Roberta

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Obra em degustação, apenas um capítulo disponível. Para adquirir a obra completa mande um e-mail para catarinalmeida@yahoo.com

É um começo de tarde ensolarado e quente, Agnes caminha quase tropeçando no próprio estômago faminto até o restaurante em frente à universidade. O lugar parece suspeitosamente vazio enquanto ela segue pela fita de segurança até o caixa, a mulher entediada do outro lado encara o pequeno televisor LED e Agnes encara o cardápio recheado. Seu estômago ronca e seus bolsos estão vazios, algo dentro de si exclama que mais alguns minutos de barriga vazia e ela poderia ter uma queda de pressão com direito a visão escura e pernas bambas. Repreendendo seu estômago, a estudante pede um sanduíche simples enquanto puxa sua última nota de dez reais para aquela semana, o dinheiro da bolsa tinha voado com às despesas do aluguel e os remédios que precisou comprar no começo da semana.

Aguardando seu sanduíche ser feito, a menina retirou o aparelho quase descarregado do bolso frontal e tentou visualizar as mensagens do grupo de pesquisa, torcendo internamente para aquela reunião de amanhã ser adiada. Tinha uma prova, e muito pouco tempo para conciliar os estudos com seu grupo de pesquisas. Precisava colocar o sono em dia, já faziam dias desde que ela conseguiu pregar os olhos de forma completa, durante uma noite inteira. Também precisava trocar aquele colchão gasto, e adquirir uma cadeira que não a deixe com dores de coluna por longos dias. Era doloroso perceber que metade dos seus problemas seriam resolvidos com um pouco mais de dinheiro.

"Doze reais." A atendente informou quase chateada, Agnes congelou no lugar como uma estátua de mármore cansada, encarando sua única nota de dez reais estendida sobre o balcão. Seus cabelos escuros começaram a pinicar sobre sua cabeça e seu estômago voltou a reclamar, ela estava ensaiando mentalmente um pedido de cancelamento, olhos quente queimavam suas costas e sua cabeça latejou apenas com a vergonha na qual teria que passar. Antes que a jovem pudesse dizer alguma coisa, uma nota de vinte reais foi colocada sobre o balcão, uma mão delicada e com veias aparentes sobre os dedos bonitos.

"Isso deve cobrir." A voz que ressoou atrás de si fez cócegas sobre sua nuca, como um vento gelado resvalando sua epiderme morna. Agnes virou-se para protestar diante da generosidade de uma desconhecida, mas as palavras morreram em sua garganta e um gemido rouco quase deixou seus lábios.

A desconhecida era apenas a criatura mais elegantemente sensual que já tinha colocado os olhos, talvez em toda sua vida. Era uma mulher muito mais velha, os cabelos loiros quase chegavam em um tom de branco. Seu rosto escultural tinham aquelas pequenas rugas nos cantos dos olhos, assim como no repuxar dos lábios e Agnes quase perguntou as divindades se aquele era alguma espécie de teste. O vestido preto parecia ser de alfaiataria pelo corte quadrado, mangas curtas e decote largo, a seda do casaco fino sobre seus ombros brilhava contra os raios de sol até seus joelhos expostos e seus sapatos tinham saltos de veludo. Até mesmo os brincos de pedraria faziam as pernas de Agnes tremerem, havia aquela pequena coisa sobre mulheres de meia idade, e havia aquela pequena coisa sobre mulheres ricas. Essa desconhecida é a junção perfeita de ambos.

"Eu..." A estudante subitamente percebeu que estava dando um indiscreto olhar sobre a mulher, mas em seu atual estado de cansaço e fome, não é como se ela pudesse controlar algum impulso do seu corpo. "Você não precisa." Afirmou, incerta. Seu estômago gritava um agradecimento, sua cabeça parecia desconcertada.

"Não é nada, querida." A desconhecida anunciou, um sorriso suave deslizando contra o pigmento do batom carmim. "Pode me dizer o que é bom aqui?" Pediu, dando um passo para frente e escrutinando o cardápio fixo com olhos curiosos, seu vestido esticou-se contra seus seios e a estudante tentou não demorar seus olhos ali, falhando miseravelmente. Quando voltou seus olhos para o rosto bonito, os olhos cor de âmbar estavam sobre si, um par de sobrancelhas arqueadas e um sorriso sutil.

De joelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora