Simplesmente uma noite

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Oi Tati, tudo bem?

Não ache que essa mensagem é apenas uma corrente do WhatsApp. Bem, que às vezes minha vida se assemelha a isso... Mas eu te imploro que leia tudo!

Ontem, foi uma das noites mais difíceis da minha vida. Provavelmente você vai pensar que eu tive uma cólica, ou um pesadelo, e acabei enfrentando uma insônia terrível. Mas, o que aconteceu foi muito pior que isso, afinal, se fosse pelos motivos anteriores eu teria enfiado a cara em um brigadeiro de colher. Não precisa achar que eu estou fazendo drama, porque você sabe que eu não sou dessas, quando eu falo que a parada é séria, é porque realmente é séria.

Eu não sei exatamente como começar a descrever os fatos. Até porque eu não lembro de todos detalhes, mas eu juro que vou tentar ser o mais exata possível. Assim que começou a escurecer, eu comecei a me arrumar. Revirei o guarda-roupa em busca de uma peça que me deixasse diferente, afinal aquela festa não era apenas mais uma. O aniversário comemorava os dezoito anos do Bruno, aquele garoto que você era apaixonada no nono ano antes de mudar para a capital.  E, como eu já comentei algumas vezes, ele é o melhor amigo do João, então, mesmo sabendo que o João não iria eu tinha que passar uma boa impressão, ainda mais porque a metade da cidade estaria presente naquela night. Portanto, depois de um longo tempo encontrei um vestido preto, que realçava minha silhueta. Não tive dúvidas que era aquele.

Passei um batom vermelho, soltei o cabelo e coloquei o salto mais alto que eu tinha. Olhei no espelho e me surpreendi com o sorriso que encontrei, mas no mesmo instante meu coração deu um pulo ao lembrar que o João não viria. Qual a graça de se produzir toda, para não ter o namorado do lado? Realmente, nenhuma. Mas eu compreendia que ele não podia deixar de estudar para preferir a curtição de uma noite passageira. Quando eu liguei para ele um dia antes afirmei que não iria também. Mas, as quinhentas mensagens do Danilo, meu melhor amigo me fizeram mudar de ideia. Sem ciúmes, ok? Ele é o meu melhor AMIGO. E você minha melhor AMIGA.

Ele veio com o papo que não queria ir sozinho, pois ele não conhecia praticamente ninguém daquela festa. E realmente ele estava sendo sincero, afinal com seu jeito de nerd, suas amizades eram bem reduzidas. Apesar de não estar com nenhum pouco de saco, eu acabei aceitando. Afinal, quantas festas eu já implorei para que ele fosse comigo? Sinceramente, nem consigo contar. Então ele falou que passaria para me buscar em casa. Enquanto eu terminava de ajustar os últimos detalhes ele começou a buzinar. Cheguei com a cara na janela e acenei para ele, demonstrando que já estava descendo. No meio das escadas lembrei que tinha esquecido de passar o meu perfume predileto. Fiz questão de voltar, e borrifei um pouquinho no ar, o cheiro doce de bala de goma, com um toque sensual que aquela essência trazia.

Despedi da minha mãe com alguns beijinho, enquanto ela fazia aquelas velhas recomendações, que sinceramente eu pensava em tatuar na minha canela esquerda. Assim que me aproximei do carro, o Danilo levantou e me cumprimentou com dois beijinhos, fazendo sua barba por fazer encostar no meu rosto de um jeito que incomodava. Mesmo tendo sido bem rápido o seu cheiro de menta foi bem perceptível. Ele estava muito diferente. Apesar de ter o mesmo sorriso de sempre, pela primeira vez eu percebi que ele tinha deixado aquele seu jeito de adolescente babão de lado. Ele parecia um adulto, sério e responsável. Assim que entrei no carro ele abriu o vidro, e me passou uma bebida dizendo que me fazia bem. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, o gosto gelado e levemente amargo já ativava meu sistema nervoso no último grau. Ele soltou uma risada gostosa e ligou uma música eletrônica. Quando eu já começava a dançar no ritmo das batidas, percebi que eu estava em uma posição extremamente inadequada. Mesmo o Danilo sendo meu melhor amigo, ele não deixava de ser homem por isso. Então me ajustei e coloquei o cinto enquanto nos direcionávamos para o evento. Ele colocou os braços para fora no ritmo do som, e sem perceber eu já estava retirando os saltos e arrumando um jeito de colocar minha cabeça para fora, com o intuito de cantar contra o vento. E naquela animação fomos rindo e cantando enquanto ele cortava a cidade.

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