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Adam estava sentado na frente do armário aberto, encarando a imagem que dias antes lhe fazia esboçar um sorriso instantaneamente e que agora só relembrava a briga que tivera com Kim.

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— Porque você ainda tem isso Adam?

— Eu não sei. — Ele suspirou. — Eu ainda não consegui  me livrar disso. — Tinha sido sua resposta. Seu coração havia sido partido no dia em que Kim perdeu o bebê. Mas ele ainda não tinha achado uma forma de se livrar da última coisa que restava do seu pequeno grão de arroz.

O que você quer?— Adam perguntou

— Eu quero que você fique com raiva de mim, tão com raiva de mim quanto eu. — Os olhos tristes dela o assombravam e Adam jurou pra si mesmo, que se dependesse dele, ela nunca mais o olharia daquele jeito.

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Ele levantou e retirou a foto grudada. — Não posso mais ver sua mãe se machucar, kid.  — ele guardou a sonografia no casaco, fechou o armário e saiu do distrito em direção a sua casa.

Durante todo o caminho, Adam relembrou desde o momento em que Kim contou pra ele até o fatídico dia em que eles perderam o bebê,  pensando no futuro e a família que teriam juntos.

Quando entrou em casa, Adam tropeçou em algumas caixas que ainda estavam espalhadas, resquícios da mudança que ele nem chegou a fazer. Ele e Kim estavam levando as coisas devagar. Ele iria se mudar pro quarto de hóspedes do apartamento dela, para poder ajudar-la quando a gravidez ficasse mais difícil e quando o bebê estivesse entre eles. Mas agora.. Todos esses planos, já não existiam mais.
Ele retirou o casaco e antes de colocá-lo no lugar, tirou a imagem da ultrassonografia. Ele foi direto para a gaveta da cômoda do quarto, onde guardava suas coisas, a abriu e guardou o papel  embaixo da caixinha de veludo, que um dia foi de Kim.

Ele fechou a gaveta e escutou a campainha, barulho o qual fez ele franzir a testa imaginando quem seria, desde que ele não estava esperando por ninguém.
Quando ele abriu, involuntariamente ergueu as sobrancelhas. Na frente dele estava a última pessoa que ele esperava lhe procurar.

— Kim?

— Hey, posso entrar? — os olhos dela não encontraram os dele, mas mais do que de pressa, Adam deu espaço pra ela passar.

— É claro. Tá tudo bem? O que você tá fazendo aqui? — ele fechou a porta depois que ela entrou e acenou para irem em direção a cozinha.

— Eu... não conseguia ficar em casa por mais nenhum minuto. Sinto muito se estou atrapalhando você. — ela o acompanhou até a cozinha e foi a primeira vez que o olhou nos olhos, desde que chegou há um minuto atrás.

O olhar que Kim tinha, era completamente o oposto de mais cedo.

— Não, claro que não. — Adam se adiantou, falando rápido. Ele sabia que pra Kim procurar ele, era um grande passo. Em hipótese alguma ele iria estragar isso. — Você é bem vinda, só estou surpreso. — ele sorriu de leve. — Você quer alguma coisa pra beber?

Ela concordou com a cabeça e se sentou no banco. — Um whisky está bem.

— É pra já. — Ruzek pegou dois copos e os serviu, logo entregando o de Kim e sentando ao lado dela. — Você quer conversar?

Quando o silêncio não é tranquilo
E parece que está ficando difícil de respirar
Eu sei que você sente como se estivesse morrendo
Mas eu prometo que vou levar o mundo a seus pés
E mover montanhas
Levar o mundo a seus pés
E mover montanhas

Kim suspirou enquanto tomava um longo gole da bebida. — Tenho tido sonhos todas as noites com aquele dia. Algumas vezes é flashbacks do que aconteceu e outras vezes, um bebê no meu colo. Não consigo fazer com que eles parem.

Adam estava sem palavras, desde que tudo aconteceu, essa era a primeira vez em que ele ouvia Kim expressar seus sentimentos. — Quando você sonha com ele no seu colo.. É um sonho feliz? — ele pergunta, tendo não aparentar a embargues na sua voz.

Kim apoiou o rosto entre os braços e o olhou. — Eu acho que sim, era como se o bebê estivesse conosco sabe? Como se ele estivesse bem.

Ao ver os olhos de Kim cheio de lágrimas, o coração de Adam se quebrou em pedacinhos. Ele passou uma mão entre os cabelos dela. — Você.. Já pensou que talvez esse sonho possa ser um sinal? Que talvez, onde quer que ele esteja, nosso bebê possa estar bem?

— Eu não sei se acredito nisso. — expressou Kim, limpando suas lágrimas.

— Confesso que eu também não, na verdade nem sei da onde tirei isso. — Adam riu. — Talvez, apenas devêssemos acreditar.

— Você acha mesmo que ele pode estar bem?

E eu vou me levantar
Eu vou me levantar como o nascer do dia, eu vou me levantar
Eu vou me levantar sem medo, eu vou me levantar
E eu vou fazer isso mil vezes
Por você

— Eu acho. E acho também, que ele tem muito orgulho da mãe que você foi e que você seria pra ele. Você é a mulher mais forte que eu conheço, Kim Burgess.

As palavras dele conseguiram tirar um mínimo sorriso de Kim.
— E o que a gente faz agora?

Adam balançou a cabeça e continuou a olhando. — Agora a gente vira essa página e nos apoiamos até conseguirmos andar sozinhos de novo.

— E o que acontece conosco?

— O que você quiser. — ele esboçou um sorriso, colocando a mão por cima da mão de Kim. — Mas não importa o que a vida nos faça, vamos criar ótimas lembranças juntos. Teremos dias ruins e dias tristes que testarão nossa determinação. Esses são os dias que eu quero que você sinta o peso absoluto do meu amor por você.

Kim suspirou com a promessa de Adam, ela conhecia ele o suficiente pra saber que ele estaria com ela a cada passo do caminho, desde que ela o autorizasse. Ela sabia que depois de tudo que ele tinha feito por ela nos últimos dias, expressar seus sentimentos não era muito. Mas com certeza, era um passo em busca de um novo recomeço.

Tudo o que precisamos
Tudo o que precisamos é esperança
E para isso temos um ao outro
E para isso temos um ao outro

A citação no último parágrafo é do livro "Todas as suas imperfeições". Retirei de um post do Twitter ♥️

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⏰ Última atualização: Jan 13, 2021 ⏰

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