A Droga do Amor

A Rave do Cenário

Acordei com a preguiça de sempre, mas preciso de um tênis novo, meu único tênis rasgou na última social que fui, e hoje de noite tem Cenário.

Me olhei no espelho do meu quarto, meu cabelo estava completamente bagunçado, meus cachos quase sem textura, mais branca que leite. Vesti um short jeans rasgado com uma regata preta simples e chinelos nos pés, prendi meu cabelo num coque solto com um elástico, escovei os dentes, lavei o rosto, passei protetor solar e coloquei meus óculos de sol, peguei meu celular verificando se não tinha alguma mensagem e na verdade tinha um monte.

WHATSAPP

- Bom dia linda, qual a boa pra hoje? - a mensagem era do Foroni, um grande amigo/escravoceta meu e também fornecedor de drogas.

- Bom dia gatinho, estou indo na cidade, até mais tarde - digitei, enviei e já desliguei o wi-fi fechando a porta atrás de mim, minha mãe ainda está dormindo a essa hora.

WHATSAPP OFF

Moro perto do centro, na verdade na rua que dá pra praça principal, cheguei a praça e peguei a rua do canto e fui andando, passando pelas lojas de calçados, pesquisando preços, na última loja da calçada.

- Já foi atendida moça. - ouvi a voz de um homem ao meu lado, me virei e respondi.

- Tô só olhando moço, obrigada.

- Qualquer coisa pode me chamar, meu nome é Matheus - falou sorrindo, devolvi o sorriso acenando com a cabeça e me voltei para a vitrine estudando os preços.

Após alguns minutos estudando os tênis, precisava ver a confortabilidade, e como uma boa cliente fui procurar o moço que me atendeu mais cedo, cheguei até uma menina e perguntei.

- Oi, tô procurando o Matheus.

- Só um minuto, vou chamar ele pra você. - saiu andando e poucos segundos depois ele aparece correndo na loja.

- Oi - falou um pouco ofegante.

- Quero ver esse preto e aquele rosa de trás por favor, número 33/34 - falei docemente.

- Ok, pode sentar que trago pra você. - ele saiu andando apressado e me sentei em um dos sofás, após alguns segundos ele aparece com muitas caixas - eu trouxe algumas outras opções também.

- Eu sei como funciona loja de sapatos - falei rindo, a verdade é que o vendedor não pode descer com menos de 7 caixas, então se o cliente pede apenas 1 tênis, o vendedor tem que assimilar o gosto do cliente e trazer pelo menos mais 6 pares de sapatos mais ou menos no mesmo estilo.

- É, só pra dar trabalho pra gente - falou rindo e eu também ri, ele se ajoelhou a minha frente arrumando os cadarços dos tênis e fiquei olhando pra ele, na verdade, ele tem cara daqueles caras que não prestam pra namorar, feitos para usar e só isso, nem sequer a voz dele me passa confiança, sorri disfarçadamente com meus pensamentos.

Após alguns minutos conversando e provando tênis, acabei percebendo que a última loja que passei foi a mais barata. Fiz uma cara de triste.

- Sinto muito te dar esse trabalho todo. - ele riu.

- Ah, sério que você não gostou de nenhum? - perguntou num tom que me deu tanto dó.

- Não é que não gostei, mas é que tá muito caro - ele bateu a mão de leve na testa fingindo estar desapontado e eu ri - desculpa. - falei rindo.

- Bom, quando decidir gastar aqui manda me chamar. Meu nome é Matheus - repetiu sorrindo, só pra eu poder guardar seu nome. Dei risada e nos despedimos. Passei na loja ao lado e comprei um vans preto perfeito pra mim, coringa, combina com tudo.