A existência de Deus é impossível?

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   Bom, antes de começar devemos deixar claro qual significado de "Deus" que nós estaremos tratando neste blog, certo? Existem três pensamentos bastante conhecidos sobre o tema: teísmo, panteísmo e ateísmo. Os teístas são aqueles que acreditam em um Deus pessoal e criador do universo. Os panteístas creem em um Deus impessoal que é o universo. Em contrapartida a esses dois, o ateísta é aquele que desacredita de uma divindade.
  É nítido que o pensamento ateísta surgiu com a sociedade moderna e se fortaleceu com a possível "provocação" de David Hume, em sua manifestação antiteísta. Ao tratar desse tópico, torna-se óbvio que uma discussão sobre esse tema se movimente em torno do que "eu" acho correto sobre. Chamado de "bom senso", aquele que todos estão tão convencidos de terem por completo que não buscam possuí-lo além do quanto já tem.
  Enquanto os teístas dizem que o universo teve um início, os panteístas e ateístas dizem que não (o universo é eterno). Formar um pensamento tendo essas duas bases em conflito uma com a outra só mostra que ambas não podem estar definitivamente corretas. Ou um ou outro. Esse impasse de quem possui a razão torna a disputa sim muito acirrada, principalmente quando ateus se acham os mais inovadores e sensatos mesmo não sabendo que são até mais crentes e fervorosos que os próprios cristãos.
  Agora, como um ateu sabe - vulgo supõe - que Deus é uma possibilidade impossível? Por acaso ele falou pessoalmente com Deus? Teve contato com ele? Viu como o universo surgiu ou como deixará de existir? A resposta para todas essas perguntas - e mais - serão negativas, então especular que um ser superior nunca existiu é simplesmente incoerente e hipócrita. Aqueles que creem em um Deus estão, comparando as situações, mais corretos e definitivamente tem uma fé menor e mais "saudável" que os tais humanistas, filhos da Nova Era.
  Negar a existência de algo sem comprovação dessa inesistência é uma aquisição e tanto. Aliás, já deixo claro que religião não é apenas uma questão de fé, até porque todas as religiões se moldam em fatos verificados - até mesmo o ateísmo -. Não é uma simples persuasão sem lógica. A razão é usada imensamente para a comprovação de suas hipóteses. Nada se sustenta apenas em achismos e crenças inverídicas e inverificáveis.
  Há muitas afirmações religiosas que podem sim ser investigadas sobre sua veracidade (como a existência de Jesus). Quando essas afirmações são baseadas unicamente em probabilidade - "provavelmente Deus não existe" -, não há verificação crucial da plausibilidade, ela estará sendo sustentada unicamente pela fé. Claro, devemos nos recordar de que uma afirmação verdadeira apenas não convence uma pessoa a seguir determinada religião. Alguns tendem a seguir um terceiro caminho e se tornam agnósticos. Muitos desses agnósticos dizem não saber se Deus existe ou não. Entretanto, dizer não ter certeza do que se acredita não deve nunca ser tido como uma "mente aberta"; é idiotice confundir uma pessoa de "mente aberta" com uma que só tem a "mente vazia".
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  Todas as religiões são inevitavelmente guiadas por alguma verdade. Ninguém acredita apenas em mentiras, deve-se acreditar em algo comprovado. A fé é guiada por aquilo que não pode ser provado. O cristianismo (e derivados), separa opiniões entre aqueles que acreditam e aqueles que não acreditam, ou que deveriam acreditar. A visão socrática mostra que só é confiável aquilo que aponta para a verdade. Acreditar em um erro pode se tornar perigoso - no contexto teológico - e ter consequências temporais. Aqueles que inventam justificativas inadequadas para as crenças abrem caminho para aqueles que desejam substituí-las por respostas coerentes. São chamados de apologistas as pessoas que mostram, de forma coerente, as razões e evidências que aprovam ou desaprovam uma determinada crença em particular.
  Mas, então, quem criou Deus? Essa é uma das perguntas que a maioria dos ateus fazem para desqualificar a existência de "algo superior". A lei da causalidade surge com a ciência, essa tenta investigar de ponto à ponta qual a causa de determinado efeito. É a lei que prevê que tudo que venha a existir precisa de um princípio que o inicie. Porém, o que a maioria das pessoas não sabem é que nem tudo tem uma causa. Apenas o que é criado (efeito de algo) precisará ser causado por outro "algo". Deus não é um efeito, já que não foi criado. E - "já que não foi criado" - a lei de causalidade não se aplica a ele. Como é um ser eterno, esse Deus não teve um começo e, portanto, não teve uma causa.
