I promise

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Lá estava eu, boquiaberta e com a carta de aceitação de Hogwarts. Não acreditava nisso, não acreditava no fato de finalmente ir estudar na mesma escola que meu pai estudou e até mesmo tornou-se diretor.

Era início de outono, deveria preparar minhas malas para voltar à Londres com minha mãe e irmãs. Já fazia algum tempo que não botava meus pés por lá, desde a morte de meu falecido pai. Sinto falta de meus amigos e dos lugares que costumava frequentar com minha irmã mais velha na infância. Compreendo que em Boston eu já tinha uma vida, já estudei por bons longos anos em Ilvermorny ao ponto de não valer mais a pena ficar somente um ano em Hogwarts. Mas eu e mamãe estamos tão determinadas a encontrar ao menos uma lembrança de papai por lá, é de fato minha primeira e única chance.

- Feliz, querida? - Ouço a voz de minha mãe na porta de meu quarto, o quarto do qual eu nunca esquecerei, mas gostaria.

- Totalmente! - Digo animada. Podia sentir da ponta de meu nariz até o meu dedinho do pé, tudo em mim tremia ao ponto de me lembrar pequenos choques elétricos. - Sinto falta de Londres, sinto falta da vovó, dos meus amigos.

- É bom ouvir isto. Espero que você goste mais ainda quando chegar em Hogwarts. - Ela responde com um sorriso carismático em seu rosto. Apesar de minha mãe ser uma não-mágica, ela nunca me impediu de seguir meu sonho, o sonho de ser como meu pai.

[...]

O vento gelado de Londres batia em meu rosto, finalmente em casa, era o que eu pensava naquele momento. Apesar de já ser outono, Londres estava ensolarada e com um céu azul deslumbrante, nada costumeiro. De fato, era uma boas-vindas brilhante.

Nossa casa em Londres era uma georgian clássica, nada muito fora do padrão da nossa vizinhança. Os vizinhos não eram mais os mesmos e haviam muito mais jovens da minha idade por aqui. As lareiras não estavam acesas, julgando pelas chaminés de meus vizinhos.
Adentrando a grande casa de tijolos, me deparo com nossa enorme sala e muitas fotos de papai espalhadas pelas paredes, nossa foto em família ainda permanecia no mesmo corredor e tudo parecia perfeitamente limpo. Escuto passos apressados no chão de madeira vindo em minha direção. Era ela, minha avó.

- Ashley! - Disse a pequena senhorinha de cabelinhos grisalhos e cardigã rosado. - Minha pequena, você está enorme! Está cada dia mais parecida com seu pai. - Ela sorri.

- Eu estava ansiosa para ver você novamente, vovó! - Digo e abraço a velhinha sorridente. - Como tem passado? Continua preparando seus biscoitos deliciosos?

- Que pergunta, minha menina! - Ela ri. - Tire-os do fogo para a sua velha, irei falar com sua mãe. - Ela sai de cena e então vou até a cozinha.
O cheiro de biscoitos prontinhos exalava o ambiente, tirei eles do forno com cuidado e os deixei próximos da janela, assim como minha avó fazia. Em seguida, fui até meu quarto de prontidão para checar como tudo estava, e para minha surpresa, cada coisinha permanecia perfeitamente como havia deixado há seis anos atrás, aquele mesmo quarto do qual nunca esqueci e jamais gostaria.

Lembrei de uma caixinha de recordações que tinha feito na época e guardado debaixo de minha cama. Ajoelhei no carpete esbranquiçado e procurei pela caixinha e voilà! A caixinha com diversas decorações bregas que qualquer criança de onze anos faria.
Após grande esforço em vão para alcançar a caixa que se encontrava no fundo da cama, quase encostando na parede, tive a brilhante ideia de usar o que me foi ensinando nas aulas de feitiços ao longo dos anos... Afinal, acho que não seria problema testar meu potencial sozinha. – Accio. - Digo baixo, apontando minha varinha para a caixa, que vem em minha direção rapidamente. Abro a caixa sem demora e me deparo com milhares de fotos minhas da época. Dentre todas as outras, encontro uma foto dos meus pais, onde ambos eram jovens e minha mãe estava com uma barriga grandinha aparente. Suponho que a foto tenha sido tirada durante a gestação de Lilian, minha irmã mais velha.
Após devaneios, escuto a voz de minha mãe chamando para o jantar, desço as largas escadas e dou de cara com uma mesa magnífica, mamãe era uma não-mágica, mas com certeza fazia magia na cozinha. Seus pratos eram de encher os olhos e de encher barrigas, o cheiro de comida gostosa exalava a sala de jantar, eu e minhas irmãs corremos rápido para os nossos acentos como se fossemos criancinhas. Esses eram os momentos dos quais senti falta enquanto moravamos em Boston. Lilian era minha irmã mais velha, vivia trabalhando no quarto e jantava por lá mesmo. Chloe era a mais nova, sempre fora de casa, saindo com os amigos e dormindo na casa deles. Desde que papai faleceu, nossa família se tornou muito longínqua, todos em cômodos diferentes em uma mesma casa.

Feel The MagicOnde histórias criam vida. Descubra agora