Fazia uma tarde ensolarada naquele dia, talvez fosse fim de verão, mas isso não importa. As duas garotinhas estavam sentadas no chão frio, com diversos brinquedos espalhados á sua volta, ambas imersas na pequena fantasia delas.
Elas montavam cenários, moviam as bonecas e imaginavam sobre o que falavam, sem se importar com o que passava por elas.
Você deve se perguntar, o que passava por elas?
E eu te responderei: o tempo.Sem perceberem, as garotinhas envelheciam juntas, rindo e criando memórias. Sem preocupações ou angústias, aquela era a terra do nunca particular delas.
Ir para a escola era moleza, cheias de outos amigos e professores legais as garotinhas aprendiam coisas novas com muito entusiasmo. Pintar e desenhar, ouvir histórias e brincar de pega-pega no pátio, cresciam mais e mais cada dia.E então, de uma hora para outra (ou talvez de uns anos para outros), as garotinhas não podiam mais ser chamadas assim. Agora já tinham mais idade, agora gostavam de ser chamadas de "moçinhas", agora descobriam outros gostos além das bonecas e tudo o mais. Ainda sim, estavam juntas.
Infelizmente, o inverno chegou.
Acredito que nenhuma das suas imaginou que algum dia poderiam estar tão perto e ainda assim, tão longe. Seria umm inverno rigoroso.
Bom, eu só posso contar sobre uma das garotinhas agora heh.Aquela garotinha tinha medo. Muito medo.
Medo de que a outra garotinha achasse alguém melhor e esquecesse dela. Doía pensar naquilo, mas ela sabia que podia acontecer.
Naquela mesma época, outras angústias passaram a aparecer. Escola, família, futuro...sentia falta de sentar no chão frio e rir por uma tarde toda, sem se preocupar com quantos trabalhos precisava entregar ou quem queria ser quando crescesse. Queria aquilo de volta. Queria muito.
Mas não havia mais volta. O tempo passara e guardara esses momentos em sua bolsa, os levando embora, os deixando vivos apenas na memória das garotinhas. O tempo era cruel.Talvez ele não fosse tão cruel assim, ela pensaria daqui á uns anos, lembrando-se do fatidico dia em que mandara a letra de uma música para a outra garotinha. De certa forma, aquela música falava sobre algo parecido com a situação daquelas duas. A música falava sobre estar á muito tempo sobre o frio inverno e sobre agarrar a mão de alguém e dar um fim àquela estação. Pois "nenhuma estação, nenhuma escuridão, é para sempre".
Naquele dia, aquela música falava tudo que a garotinha não conseguia dizer para a outra. Mas "ela já sabia daquilo tudo, pois era sua melhor amiga".Pouco tempo depois disso, ambas se viram novamente. E, por mais incrível que pareça, nada parecia ter mudado. É claro, ambas estavam mais velhas e sabiam de mais coisas, eram diferentes das garotinhas que passavam tardes inteiras fantasiando sobre diversas coisas mas, ao mesmo tempo, eram as duas garotinhas de novo. A brincadeira havia acabado, mas aquilo que elas tinham, não.
Agora, se me permite dizer, a parte mais engraçada dessa história é que ambos os lares das garotinhas eram próximos e do mesmo jeito, passaram um grande tempo sem se ver. Nesse caso, eu digo, o problema não era a proximidade física delas e sim, a dos seus corações.Oh! Mais uma coisa.
Hoje, 22 de julho, é o aniversário de 16 anos de uma das nossas personagens, sabia?
[Feliz aniversário, minha garotinha 💕 Eu te amo muito, heheh]