  Claro, esse argumento pode ser usado contra mim. "Se Deus não tem uma causa por ser eterno, o universo também não precisa de uma causa, já que também é eterno!". Sim, usar isso seria completamente plausível nesse contexto vulgar de eternidade. Ou o universo é eterno, ou algo antes do universo é eterno. A diferença, querido leitor, é que todas as evidências científicas e filosóficas (diminuição de radioatividade e o argumento cosmológico Kalam) desqualificam que o universo sempre existiu. Enfim, ao descartar a primeira hipótese - a de que o universo é eterno - ficamos com a outra - a de que algo fora do universo é eterno.
  Faremos um salto temporal, tratando de algo que deveria ter sido tratado no início. Que religião está correta em relação a Deus? Muitas pessoas querem acreditar que não é racional apontar quem está certo e quem está errado, até porque se o cristianismo for o "correto", todas as outras crenças estariam bem ferradas - já que todos iriam para o inferno! -. Há aquele senso de que todos que acreditam possuir a razão serão incompreensíveis e intolerantes com os que não a aceitam. Com isso nasce a suposição de que todos aqueles que não acreditam que apenas uma religião esteja correta são desocupados. Também há aqueles que dizem não ter verdade na religião, sendo essa apenas questão de opinião e gosto pessoal. Por fim, muitos intelectuais dizem que nenhuma religião seria legítima, já que a única coisa que poderia descobrir "a verdade" é a ciência.
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  É possível que alguém tenha a verdade? Alguns consideram que só é possível ter a "verdade" sendo céticos ou agnósticos, porém o ceticismo e agnosticismo são contraditórios por si só. Essas pessoas afirmam que não se pode fazer afirmações verdadeiras, mas creem que sua visão sobre isso é a correta. Espere, não deveríamos nos questionar sobre essa hipótese? Dizem que a verdade não pode ser reconhecida fazendo uma afirmação verdadeira. Então sim, a verdade existe e pode ser reconhecida. Tá, mas e daí? Quem a possui? Seria possível que todas as religiões estejam corretas? Provavelmente não, já que elas contradizem uma a outra. Mesmo elas tendo bases semelhantes, discordam em praticamente todas as questões principais como ética e moral.
  Definitivamente alguém possui verdade, a questão real é quem não possui. Grande parte das religiões possuem crenças que são verdadeiras, e grande parte delas possuem crenças completamente equivocadas, já que são contrárias umas às outras. Porém, nesse mundo "tolerante" em que vivemos, não é certo dizer quais são as religiões que tem verdadeiros ensinamentos. Bom, isso é irônico. Quem define o que é e o que não é tolerante? A pessoa ou as pessoas que dizem isso possuem a verdade? Não é ignorante julgar se algo ou alguém possui a verdade ou se algo ou alguém pode julgar quem a possui? Definitivamente.
  Chamamos essas pessoas de pluralistas. Esses "pluralistas" são tão intolerantes quanto aqueles que fazem discursos em praça pública, além de hipócritas. Dizem que não devemos julgar a crença alheia, mas o fazem agredindo a crença daqueles que julgam. São os típicos "mente aberta" que dizem coisas bonitinhas sem lógica e as pessoas idiotas caem nessa demagogia. Mal sabem essas pessoas que o pluralismo deles tem julgamento direto sobre a Bíblia; essa ordena aos cristãos que questionem as crenças religiosas. Já que os cristãos tem uma crença religiosa que os diz para questionar as crenças religiosas, os pluralistas deveriam aceitar esse padrão, se não estariam sendo intolerantes - de acordo com o que eles mesmos acreditam ser o correto.
  Infelizmente muitos daqueles ateus que negam haver verdades na religião não são verdadeiramente cegos, mas apenas propositadamente cegos. Há um certo medo que os impede de verem a verdade na religião, o medo de serem convertidos. É plausível que não queiram enxergar a realidade no que abominam, porém isso não torna a religião automaticamente falsa. Devemos abrir os olhos e parar de nos esconder em muros de fé absurdas sustentado por nós mesmos. É como disse o cego curado por Jesus: "Eu era cego e agora vejo".
  Há uma parábola que faz uma ótima alusão sobre isso. Haviam 6 cegos e 1 elefante, cada um fazia sua suposição do que aquele animal poderia ser. O primeiro deles pegou em sua tromba afirmando ser uma serpente; o segundo tocou em sua orelha e indagou ser um abano; o terceiro disse ser uma corda enquanto tocava em seu rabo; o quarto abraçou as patas do animal dizendo que se tratava de uma árvore; o quinto segurou em seu marfim balbuciando assustado, já que para ele se tratava de uma lança; já o sexto desmentiu todos os outros dizendo que era uma parede que se mexia!

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⏰ Última atualização: Jul 20, 2020 ⏰

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