tattos

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Observo as páginas do meu livro de química a voarem de um lado, uma simples neblina empurra as folhas.

Será que a vida pode ser comparada a meras páginas de livro.

O meu gelado derrete lentamente a mistura do gelado de pastilha com o gelado de baunilha cria uma imagem cósmica e intergaláctica.

- Tive um 17 no teste graças a ti. - ele deposita o teste na mesma e ataca o seu gelado.

- Mark! - os seus olhos vem de encontro com os meus. - Foste tu. - sorriu para ele.

- Para. - ele faz um gesto com as mãos e deposita a taça de gelado na mesa de inox da pequena geladaria. - Já agora precisas de mim para quê.

Abro um sorriso psicopático com ele.

Entramos no estúdio de tatuagem e cumprimento Luize.

O movimento estava lento e calmo, a música de rock ecoava das pequenas colunas dispersas pelo cubico. O som constante de uma bolha de pastilha elástica ecoava e cada vez mais tentava sobrepor ao das colunas.

A dona daquela pastilha estava sentada e folhava uma revista cor de rosa típica das adolescentes.

Mark observava o local todo curioso e mexia nas estatuetas do balcão.

- Se ela cair tu pagas. - ele fica atómico e observa Luize com um certo fascínio. - Podes para de olhar para mim. - ela diz sem tirar os olhos do ecrã do computador.

- Desculpe. - ele diz e volta para perto de mim.

Enquanto isso checo a minha lista de cliente, no telemóvel, para hoje só tenho duas pessoas.

- Vamos. - seguro a minha mochila e chamo Mark.

- Calma aí.

Paro no meio do piqueno corredor que da para as cabines.

- Vais fazer alguma tattoo? - apenas empurro os óculos. - Sabes que a tua mãe não iria gostar.

- Ele trabalha aqui. - Mark olha para Luize e depois para mim.

- O quê!!!!

- Vamos Mark, Luize podes mandar os meus clientes entrar.

- Ok. - ela balança os seus cabelos azuis de acordo com o ritmo da música.

Entramos no cubico, era perfeito e calmo.

Uma parede era de tijolo as outras de um azul e vermelho com quadros bem aleatórios, uma secretaria e um armário com tudo que eu preciso e uma cadeira para os torturados e uma para o torturador, eu.

- Senta Mark. - sento na minha cadeira e dou palmadas na outra de forma que ele entenda.

- Tas louco nê, não posso chegar com uma em casa senão eu morro. - ele nega, mas acaba sentando. - Mas doi tanto?

- Como é que te tornaste popular na escola? - encaro ele que parece tentar lembrar. - Esquece.

Conversamos ate o primeiro cliente chegar e depois o segundo e assim fecho a minha agenda.

No final da tarde deixo Mark em sua casa e conduzo ate ao meu prédio.

Cumprimento o porteiro e vou para o elevador assim que as portas se fecham uma mão com unhas pintadas a cor de rosa choque impede o processo das mesmas e Catlyn Brown.

Já disse que odeio essa miúda, é tao irritante, idiota, chata, intrometida, inconveniente e..ee..aff ate fico sem palavras.

- Pensei que fosses morar na casa dela para sempre.

Ela se encosta a parede do elevador e solta os seus cabelos que antes estavam presos.

- Podes me tratar mal em todos os lados, mas aqui não, Yohan, só estou curiosa para saber como é a tua cara debaixo desse capuz e dessa franja de cachos.

Os seus longos cílios postiços batem na pálpebra centenas de vezes.

3º andar.

- Vais queixar aos teus paizinhos. - Olho para ela. Cruzo os braços e empurro os meus óculos. - Deixa adivinhar Pai o primo da minha melhor amiga é um grosso sem coração. - Ela olha para mim estupefacta.

5º andar.

- Sim ando sempre com capuz e tal, sou misterioso, conheço monte de gente que não é da escola, mas sou nerd. - Dou um longo suspiro como se ele estivesse preso durante muito tempo. - E dai Catlyn, e dai??

6º andar.

As portas se abrem, mas ninguém se move.

- Baza. - digo e ela sai sem olhar para mim.

Será que fui muito grosso, estou nem aí.

10º andar.

Saiu e ando pelos corredores longos ate a porta 1022, antes de por o corpo para dentro do apartamento ouço um barulho no apartamento ao lado.

Olho para os lados e não avisto ninguém.

Curioso como sou vou ate a porta do lado e bato, mas ninguém responde. Os barulhos continuam, mas ignoro.

Cada vizinho com a sua pancada noturna.

Eu em.

Assim que entro no meu apartamento tiro toda roupa ficando apenas de calças. Pego o meu cigarro e vou para a varanda.

Tiro do bolço o meu telemóvel e encontro uma 20 ligações de Tyana mas ignoro.

Foda-se o mundo.

Fuck your dickOnde histórias criam vida. Descubra agora