O Sentimento De Início

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Olá!! Querido diário.

Estou aqui, tentando começar algo novo. Bom, nem sei como começar algo aqui. Mas, ela disse que é necessário, então vamos tentar.

Bom, o primeiro passo todos esperam que me apresente, você espera por isso.

- SHII!! Mais uma vez fiquei perdido aqui, chega disso, por hora.

Meu caro diário ou futuro diário me chamo John (ou assim, queira eu, que você me chame), mas seguindo a linha do carretel, me chamo John, tenho 23 anos, sou gay (é estranho falar isso em voz alta, você vai entender).

Antes de começar, tenho que falar um pouco do porquê estou aqui contigo.

Se prepara, porque é uma longa viagem.

Longos e longos anos atrás... Lá quando eu tinha meus 15 anos. Muitos dizem que é a idade ouro. Mas, ao meu ver foi uma grande prova de superação.

- Tá eu sei, não precisam falar ou pensar, sei lá. É CLARO!! Só sei disso hoje.

Continuando, quando tinha 15 anos (aquela idade de transição), morava em uma pequena cidade do interior, juntamente com meu irmão mais novo e meus pais.

Cujo qual, meus pais sempre foram muito preocupados com o nosso futuro. E isso, tinha uma grande influência e peso sobre mim.

Num belo dia, ouvimos falar de um projeto de incentivo à jovens para adentrar no mercado de trabalho. (Vocês sabem aquele jogo de marketing de venda de cursos profissionalizantes né?)
Era mais um desses.

Minha mãe então caiu logo na ideia de incluir seus filhos em um curso profissionalizante que acarretaria um ótimo diferencial ao currículo deles, é assim foi feito.

Poderia aqui falar também, do tanto que foi difícil convencer meu irmão a entrar nessa jornada comigo. Afinal, eu era o mais velho tinha que dá o exemplo. Mas, esse ainda não é o intuito da história meu querido.

Após todo esquema formado e certo para aquele bendito engano de oportunidade curso, iríamos começar no referido jogo.

Para minha surpresa (minha vida sempre foi assim), aquele curso ia desencadear muito em mim, além do meu lado profissional.

Já no cursando o grande e espetacular  curso profissional, tive uma queda de realidade.

Para explicar,  eu sempre fui o garoto retraído, o menino do fundo da sala ou da frente da sala de aula na minha. E, sempre que eu pensava em algo afetuoso como relacionamento eu travava, eu surtava, eu fugia. Nunca soube bem o porquê, até então.

Desde de criança sempre fui aquele menino meigo, amigo das meninas, a vergonha dos meninos. Com a adolescência, tentava afastar isso de mim. Tentava sempre mostrar que tinha algo a mais.

Forçava tanto meu consciente. Precisava mostrar que era inteligente, responsável e a frente do meu tempo. Mas, a minha ficha iria cair.

Voltamos ao curso. No decorrer daquela experiência de ensino. Tinha algo que me incomodava. Ficava muito tenso, rígido e até com medo, sempre achando que algo estava acontecendo de estranho.

Num belíssimo dia, eu lhe notei. Percebi que você me notava. Era seus olhos me fitando que me causavam aquele sentimento estranho e acumulado.

Esperando na recepção da instituição, você veio até mim. Mas, de cara notou que eu não queria aquele aproximação, tinha medo.

Então, você usou da jogada de mestre, que futuramente iria descobrir que era só uma delas.

Você teve audácia de se aproximar do meu irmão, com aquela historinha de jogos, aquele papo de nerd de Internet.
Mas, seus olhos não estavam nele, estavam em mim, eu sabia.

- Olá, sou o Karlos. - Essas suas palavras ecoavam na minha cabeça, materlavam meus pés e me faziam bambear.

Você tinha conseguido encantar meu irmão, vocês já eram amigos.

Dia após dia, vocês estavam ali sempre conversando. E você se aproximava cada vez mais e mais. Até que um dia, você estava sentando do meu lado e após inúmeras conversas, trabalhos, eu não sentia mais medo. Esse sentimento de não sentir medo me perturbava.

Não conseguia mais, não dava. Não conseguia mais pensar em nada, contava as horas pra estudar no curso, ou melhor para lhe ver.

Antes mesmo de notar eu já estava conversando com você, sobre GTA, sobre Naruto, sobre Rock, sobre séries.

Os nossos gostos eram compatíveis o que era estranho. Sempre te vi como um predador que não tinha nada haver comigo. Tá, eu não tava tão errado assim.

Com o passar do tempo, eu já falava "oi Karlos, Tchau Karlos" e você sorria se deliciando com aquilo, se deliciando com o prazer de ver eu adentrando em suas garras.

Daí, meu queridissimo irmão deu o check mate. Lhe convidou pra jogar vídeo-game. Onde você claramente aceitou.

Com sua visita, meus pais sempre muito calorosos foram todo receptivo com você, lhe deram conselhos de profissão, o que tornava tudo muito estranho. Eles mal sabiam o que vinha pela frente. Eu não sabia.

Meu irmão adorava você, adora você. Eu só queria que os pensamentos parassem, eu não podia, era errado, era pecado.

Você percebeu que tinha algo me perturbando.

Quando notei seus dedos já estavam em minha mão, perguntando se eu estava bem.

Não conseguia lhe responder. Só sabia lhe dá um meio sorriso, e assim ficamos, pelo menos por enquanto.

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⏰ Última atualização: Jul 23, 2020 ⏰

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