lugar, não aqui, e não agora. — Kate responde, inclemente.

— Sua mãe está preoc…

— Não preciso da preocupação de ninguém, já disse que estou bem, não preciso de uma babá. — Suas palavras saem impiedosamente.

— Não fale assim, mocinha. — Foster a repreende com autoridade.

— Quem é você? Meu pai por acaso? Você não passa de um velho babão que infelizmente, agora está na família.

— Kate, você está passando dos limites. — Diz exaltado.

— Quero que vá embora! Tenho certeza que oportunidades para trabalhar em outras Universidades virão. Some!

— Você quer que eu vá embora por que se sente ameaçada com a minha presença. Tem medo que eu acabe dando com a língua nos dentes, não é mesmo? — Diz, deixando Kate enfurecida, seu ódio no olhar é eminente.

— Você não viu nada, pois, estava BÊBADO. — Afirma, elevando a voz.

— Bêbado ou não, sei o que vi. Era você Kate, e aquela doce menina; qual o nome dela mesmo...? — Pergunta, tentando recordar.

— Já disse, não sei o que está falando. — Kate comenta, tensa.

— Talvez, Ana. — Sugere.
Não, não... Amélia? Não. AMÁLIA.
— Assimila, recordando o fatídico nome. Está tudo guardado bem aqui. — Foster diz, apontando para a cabeça.

— Eu não ligo! Porém, vou deixar o meu recado, e você sendo um homem muito inteligente, tenho certeza
que irá compreender. — Fala, dando um passo a frente, coagindo o Sr.Foster, continuando...
— Não gosto que entrem no meu caminho. — Finaliza, retirando-se ferozmente, deixando Foster no corredor, enquanto o mesmo afrouxa a gravata soltando a respiração pesada.

O Sr.Foster caminha voltando pelo corredor e o meu coração acelera, não posso deixa-lo que perceba que estava escutando a conversa dos dois, todo esse tempo. Penso rápido voltando alguns passos para trás, e finjo que estou amarrando o cadarço do tênis.

— Oh! Olá professor Foster, nos encontramos de novo. — Digo, levantando-me. Sempre fui uma péssima mentirosa, tento disfarçar o máximo possível para não transparecer a verdade em meu rosto.

— Está muito tempo por aqui?
— Questiona.

— Não, estava voltando do banheiro quando meu cadarço desamarrou.
— Respondo, forçando um pequeno sorriso.

— Mas o banheiro feminino fica para lá. — Comenta, apontando no sentido contrário.

— Ai meu deus, penso que acabei entrando no banheiro dos rapazes, por engano. — Minha voz sai trêmula e estridente.

— Então suponho que, confira os mapas da Universidade que estão disponíveis por todos os corredores, senhorita Wilson. Assim, não cometerá o mesmo erro. — Diz olhando ao redor, mostrando os mapas que estão na parede.

— Ah, sou mesmo uma tola, não tinha notado. — Comento, dando falsas risadas. — Bom, muito obrigada pela dica, Sr. Foster. Até amanhã Sr.Foster. — Do as costas, ignorando seu olhar desconfiado.

— Amy?

— Sim Sr.Foster?

— Não precisa usar repetidamente "Sr.Foster" no início ou final de cada frase.

— Ah, pode deixar Sr.Foster. — Me despeço, desejando morrer de vergonha.

(...)

Entro no quarto e Kate não percebe a minha presença. A mesma está ajoelhada de costas, debruçada sobre a cama mexendo em uma pequena caixa, da qual não consigo enxergar o que há dentro.

— Oi! Você saiu cedo hoje. — Digo, assustando Kate, que com rapidez fecha a caixinha passando o cadeado.

— Ah, olá! Agora foi sua vez de me assustar. Bom, estava ansiosa para as aulas e acabei pulando cedo demais da cama. — Responde com um sorriso, guardando a pequena caixa na última gaveta da cômoda.

— Me desculpe, não queria assustar-lá. — Respondo, colocando minha bolsa no chão.

— Tudo bem, não foi nada. Como foram as aulas? — Pergunta.

— Ótimas. O professor Foster é incrível e bem atencioso. — O menciono, propositalmente.

Por um instante Kate congela, o desconforto com a pronúncia do nome é visível. A tensão toma conta do seu rosto dando lugar a uma fisionomia receosa.

— Está tudo bem? Você está pálida.
— Franzo as sobrancelhas olhando para Kate, que tenta disfarçar quando noto o comportamento negativo.

— Claro, é apenas um mal-estar repentino. — Diz, sentando-se sobre a cama.

— Você precisa de alguma coisa?
— Pergunto, notando que a mesma ainda encontra-se extasiada.

— Não, está tudo bem. Então, conte-me mais sobre o seu professor, parece ter gostado dele. Vocês dois conversaram sobre algo? — Pergunta, mordendo os lábios.

— Conversamos no final da aula sobre algumas viagens de estágio, nada de mais. Por que gostaria de saber disso? — Questiono, tentando arrancar alguma informação precisa.

— Somos amigas, não somos? Amigas sempre perguntam sobre o dia a dia e, outras bobagens. — Diz, levantando-se da cama. — Apenas gostaria de saber se gostou do professor que te dará aula pelos próximos anos… eu acho.
— Responde, dando ênfase na parte do “eu acho”.

— O que quer dizer com “acho” ?
— Pergunto intrigada.

— Nada, só estou tentando dizer que não sabemos do amanhã, a vida é cheia de surpresas. Talvez, ele possa mudar para outra universalidade, ou até mesmo, sei lá, bater as botas?
— Comenta, friamente.

— Isso foi bem cruel. — A encaro com desdém.

— Calma, foi apenas uma brincadeira. Você precisa relaxar, garota. — Fala, em um tom brincalhão.
Sorrio com a mesma, tentando disfarçar a pequena cisma depois de tudo que presenciei hoje.

O que Kate esconde de tão terrível, a ponto de se sentir ameaçada com a presença do Sr.Foster? E o que Amália faz nessa história? Tudo isso está me deixando tonta, só de pensar. Preciso me encontrar com a Hazel, URGENTEMENTE.

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⏰ Última atualização: Sep 06, 2020 ⏰

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