Jinyoung era sem dúvidas a parte que ela mais temia daquele casamento. Entretanto, nada havia mudado para ele, seus sentimentos estavam inteiramente ali, tornando o reencontro do ex casal; doce.
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Jinyoung era com frequência, muito quieto.
Meio metódico e se desse na telha também conseguia ser mais chato do que qualquer parente que me possa vir na memória.
Entre festa ou filme no escuro do quarto, ele até mesmo dizia saber fazer a pipoca igualzinha a do cinema.
Mas a questão é que ainda que fossemos como água e vinho, aprendíamos a nos adaptar com qualquer diferença porque nada era maior do que a euforia de tê-lo por perto, nada se comparava ao coração acelerado e em como seu perfume conseguia acalmar e ascender a chama na mesma proporção.
Lembro que quando recebemos os convites para o casamento de Jaebeom ele me encarou e respirou fundo, dizendo: "Acho que dessa não tem como correr", lembro também de rir de sua carinha com uma tristeza falsa, e enche-lo de beijos.
Beijos calmos que se tornaram quentes, e de como suas mãos grandes seguravam firme meu corpo sentado acima do seu. Lembro de sua boca descendo por meu pescoço dizendo entre um beijo molhado e outro que odiava casamentos, mas que o nosso seria sem dúvidas o dia mais importante e feliz de sua vida.
Porque Jinyoung costumava ser assim; entre risadas, beijos ou uma cara emburrada, a única pessoa que amei com todo meu coração. Entretanto, meses se passaram e entre gravações para filmes e minhas reuniões de negócios, o término fez presença até que a lacuna entre nós se tornasse um abismo.
Até hoje, o casamento.
Pela manhã o despertador não tocou, o chuveiro queimou e o vestido se quer passou por minhas coxas. O caos camuflado de um dia perfeito, planejado a tanto tempo, mas que fiz questão de adia-lo ao máximo.
Não quis pensar em como ele poderia estar lindo no terno que compramos juntos. Evitei pensar se meu corpo havia mudado após os anos, e eu sabia que sim. Porque na verdade, as feridas não haviam cicatrizado. E eu sabia que assim que o bandaid saísse elas voltariam a sangrar.
Então decidi pensar apenas em mim, ser egoísta ao ponto de deixar minha fraqueza vencer e permitir sentir o gosto amargo da vulnerabilidade por um dia inteiro embaixo dos meus cobertores.
Mas assim que o primeiro número fora digitado para avisar Jaebeom sobre uma doença que supostamente eu estava, o nome dele no visor fez meu coração por um segundo parar, meu corpo paralisou e meus pulmões ardiam por falta do ar que pareceu simplesmente ter sumido.
Então a ligação caiu trazendo o ar de volta, mas ainda paralisada senti meu corpo se arrepiar inteiro ao ler na barra de notificações:
"Eu sei que está ai, e nem pense em dar desculpas. Você prometeu ir nessa comigo, preciso de você."
[...]
Queria dizer que dali em diante as coisas foram mais fáceis. Que meu cabelo ficou incrível após uma escova rápida e que meu rímel não estava tão no fim que perdi longos minutos pesquisando no youtube maneiras para que ele derretesse e rendesse para aquela noite.
