Prólogo

6 1 1
                                    

Foi naquela manhã de aulas, entre garotos e garotas em que todos falavam do vestido estilo tapete vermelho usado pela rainha do baile passado.
Os ônibus amarelos escolares passavam daqui para ali por todo o lugar da cidade, apenas um colégio de ensino médio na região.
Entre fofocas e brigas, xingamentos e declarações de amor que a encontraram, a rainha do baile da noite passada, Christina Patos era seu nome, como foi dito "ERA" Quem encontrou o corpo foi um pobre coitado de um zelador que mal pagava as contas com o salário que recebia.
Abrindo as portas do ginásio, as mesas ainda cobertas, o sinal havia tocado, alunos de ressaca usavam óculos escuros e maquiagens mais caras possíveis que conseguiram compra antes do baile do terceiro ano.
Roberto Gunzo era o seu nome, não tina diploma, conseguiu o emprego através de um amigo que é familiar da diretora.
Começou limpando e catando os papéis da entrada, havia de tudo, copos descartáveis, papeizinhos usados nós brigadeiros e beijinhos.
O mais surpreendente foi ter encontrado a calcinha de Emilly Pontes. Como ele sabia? O nome estava bordado na parte da frente em uma linha rosa clara e bem fininha.
É cada coisa!
Ele não tinha percebido por causa da rinite que o matava desde da infância, vivia entupido, mal respirava. Mas quando se aproximou da mesa principal onde foram servidos as bebidas e os quitutes.
Havia uma cheiro de fumaça como de algo queimado, ele não soube identificar no momento, a última vez que tinha sentido um cheiro desses foi quando a irmã queimou metade do cabelo na churrasqueira, durante o churrasco de cinco de maio no ano passado.
Ao esticar a cabeça careca um pouco por cima e distante da mesa principal pode ver marcas de queimaduras no chão.
A curiosidade de qualquer ser humano se ativa, se ascende como um cigarro mal apagado em um monte de palhas secas.
O balde cheio caiu no chão fazendo um barulho escandaloso e inundando tudo ao redor com água e sabão.
Era um corpo.
Fino e delicado.
Quase irreconhecível.
Se não fosse a faixa que dizia "Rainha da turma" jogada perto do corpo carbonizado.
A faixa estava completamente intacta.
Não havia vida, pelos, pele, apenas cinzas e faíscas de fogo. O crânio tinha restos grudados que ainda queimavam aos poucos, mas de longe só se via o preto das cinzas.
Nos pulsos e nos pés restos de cordas, o maxilar a mostra, uma cena horrível para uma garota tão linda quanto era a rainha.

Corações FlamejantesOnde histórias criam vida. Descubra agora