Os Aromas

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As vezes... Não! todas as vezes, estou a pensar nele, isto já se tornou involuntário. É como um cara esquisito, que entra na sua casa sem sua permissão. Bagunça tudo o que vê, come sua comida e suja a casa com seus pés e mãos imundas, deixando assim a casa um verdadeiro caos. Mas mesmo com as coisas mais imprudentes você não consegue odiá-lo. Você não sabe o porquê, porem este estranho e você parecem tão próximos que seria impossível expulsá-lo.

Primavera, 15 anos atrás:

É muito bonito ver as flores desabrochando, suas cores, os perfumes que exalam, as abelhas ao redor a procura de alimento e o ar refrescante e límpido da primavera. Pode parecer estranho, mas amo a estação da primavera. É como se em um quadro frio e branco jogassem varias cores de tinta aleatoriamente. E naquela manhã estava do mesmo jeito, era impressionante como todos estavam felizes brincando. Observando aquelas crianças do alto de uma mesa, as meninas com suas barbies, brincando de ser mães de pedaços de plásticos. E os meninos com bonecos de super-heróis, correndo para garantir um bom esconderijo no pique-esconde. Eu adoraria estar junto daqueles garotos extrovertidos. Entretanto toda vez que me aproximo só recebo piadas de como sou acima do peso, de como minhas orelhas são grandes e como minhas roupas são desgastadas e velhas. Toda vez levar um olho roxo por tentar me enturmar, simplesmente não valia a pena. E as meninas? Só de ver olhares de canto receosos eescutar sussurros maldosos, como se eu não estivesse lá, me faziam não me aproximar.

Estava como sempre, desenhando sobre a mesa de madeira que ficava no parque próximo ao playground. Eu, o papel e minhas canetinhas especiais que ganhei no natal. Estava bem concentrado em meus rabiscos, até que sinto um calor ao meu lado, e a sensação de alguém ter sentado ali mesmo. Virei meu rosto bem devagar ao lado, para verificar aquele sentimento estranho e levo um pequeno susto. Era um garoto, mas ele não parecia ser daqui. Aparentava ser novo no bairro, já que nunca o tinha visto antes. ele tinha um sorriso bobo no rosto e um pouco
vazio, por causa dos poucos dentes de leite que ainda restavam na sua boca. Sua blusa era escura, estava toda suja com algo que se parecia com terra. Os seus cabelos negros e lisos, estavam totalmente desarrumados e demonstravam-se sujos pela areia do playground, e por algo grudado que não consegui identificar. Ele também exalava um odor que se assimilava a de um cachorro molhado:

– EI! EU VI QUE VOCÊ ESTÁ DESENHANDO O CAPITÃO LUNAR, VOCÊ DESENHA MUITO BEM CARA – Por um momento pensei que tinha perdido minha audição –

– Por que você está gritando? Eu estou do seu lado – Ele fez uma cara surpresa, me deixando confuso–

– Você fala?! eu jurava que você era surdo ou mudo. É que eu nunca te vi brincando com as outras crianças. E você sempre ta sozinho, então eu pensei sei lá...

– Ma... ma... mas, por que? eu não... – Antes que eu pudesse dizer algo a mais, ele me interrompeu–

– Meu nome é Byun Baekhyun mas todo mundo me chama de Baek, e o seu? —Ele disse esticando a mão, em forma de cumprimento–

– Park Chanyeol, mas se você quiser pode me chamar de Channie – Estico a mão, afim de retribuir o aperto de mão. Ele começa a fazer gestos esquisitos com a mão, juntamente com a minha fazendo um jesto muito maneiro–

– Mas por que você está sozinho aqui? por que não está brincando com os outros?

– Não tem nada demais, eles não gostam muito de mim é isso
– Como assim eles não gostam de você? tu parece ser tão descolado. Olha esse desenho, eu me mataria "pra" fazer um desses. — ele falava enquanto pegava um de meus desenhos inacabados —

– Para dizer a verdade, eu não sei. Eles só falam coisas horríveis e me batem quando chego perto. Um dia até me chamaram de aberração mutante.

— Meu irmão ja me falou sobre isso, se chama bula, bulê.... "bulingue" eu sei lá, eu não sei falar esse nome esquisito. O importante, é que a gente não deixar isso acontecer. Eu não vou deixar que meu amigo sofra com isso. — "Amigo" era a primeira vez que eu escutava aquela palavra direcionada para mim, aquele som ecoou na minha cabeça me levando a dar um leve sorriso —

Baekhyun estava furioso, eu conseguia ver uma fumaça saindo de seus ouvidos. Ele levantou do banco ao meu e foi à direção do Donghyun o "Líder" dos garotos do bairro:

–Eii! Seu boboca — Donghyun parou o que estava fazendo e se virou com um ar não muito convidativo —

– Isso foi pra mim Gambá do lixão?—Naquele momento, eu só queria fugir daquele lugar. Mas o máximo que fiz foi me esconder debaixo da mesa que tinha um cheiro de madeira velha mofada–

– Foi sim. Eu queria saber, porque vocês estão fazendo "Buline" com ele? – Ele apontou pra mim enquanto dizia. Os meninos começaram a rir, provavelmente por causa da sua pronúncia, porém ele manteve a sua pose confiante. Enquanto isso, eu só sentia minha saliva descendo lentamente pela minha garganta–

– Eu não vou lutar com um nanico que fede a comida estragada – Eu achava realmente corajoso da parte dele querer me defender, uma pessoa que ele acabara de conhecer. Tenho receio pelo o que possa acontecer com ele, já que ele é o menor entre todos os meninos –

– Tá com medo sua mariquinha.

Nesse momento Donghyun se enfureceu e começou a correr em direção a o Baekhyun. Ligeiramente, Baek pegou uma pedra relativamente grande e acertou em cheio na testa do Donghyun, fazendo ele cair no chão e chorar de dor. Eu sai debaixo da mesa e vou em direção a Baek, nós ficamos observando aquela situação por alguns segundo sem dizer nada. Até que Baek começa a rir bem alto, ele tem uma risada muito estridente e contagiante,
me fazendo rir juntamente a ele até que a minha barriga começasse a doer. Tudo aquilo aparentava ser errado, mas foi hilário que eu não consegui segurar. Logo depois apareceu uma senhora para socorrer Donghyun, aparentava ser sua mãe. Ela começou a perguntar quem tinha feito aquilo, e os amigos de Donghyun instantaneamente apontaram para mim e para Baek. Depois de sermos descobertos, eu e ele paramos de rir e nos entreolhamos, com isso, Baek pegou em minha mão e saiu correndo sem rumo. Nós corremos muito, tão rápido que parecia que não tínhamos fôlego, acabamos nos escondendo em uma rua estreita perto da casa de Baek. De repente o cheiro de cachorro velho não se sentia mais, apenas a brisa da primavera em minhas narinas. Involuntariamente eu disse ofegante " eu quero ser seu amigo" e ele precipitadamente disse "você já é meu amigo" logo após me dando um abraço muito forte. Depois disso meus sentimentos e meus sentidos começaram a mudar. Agora eu não era mais sozinho, eu tinha Baekhyun. Desde aquele dia Byun Baekhyun não apenas virou meu amigo, mas a pessoa que levaria para minha vida inteira.

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Este é o primeiro capitulo de Day by Day espero que gostem!!

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2020 ⏰

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